quarta-feira, 15 de julho de 2009

LANÇAMENTO VIRTUAL DO MEU NOVO LIVRO PESADELO PRIMITIVO POESIAS REUNIDAS 1987-1990


Acompanhe aqui a partir de hoje o lançamento virtual do meu novo livro Pesadelo Primitivo - Poesias Reunidas 1987-1990. As poesias anteriores estão nas postagens anteriores a esta.


21.CONFLITOS

Milhares de palavras
Jogadas ao vento
Milhões de bobagens
Atiradas em vão.

Tantas idéias
Na dança do meu pensamento
Ficaram em mistério
Durante algum tempo.

E você nem sentiu o perdão
Dado pelos deuses da aflição
Você nem previu a solidão
Em vez de dizer sim disse não.

Andando sozinho eu sigo calado
Kerouac sem destino sonhando acordado
Meio perdido, não sei qual o lado errado
Um estranho no ninho, não sei se há um culpado.

Culpado por tudo
Que houve até aqui
Pedindo desculpas
Por estar entre nós.

Talvez seja tarde
Pra reagir
Às loucuras e medos
De estarmos a sós.

Criei conflitos
E espero enfrentar
Já ouvimos os gritos
Já podemos gritar!

20. CERTEZA DA RAZÃO

Andei revendo meus passos
Andei bebendo de novo
Mas já voltei do espaço
Já me lembrei do seu rosto chorando.

Envelheci meu retrato
Agora eu sei foi por pouco
O que ficou da minha terra em transe
Já se perdeu no meu mundo maluco.

E toda vez que eu olho nos olhos
Vem a certeza da razão que encontrei.

Fiquei trancado no quarto
Fiquei olhando pros posters
E as paredes falaram
E me refizeram de louco.

E quantos dias passaram
E que notícias chegaram
Do outro lado da noite
Ouvimos passos e rock n´ roll.

E toda vez que eu olho pra fora
Ainda resta a estória pra contar pra vocês
Pra cantar outra vez...

19. ÃNTES DE NÓS

Se agora estou sozinho
E ando sem caminho
O que resta hoje
Faz parte de você.

Já não faz sentido
Buscar os tempos idos
E ver que os nossos gritos
Jamais foram ouvidos.

Só agora compreendo
O que já ficou pra trás
Tudo aquilo que me lembro
E que já não volta mais.

Nem agora eu te entendo
Quanto mais ãntes de nós
Vivendo e aprendendo
Sobre o brilho de mil sóis.

Veja como é tarde
E como arde te dizer amor
Me assusta a verdade
E a cidade com esse céu sem cor.

Veja como é cedo
E me dá medo te dizer amor
Me assusta o pesadelo e os velhos erros
Cometidos sem rancor...

18. DEPOIS DESSA NOITE

O mundo é coberto de fantasmas do passado
De pessoas nobres e plebeus purificados
À procura de seu Deus assassinado
Com a ternura de um jovem soldado.

Se alguém esquece que a vida é passageira
Quando o dia amanhece numa vã segunda-feira
É preciso muito mais pra entender o outro lado
Os castigos pelos quais você já deve ter passado.

Os rumos no deserto são incertos e errados
Friamente está perto o que estava anunciado
O frio do sol nascente e os segredos de estado
O brio dos inocentes e o sangue frio dos culpados.

É tão claro e evidente quanto um grito sufocado
A dor de tanta gente e o odor inesperado
A cor dos poluentes e o amor amordaçado
O terror que franze o cenho e o Sendero iluminado.

Não não se assuste
Com a juventude que eu herdei
Meus passos podem ser curtos
Mas meus espaços não dependem de leis.

Não não me julgue
E nem pergunte o que eu não sei
As luzes são refúgios imperfeitos eu pensei
Que pudesse te dizer mas eu chorei
E escurece cada vez mais outra vez.

E depois
Depois dessa noite
Acharemos a noite sem fim
Acharemos a noite
Sem final feliz.

17. A FLOR URBANA DO JARDIM DA IDADE DA PEDRA

A rebeldia é um sintoma
A fantasia é no cinema
Cidadania que ainda ronda
A pré-história do problema.

Lei desumana que me doma
Deus e o diabo o dilema
Devo dizer que ainda ama
Aquele que não viu a cena.

Quem é que entende
E só depende e se defende
Como se não ouvisse
E quando quisesse chamar
Mesmo que eu te traísse
Com certeza poderia voltar?

A violência e flor urbana
No jardim da idade da pedra
Desceu do céu como uma bomba
Bandos de fiéis em pé de guerra.

A burguesia que te zomba
A tirania tiro e queda
Na busca do prazer o perigo em coma
São os três lados da moeda.

Quem se surpreende
Quando aprende e compreende
Como se descobrisse
Além do que pudesse explicar
Como se possuísse a seus pés
O mistério estelar.

16. URBANOS

Vou levar comigo as lembranças
Vou partir sozinho sem entender
Verdes anos ventos de mudança
Me levaram longe de você.

Quanto tempo espera quem alcança
Quase nunca eu pude te dizer
Que algo estava errado nessa dança
Demoramos tanto pra aprender.

Sempre que apagava a luz do quarto
Já era noite alta e eu também
Sabia estar a mais do que dois passos
Desde quando nossos olhos já não vem.

Mesmo que você sinta saudades
Tente entender o que passou
Precisamos crer criamos grades
Entre nós e entretanto o que ficou?

Mas agora nessa hora
Onde mora o perigo
E eu nem sei em qual estação
Vou seguindo sem saber...

Nós somos tão vulneráveis
Que não temos mais medo da morte
Porque apesar de tudo ainda nasce
O desejo de contar com a sorte.

Somos urbanos e frágeis
Seres humanos que fogem
E pelos cantos se esquecem
À flor da idade e tão jovens...

15. A PERDA

O começo do começo
O regresso já bem tarde
Por um momento eu esqueço
O remorso então me arde.

O retorno a esse berço
Revisito a puberdade
Me escondo no espelho
Me olhando na verdade.

Eu me perco do seu cerco
E a falta traz saudade
Escureço e me guarneço
Me protejo dos seus lábios.

Cai uma chuva química
Há delírio quando eu falo
Regurgito as tuas cinzas
Dou um grito e me calo.

Um animal semi-morto
Arrependido não se esquece
Um rito tribal e louco
O perturba e o adormece.

A raiva e a paixão
A dor e o prazer
Se reencontram onde estão
Se embriagam sem querer.

Tantos sorrisos
Numa noite cálida
Risos indecisos
Cheios de lágrimas.

Desejos banidos
Pelos telefonemas
Dos rostos apodrecidos
Lembranças apenas.

O que os loucos pensam de mim
A minha obsessão é doentia e sem fim
Por você.
O que você pensa de mim
Se o seu rosto era só ilusão
A noite dança por ti
Amanhece e sem razão
Olha o clarão!

Sobre um pedestal bem alto
Me escondi e me contento
Sobre um pedestal bem alto
Já perdi muito tempo.

15. MENINOS DA PAZ

Eu sei que nada é perfeito
Nem deuses nem super-heróis
No céu diante da guerra
Ainda nasce o sol.

Mais uma vez
Mais uma voz
Novamente somos nós
Os mesmos de sempre
Os meninos da paz.

Não sei se são os mesmos gritos
Daqueles que nunca mais
O mistério ainda sobrevive
Ao inverno que congela o cais.

Desconhecido frio demais
Adormecido e solitário.

Infelizmente
Há tempos atrás
A dor que sentes
O vento ainda traz.

Em homenagem aos milhares de soldados japoneses de 12 a 16 anos que
morreram em honra ao Imperador na Batalha do Pacífico na II Guerra
Mundial.

14. ANJA

Anja você anda sozinha
Mas não vive sem ninguém
Esperando em cada esquina
A morte que ainda não vem.

Anja você tem problemas
Iguais aos de sua mãe
Acordada toda noite
A angústia lhe cai bem.

Anja você ta sem grana
Mas não sabe a dor que tem
Anja já foi encontrada
E ouvi dizer que não vai bem.

Anja é só uma criança
Que não dá notícias suas
Anja é só uma lembrança
De quem viu a face pura.

Anja é só uma herança
Deixada pela traição
Como se fosse vingança
Como se fosse paixão.

Anja hoje eu vi o seu rosto
Mas não sei o que eu senti
Uma carta veio de longe
E eu quase não abri.

Comentários tão curtos
Me disseram que tudo
É tão triste e escuro.

Solitários e sujos
Os caminhos do mundo
Te cortaram os pulsos.

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