quarta-feira, 8 de abril de 2009

A PAIXÃO DE CRISTO: POR QUÊ?


Por que Jesus derramou Seu sangue na cruz?


"Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pela vossa alma, porquanto é o sangue que fará expiação [um sacrifício que paga a culpa] em virtude da vida" (Levítico 17.11).
"Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue, não há remissão [perdão dos pecados]" (Hebreus 9.22).
Por que a crucificação foi tão traumática?
"Certamente, ele [Jesus] tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões [pecados] e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados" (Isaías 53.4-5).
De quem foram os pecados que pregaram Jesus na cruz?
"Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade [pecado] de nós todos" (Isaías 53.6).
A morte brutal de Cristo foi profetizada?
"Como pasmaram muitos à vista dele [Jesus] (pois o seu aspecto estava mui desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua aparência, mais do que a dos outros filhos dos homens)" (Isaías 52.14).
Obediência
Por que a crucificação de Cristo foi necessária?
"E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado [na cruz], para que todo o que nele crê tenha a vida eterna" (João 3.14-15).
O que Jesus quis dizer ao clamar "Está consumado!"?
"Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo [templo], não feito por mãos, quer dizer, não desta criação, não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção" (Hebreus 9.11-12).
Jesus é o único caminho para Deus?
"Respondeu-lhe Jesus. Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (João 14.6).
O que Deus pensou da crucificação do Seu Filho?
"Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos" (Isaías 53.10).
Perdão
Qual foi o resultado do derramamento do sangue de Jesus?
"No qual [em Jesus] temos a redenção [resgate da culpa do pecado], pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça" (Efésios 1.7).
Por que a crucificação de Cristo é importante?
"Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito" (1 Pedro 3.18).
O sacrifício individual de Cristo é suficiente?
"E ele [Jesus] é a propiciação [satisfação da justiça de Deus] pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro" (1 João 2.2).
O sacrifício de Cristo deve ser repetido?
"Assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação" (Hebreus 9.28).
Por que a cruz provoca divisões?
"Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus" (1 Coríntios 1.18).
Sua resposta
Qual será a sua decisão em relação a Jesus?
Essa é uma pergunta que apenas você pode responder. Deus lhe dá o privilégio de conhecer Seu plano completo de salvação. Ele lhe oferece a vida eterna através daquilo que Jesus Cristo fez por você: Ele morreu [pelos seus pecados], foi sepultado e ressuscitou [para lhe dar nova vida]. Você admite humilde e submissamente diante de Deus que necessita de Jesus Cristo em sua vida?
"Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai" (Filipenses 2.9-11).
Como você pode responder a Jesus?
Volte (arrependa-se): "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados" (Atos 3.19).
Confie (creia): "Responderam-lhe: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa" (Atos 16.31).
Receba (obedeça): "Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome" (João 1.12).


"Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres" (Mt 26.39)
Jesus estava disposto ao sacrifício
Jamais poderemos avaliar a profundidade dessa oração de Jesus no Getsêmani. Não que Jesus não quisesse seguir o caminho da morte como Cordeiro de Deus. Nesse sentido Ele já tinha tomado Sua decisão, que anunciou previamente aos Seus discípulos: "Eis que subimos para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte. E o entregarão aos gentios para ser escarnecido, açoitado e crucificado; mas, ao terceiro dia, ressurgirá" (Mt 20.18-19). Nessa única frase Jesus predisse de maneira compacta todos os acontecimentos da Paixão e da Páscoa. Através da Sua concordância com a vontade de Deus em seu aspecto mais central, Ele mesmo tornou-se o centro da vontade divina.
A salvação da humanidade tem seu fundamento na concordância de Jesus em caminhar em direção ao Calvário. Para Ele e o Pai não havia outro caminho para a salvação de pecadores ímpios. Mas esse caminho tinha de ser assim tão penoso e horrível para o amoroso, puro e inocente Filho de Deus? Gostaríamos de tê-lO poupado desses grandes sofrimentos! Seu discípulo Pedro também pensava assim: "E Pedro, chamando-o à parte, começou a reprová-lo, dizendo: Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá. Mas Jesus, voltando-se, disse a Pedro: Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens." (Mt 16.22-23). Esta passagem mostra de maneira extremamente nítida o abismo, provocado pela queda, entre a forma de pensar humana, afetada pelo pecado, e os desígnios de Deus. A maneira humana de pensar, que ficou sujeita à influência de Satanás, rejeita caminhos de sofrimento. Temos de aprender a pensar conforme a maneira de Deus, da forma como ensinam as Escrituras. Foi a vontade de Deus que Seu Filho bebesse até a última gota o amargo cálice do sofrimento, suportasse o maior escárnio e as mais profundas dores físicas e emocionais. E Jesus concordou com esse caminho, dizendo "Sim, Pai!" Somente esse caminho levava à nossa salvação e à Sua maior glória e plenitude de poder. Por mais profundamente que uma pessoa tenha caído, se pedir perdão pelos seus pecados, recebê-lo-á. Jesus não oferece uma graça barata, sem valor, porque conquistou-a com Seu sangue. E qual foi a resposta que Deus, o Pai, deu a Seu Filho quando este orou: "...todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres"? – Nenhuma! Deus se calou nessa hora. Não houve mais resposta. Essa foi a provação mais forte pela qual Jesus teve de passar: não receber mais resposta de Deus quando mais precisava dela. Jesus poderia ter desesperado nessa hora; Ele, que sempre foi um com o Pai, que podia dizer: "eu sabia que sempre me ouves" (Jo 11.42). Deus se calou, e o Filho seguiu pelo caminho do sacrifício mesmo quando a comunicação com o Pai foi interrompida. Não podemos avaliar o significado mais profundo desse fato. Uma missão assim tão difícil só podia ser confiada ao Filho amado de Deus. E Ele seguiu esse caminho por amor a você e a mim. Só dessa maneira Deus pôde salvar as pessoas da impiedade delas. Nessa hora, nossa salvação estava em jogo.
Representação profética do sacrifício de Jesus
Sacrifício significa duas coisas:
– Comunhão de quem faz o sacrifício com Deus.
– Homenagem, gratidão e expiação.
Percebemos isso já nos sacrifícios oferecidos por Caim e Abel. O sacrifício sincero agrada a Deus, o sacrifício insincero é rejeitado por Ele. "Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não desprezarás, ó Deus" (Sl 51.17). "Porém Samuel disse: Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros" (1 Sm 15.22). Jesus honrou a Deus com obediência, e com Sua vida ofereceu um sacrifício perfeito: "muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!" (Hb 9.14).
Abraão
Deus testou a sinceridade e fidelidade de Abraão pedindo que ele sacrificasse em holocausto seu filho Isaque, que Abraão amava e que Deus havia dado a ele, cumprindo Sua promessa. Será que isso significava que Isaque deveria ser morto e queimado no fogo? Sim, foi exatamente o que Deus pediu a Abraão. Abraão não consultou ninguém, nem mesmo sua própria esposa Sara, que havia dado à luz a Isaque, mas pela fé foi a Moriá com seu filho Isaque, "porque considerou que Deus era poderoso até para ressuscitá-lo dentre os mortos, de onde também, figuradamente, o recobrou" (Hb 11.19). Esse foi um dos mais importantes "tipos" proféticos, pois aponta para o Calvário. O sangue de Isaque não precisou correr em Moriá porque Deus falou a Abraão: "Não estendas a mão sobre o rapaz e nada lhe faças; pois agora sei que temes a Deus, porquanto não me negaste o filho, o teu único filho" (Gn 22.12). Ao invés de Isaque, um carneiro teve que morrer em seu lugar.
A atitude de Abraão revela seu caráter, seu coração. Se você ou eu tivéssemos estado em seu lugar, como teríamos agido? Um sacrifício legítimo não é uma cerimônia superficial, que não custa nada! Do mesmo modo Isaque, que se deitou para ser sacrificado, é uma representação profética simbólica de Jesus, que voluntariamente derramou Seu sangue por nós no Calvário. Isaías viu isso profeticamente: "Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca" (Is 53.7). Abraão é um símbolo de Deus, o Pai, e Isaque simboliza Jesus Cristo. Meditar sobre o sacrifício vai nos mostrar mais claramente o profundo significado da salvação e vai conduzir-nos à adoração. O objetivo de Deus é conduzir à vida através da morte.
O sangue nas portas
Antes da saída de Israel do Egito, Deus ordenou aos hebreus que sacrificassem um cordeiro sem defeito. Ele devia ser macho de um ano de idade, e as vergas e ombreiras das portas tinham de ser aspergidas com seu sangue. "O sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; quando eu vir o sangue, passarei por vós, e não haverá entre vós praga destruidora, quando eu ferir a terra do Egito" (Êx 12.13). Também esse é um "tipo" profético de Jesus, o Cordeiro de Deus que morreu no Calvário.
A cruz como símbolo do sacrifício
Hoje em dia usa-se com orgulho uma cruzinha delicada, se possível de ouro, como enfeite e adorno pendurado no pescoço. Quem o faz, poderia usá-la com alegria, se debaixo da cruzinha batesse um coração em que Jesus habita. Em certos lugares, cruzes artisticamente moldadas são usadas como decoração. Mas, quem lembra atualmente que esse símbolo foi instrumento de tortura e execução? Só os piores criminosos condenados à morte eram dependurados ou pregados em uma cruz, como alerta e sinal de sua rejeição. Ela também lembra da crueldade humana. Poucos dos que usam cruzes como adorno se lembram do pavor desse tipo de pena de morte. Deus diz em Deuteronômio 21.23: "O seu cadáver não permanecerá no madeiro durante a noite, mas, certamente, o enterrarás no mesmo dia; porquanto o que for pendurado no madeiro é maldito de Deus; assim, não contaminarás a terra que o Senhor, teu Deus, te dá em herança." Gálatas 3.13 repete: "Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro." A cruz é símbolo de maldição? Sim, é o que diz a Sagrada Escritura. Mas devemos observar todo o texto de Gálatas 3.13, pois a cruz é também símbolo de salvação: "Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro)." Gravemos profundamente em nossos corações: Jesus levou voluntariamente sobre Si na cruz a maldição do pecado, que deveria cair sobre nós. Lá, onde nós deveríamos estar dependurados, Jesus esteve em nosso lugar, pagando o preço da nossa salvação. Assim fomos libertos da maldição. Em 1 Pedro 2.24 lemos o mesmo com as seguintes palavras: "Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados." Mas Ele não o fez apenas simbolicamente, Ele o fez de maneira real. Ele o fez por todas as pessoas, para que ninguém tivesse de se perder, a não ser quem rejeitar essa oferta. Jesus teve de fazer esse sacrifício porque todos os incontáveis sacrifícios de animais na Antiga Aliança não podiam tirar os pecados, mas apenas cobri-los. Já que a expiação de nossa culpa exigiu um preço tão elevado, nunca conseguiremos levar o pecado suficientemente a sério, realmente temos de odiá-lo e evitá-lo! Jesus, com Seu sacrifício no madeiro maldito, cumpriu o que havia prometido: "Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas" (Jo 10.11).
Estamos dispostos ao sacrifício?
Jesus ofereceu-se em sacrifício voluntariamente. Ele não vacilou, mas seguiu Seu caminho firmemente decidido: "Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres" (Mt 26.39). Jesus espera de Seus seguidores essa mesma disposição ao sacrifício. "Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos" (1 Jo 3.16). Tão longe pode ir a exigência de Jesus a você ou a mim, e ela não deve ser atenuada. Mas só Ele sabe de quem pode exigi-lo em cada caso concreto. Sabemos de pessoas em prisões que, sob ameaças de morte, deveriam delatar outros cristãos e mencionar os nomes de seus irmãos na fé, mas que permaneceram firmes e não os denunciaram. Perguntemo-nos: quão genuíno é nosso amor a Jesus e a nossos irmãos no Senhor?
Recentemente recebi um relato sobre cristãos chineses:
O devotamento e o espírito de sacrifício dos servos de Deus na China é muito impressionante. O que pode parecer chocante aos ouvidos ocidentais, também dos cristãos – a disposição de sofrer por Jesus, de ir para a prisão, de eventualmente deixar a vida – em muitos grupos de igrejas caseiras é mais uma honra e uma distinção do que vergonha e humilhação. Mas esses cristãos não devem de forma alguma ser vistos como fanáticos, extremistas ou imaturos. Pelo contrário, poder-se-ia dizer que eles apresentam um caráter simples, humilde, manso, espiritual e muito maduro. Eles falam de si mesmos o mínimo possível – para não tomarem de alguma forma a honra que só pertence a Deus –, falando mais das grandes obras de Deus, do Seu nome, louvando os Seus feitos.
E nós, cristãos ocidentais, como demonstramos nossa fé? Não deveríamos tomar esses cristãos chineses como exemplo? Eles deveriam ter a oportunidade de evangelizar no Ocidente! Não estamos praticando um cristianismo insípido, descompromissado, acomodado, que busca a prosperidade, um cristianismo que perdeu sua força de convicção? No centro não está mais o sacrifício, a entrega a Jesus, mas sim o nosso próprio bem-estar. Pensamos que antes de nos dedicar ao Senhor de maneira completa, precisamos ter nossas necessidades materiais atendidas. Logicamente não gostamos de ouvir que não somos bons ofertantes. Damos nossas ofertas (de nossas sobras!) para este e aquele projeto e chamamos isso de sacrifício. O Evangelho é adaptado à nossa filosofia de vida liberal e pluralista. Deus deve-se adaptar a nós e ficar satisfeito conosco. Pregadores e pastores não devem nos importunar com "exigências bíblicas ultrapassadas e fora de moda". Quem se firma fielmente na Palavra de Deus é considerado sectário excêntrico. Assim, a cruz passou a ser novamente um escândalo e um tropeço, que atrapalha o nosso sossego. E o pior: nas tendências da vida moderna nem notamos que estamos nos afastando do centro da vontade de Deus, tornando-nos inimigos da cruz. Com isso Satanás consegue alcançar o que sempre quis: a negação do sacrifício do Calvário.
O sacrifício do Calvário é perfeito
O primeiro Adão trouxe o pecado e a perdição ao mundo. O último Adão nos trouxe, com Sua morte, a libertação do poder do pecado e da morte. Ele o sabia, e por isso morreu com as palavras vitoriosas "Está consumado!" em Seus lábios. Assim Ele fez tudo o que Deus exigia e pagou o preço pelos nossos pecados. O véu rasgado no templo abre o acesso ao Santo dos Santos, ao coração do Pai. Pela vitória alcançada no Calvário, nem a morte conseguiu retê-lO. Só aceitando e recebendo pessoalmente o sacrifício perfeito do Calvário é possível viver uma vida cristã de alegria e vitória na fé. Jesus Cristo, o início e o fim, é e continua sendo o centro de nossa salvação, pois Ele continuamente intercede por nós, e por Ele recebemos propiciação pelos nossos pecados: "Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas" (Hb 10.10). Todos os que buscam refúgio no sacrifício perfeito de Jesus tornam-se justos pelo Seu sangue e passam a fazer parte de Seu Reino. Nessa posição devemos permanecer, mas também avançar na santificação! O apóstolo Paulo nos exorta com muita insistência: "Por isso, celebremos a festa (da Páscoa) não com o velho fermento, nem com o fermento da maldade e da malícia, e sim com os asmos da sinceridade e da verdade" (1 Co 5.8).


(Burkhard Vetsch - http://www.ajesus.com.br)/Publicado anteriormente na revista Chamada da Meia-Noite, abril de 2000.

ESPECIAL ANIVERSÁRIO DE FORTALEZA: ARTIGOS DE PERSONALIDADES


O POVO É O CENTRO

De uma forma geral, quando se fala no centro da Cidade, nas iniciativas de revitalização do centro, etc., lembramos apenas os prédios, o comércio, os pedintes, os ambulantes, os veículos, etc. Mas o problema é muito mais complexo. Temos que pensar além do citado, na limpeza urbana, no cuidado com a higiene, com os esgotos, com a pavimentação, com a educação dos comerciários, com o problema da moradia no centro, com a poluição visual, com a distribuição dos sinais de trânsito, com as paradas e estacionamentos de coletivos, com estacionamento de carros, com a poluição sonora oriunda de diversas fontes, como escapes de carros e motos, alto-falantes em postes, caixas de som em portas de estabelecimentos, serviços de som em carros, aparelhos de amplificação com religiosos e ambulantes, etc. Além disso temos que pensar na cultura, no lazer, na segurança e na saúde. O Centro precisa voltar a ter hotéis para trazerem os turistas, fazendo com que eles conheçam a Fortaleza Real, que é seu Centro. E como trazer hotéis e pessoas para morarem no centro se não damos condições? Como morar no centro se o barulho não deixa? Como manter hotéis no centro se o excesso de volumes nas festas, caixas de som, carros, lojas comerciais não permitem?Temos que encarar a situação como um todo, onde não se exclua nada nem ninguém, lembrando que o direito de um termina quando começa o de outro e também que talvez o maior problema seja a impunidade. i, a impunidade que faz com que o infrator de uma lei pequena faça com que surjam grandes problemas. É preciso que se crie uma consciência, que haja um consenso para que se possa pensar em um centro mais digno, melhor para todos.Mas o centro deixou de ser aquele "miolo" que era antigamente. Não é mais somente a Praça do Ferreira. Pode-se hoje considerar como centro da cidade coisas tão afastadas antigamente como o Centro Artístico Cearense, alguns prédios da Aldeota, do Jardim América, Benfica, Fátima, etc. Assim é que vamos encontrar em nossa exposição*, fotografias antigas de nossa querida Fortaleza, de locais antes considerados suburbanos mas que agora estão classificados como componentes do centro, ou pelo menos estarão dentro de pouco tempo.O Arquivo Nirez entra com sua colaboração trazendo ao público algumas imagens antigas de nossa Cidade no seus bons tempos, quando existia tranqüilidade, sossego, paz, e quando todos os seus habitantes conheciam todos.


Nirez (Miguel Ângelo de Azevedo)

ESPECIAL ANIVERSÁRIO DE FORTALEZA: ARTIGOS DE PERSONALIDADES


FORTALEZA SEM ROSTO

A Praça do Ferreira foi concebida em 1842 para substituir a Praça da Carolina, onde ficava o Mercado de Ferro (no atual espaço dos Correios, Bando do Brasil e Palácio do Comércio).
Teve diversos nomes, como Feira Nova, Beco do Cotovelo, Largo das Trincheiras, Praça Pedro 11 e, a partir de 1851, Praça do Ferreira (quando do falecimento do Boticário Ferreira). O nome só foi oficializado 20 anos depois.
A principio era somente um areal com uma cacimba no centro e, posteriormente, um cajueiro no lado da Floriano Peixoto. Sua primeira planta (de Adolf Herbster) data de 1859.
Em 1886, surgiu o primeiro café, o Java, de Manoel Ferreira dos Santos, o "Mané Côco". Nele, em 1892, foi finda a badalada "Padaria Espiritual" (movimento supermodernista que antecedeu em 30 anos a também badalada Semana da Arte Moderna, de São Paulo, em 1922). A propósito, segundo análise feita á revista Veja, de 27 de setembro de 1995, pelo respeitado historiador Nelson Werneck Sodré, "o movimento modernista é muito menos do que se apregoa. A Semana de 1922 foi organizada com apoio oficial. Foi uma brincadeira do pintor Di Cavalcanti. O principal colaborador foi Oswald de Andrade, um magnífico autor de blagues que, como escritor, obra importante não deixou". Apesar desta constatação, a mídia continua alardeando a "importância" da Semana da Arte Moderna.
Voltando à fisionomia da Praça do Ferreira: em cada canto do areal havia um café: Java, Iracema, Do Comércio e Elegante.
Em 1902, ao ajardinar a Praça do Ferreira, o intendente Guilherme Rocha mandou fechar a cacimba. O tal jardim chamou-se "7 de setembro
De 1904 a 1920, era costume afixarem-se os nomes dos políticos enganadores (os verborrágicos) e dos comerciantes inadimplentes no tronco do cajueiro da Praça, o qual ficou conhecido como "Cajueiro da Mentira". Atualmente, do jeito que as coisas ficaram, tornou-se imperativo que cada bairro tenha o seu "Cajueiro da Mentira".
Em 1920, quando o Prefeito Godofredo Maciel ladrilhou a praça, além de demolir os quatro cafés, convenientemente ordenou que se pusesse abaixo aquele cajueiro denunciador de falcatruas. Em 1925, Maciel mandou construir um coreto para bandas de música
Em 1933, o Prefeito Raimundo Girão mandou derrubar o coreto e em seu lugar erguer a Coluna da Hora que, por sua vez, também seria demolida em 1968, pelo Prefeito José Walter. Em 1991, Juracy Magalhães mandou que se erguesse (no mesmo local) uma imitação tupiniquim da tal Coluna da Hora.
Como se vê, Fortaleza não tem rosto arquitetônico, posto que, de tempos em tempos, sua fisionomia é alterada, a fim de atender não a melhoria de vida de seus habitantes, e sim aos interesses dos que querem enriquecer derrubando e construindo prédios públicos Para lembrá-los ficam somente as fotos antigas, quando conservadas.
Este procedimento irresponsável dos nossos homens públicos (enganando a população, dizendo que assim agem em nome da "modernidade" é que é a causa da destruição de nosso patrimônio histórico-arquitetônico. E isto vem acontecendo em todas as cidades brasileiras (numas mais, noutras menos). Em qualquer capital européia há a parte nova e a parte antiga. Aqui, não: aqui, o antigo é sinônimo de velharia, enquanto que na Europa, é cultura.
O mesmo engenheiro-arquiteto que, lá faz questão de ser fotografado ao lado de um prédio centenário, se fosse aqui, ele mandaria por abaixo, taxando-o de "velharia ultrapassada".
Desse mesmo modo também agem os herdeiros dos personagens ilustres de nossa terra, destruindo seus patrimônios arquitetônicos sob a alegação de falta de dinheiro para pagar os impostos Como se vê, a depredação é total.
Assim foi que consentiram em destruir, em 1938, a Igreja da Sé (terminada em 1854) alegando que suas paredes estavam rachadas. A ironia é que a ordem da demolição partiu do próprio Arcebispo de Fortaleza, o baiano Dom Manoel da Silva Gomes, o qual haveria de se arrepender amargamente deste seu impensado ato (segundo suas próprias palavras).
Destruíram a Fênix Caixeiral, o Museu Histórico (que ficava na esquina da Praça Caio Prado, popularmente chamada de Praça da Sé, pertinho de minha casa, onde na minha infância e adolescência eu ia beber História); o Palácio do Plácido na Aldeota, a Casa de Rodolpho Theóphilo, o Cine Moderno e o Abrigo Central (na Praça do Ferreira), o mini-sitio Itapuca, da família Salgado (em Jacarecanga), o Pavilhão Atlântico (na entrada da Ponte Metálica, na Praia de Iracema). Desfiguraram a Praça Visconde de Pelotas (comumente chamada de Praça da Bandeira e,hoje, Praça Clóvis Beviláqua e o Passeio Público.
Há sete anos puseram abaixo casas e árvores centenárias da Avenida Alberto Nepomuceno (inclusive o casarão sobrado em que se criou, desde um ano de idade Dom Helder Câmara para a construção dessa horripilância arquitetônica a que deram o pomposo nome de Marcado Central, cuja estrutura (em algumas partes) já está comprometida. O mesmo aconteceu à algumas residências defronte à Igreja da Prainha, a fim de se construir uma imitação tupiniquim do Centro Pompidou, de Paris, chamando-o de Centro Cultural Dragão do Mar, sala de visitas para os artistas de fora, enquanto os de Fortaleza são marginalizados. E isto, apesar de o mesmo haver sido construído com o dinheiro dos fortalezenses.
As próprias praias de Fortaleza foram destruídas O fortalezense é um praiano que não tem praia. Antigamente, havia uma Lei do Código de Postura que proibia a construção de qualquer edificação na orla marítima com mais de três andares. Isto só durou até surgir a especulação imobiliária. Puseram a tal Lei abaixo (em nome da modernidade) criando outra que permitia a construção de edifícios de apartamentos ria orla marítima. Estes espigões de cimento armado tiraram toda a amenidade do clima de Fortaleza.
O pior de tudo é constatar, com tristeza, que nossos "historiadores" batem palmas para este tipo de vilania que alimenta cada vez mais, seu "complexo de Caramuru".
Se lêssemos enumerar tudo o que já foi destruído (ou está para sê-lo) este artigo-denúncia viraria um livro. Alguns estão lucrando com tudo isto... a população é que não... Aliás, no Brasil, 3% da população não tem do que reclamar, enquanto os outros 97% não têm a quem reclamar...
Na realidade, o que os políticos têm feito, ao longo dos anos, é modernizar a miséria. Amazônia que se cuide com estes entreguistas, perto dos quais, Al Capone e seus asseclas são aprendizes...


Christiano Câmara - Pesquisador e Historiador

ESPECIAL ANIVERSÁRIO DE FORTALEZA: ARTIGOS DE PERSONALIDADES


Preservar o existente, recuperar o possível: O Centro Antigo de Fortaleza


A urbanização acelerada do chamado "Terceiro Mundo" tem sido, ao longo deste século, um fenômeno extremamente deletério. Já em 1929, em sua viajem a Argentina, Le Corbisier, refletindo sobre o assunto, sentenciou, em famosa conferência "Não existe nada em Buenos Aires, exceto o erro". É bem verdade que a capital portenha soube reagir ao protesto do arquiteto e, atualmente, conserva rico e belo patrimônio urbanístico para desfrute das atuais e futuras gerações. No entanto, o mesmo não ocorreu em outros lugares. Ainda hoje parece pesar sobre a maioria das metrópoles do mundo subdesenvolvido esta maldição: só há perdurabilidade do erro. Em Fortaleza tem sido assim. Os riachos de nossa história, como o Pajeú, foram transformados em esgotos. Os rios são aprisionados em pequenas calhas, cercadas de favelas e poluídos pelos esgotos. As lagoas são aterradas pela especulação imobiliária ou transformadas em reservatórios de lixo e dejetos, com o consentimento ou silêncio do poder público.A devastação de nossa cidade não se limita aos crimes contra o meio ambiente. A destruição do seu pequeno mas bonito patrimônio arquitetônico, já denunciada na década de sessenta por Liberal Castro, fica dramaticamente exposta nessa mostra seletiva sobre o centro antigo*. A maioria das edificações mostradas nas fotos foi derrubada para dar lugar a prédios comerciais, e outras tantas, como registra Blanchard Girão, em sua elegante crônica aqui publicada, permanecem encobertas por "grotescos tapumes ou biombos modernosos" das lojas. Uma pequena parte ainda permanece em pé, graças à resistência dos materiais, mas abandonada pela incúria pública ou privada.Nossa intenção maior é convocar a cidadania para reagir a esse deplorável estado das coisas, na esperança de reverter a tendência dessa urbanização destrutiva em marcha, produto da anárquica lógica da acumulação capitalista. A esperança não é vã, já que em outras metrópoles do mundo, inclusive do Brasil, os movimentos citadinos têm conseguido resultados animadores, seja na esfera da preservação, seja na esfera da recuperação dos patrimônios naturais e construídos, pondo-os à disposição da coletividade como bens voltados para a melhoria da qualidade de vida presente e futura das cidades.Se a lógica do capital tem mantido a hegemonia na condução da política urbana de Fortaleza, também é verdade que uma contra-lógica, que tenho denominado pedagogicamente de lógica da cidadania, começa a ganhar expressão pública, influenciando algumas ações do governo (como mostra Blanchard Girão) e da própria corporação empresarial (Como é o caso do Projeto de Revitalização da CDL).A formulação desse projeto de intervenção para o Centro de Fortaleza exige, como pré-condição inarredável, a mais ampla e democrática participação de todos os interessados numa efetiva prática cidadã no terreno da política urbana. Combina a militância ativa dos sindicalistas e o conhecimento científico-técnico da intelectualidade independente, hoje abrigada nas universidades, institutos de pesquisa e na imprensa. Envolve necessariamente uma inteligente política de parceria entre todos os agentes do processo sócio-urbano, do parlamento e do executivo.A melhor política de intervenção urbana para o Centro de Fortaleza é uma combinatória de políticas urbanas. É preciso preservar o patrimônio existente, proporcionando-lhe as condições indispensáveis para a retomada de sua função tradicional ou desfrute estético por todos. Em alguns casos, redefinindo seu uso, noutros, intensificando a ocupação lúdico-cultural ou dotando-os de condições para funcionar como espaços de celebração pública. É preciso recuperar, e recuperar dentro de um plano que considere a totalidade da cidade, muitos dos equipamentos e edificações semi-destruídos, redesenhando sa geografia do centro com ousadia e criatividade, sempre com base no interesse público, no respeito ao meio ambiente e na preservação da memória.Nesse sentido, algumas ações se destacam como prioritárias e imediatas: a preservação do Cine São Luiz**, do Excelsior Hotel (como hotel residência), do Museu das Secas *** (com sua abertura à visitação pública), do prédio da Secretaria de Segurança (com nova finalidade), do prédio da 10ª Região Militar (Como Museu da Cidade); a recuperação do Prédio da Sociedade Artística Cearense (e sua entrega a outra entidade operária), do Teatro da antiga Emcetur (hoje fechado), do Prédio da Santa Casa e do próprio Forte de Nossa Senhora da Assunção (voltando ao seu desenho original); a construção da Avenida Parque Pajeú (com retirada da central atacadista do centro); a ligação do centro ao mar, com a transformação da Estação João Felipe e seus galpões num sistema de equipamentos culturais; a ligação entre as praças José de Alencar e Lagoinha (com a reordenação e dignificação do atual comércio ambulante ali mal instalado); a criação de um programa de moradia com a adaptação dos muitos prédios e sobrados hoje abandonados. Nunca é demais enfatizar: isso só será possível se a cidadania resolver tomar em suas mãos o destino da própria cidade. O ponto de partida é criar uma consciência preservacionista. Esperamos que esta exposição de fotografias sobre o Centro antigo* funcione como um grito de alerta e ajude a sensibilizar mentes e corações para a necessidade e a urgência desse desiderato.


Auto Filho
Secretário de Cultura do Estado do Ceará


* Exposição "O Centro Antigo de Fortaleza: Álbum de fotografias" realizada em 1997 por Nirez.
** O Cine são Luiz foi adquirido pelo SESC (agora SESC Luiz Severiano Ribeiro), e atualmente mantém a programação de cinema.*** O Museu das Secas foi tombado pelo IPHAN e encontra-se em reformas.

ESPECIAL ANIVERSÁRIO DE FORTALEZA: CONHEÇA NOSSA HISTÓRIA






Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção



O nome da cidade vem do fato de ter começado como uma vila nos arredores da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, antigo forte Schoonemborch, construído pelos holandeses às margens do Richo Pajeú em 1649 e "re-conquistado" pelos portugueses em 1654.
Apesar de já existirem inúmeros aldeamentos nativos e pequenos povoamentos de colonizadores, a primeira vila cearense foi criada pela carta régia de 13 de fevereiro de 1699, período em que o Ceará estava sob domínio de Pernambuco. A carta determinava a criação da vila mas não especificava onde deveria situar-se o pelourinho (símbolo da autonomia municipal).
Depois de muitas disputas entre "Vila Velha" (Barra do Ceará), a "Aldeia do Forte" (Fortaleza de N. S. Assunção) e Iguape (Aquiraz), o governador de Pernambuco determinou que este deveria situar-se junto à Fortaleza, estabelecendo-se assim, em 1700 a Vila de São José do Ribamar. Contudo, as disputas entre Fortaleza e Aquiraz para sediar a vila continuaram até 1726, quando em 13 de abril, foi definitivamente transferida para a "Aldeia do Forte". A data passou a ser o aniversário oficial da Cidade.
Fortaleza, foi crescendo ás margens do Riacho Pajeú. Durante muito tempo, Fortaleza continuou sendo uma cidade pequena. Em 1810, o Inglês Henry Koster, em viagem à Fortaleza, estimou a população da cidade em 1.200 habitantes. No dia 17 de março de 1823, por força de um decreto imperial, Fortaleza foi promovida à categoria de cidade. Nesse tempo, a cidade não possuía ruas pavimentadas. Não havia meio de transporte, a não ser os animais. Não havia serviço de água nem de iluminação pública - durante a noite, as ruas eram iluminadas apenas pela luz da lua. As casas se iluminavam graças ao azeite de peixe.
Entra então em ação o plano de urbanização engenheiro Silva Paulet, que incluía a retificação das ruas para uma expansão disciplinada. A partir daí, vias públicas passaram a obedecer o novo sistema: rigorosamente paralelas e cortando-se em ângulo reto. As casas de taipa passaram a ser gradativamente substituídas pelas de alvenaria e tijolo, e os primeiros parapeitos somente surgiram por volta de 1840.
Naquele tempo, Fortaleza se resumia ao atual centro da cidade, e de fato, ainda hoje é possível observar no centro e bairros vizinhos, a regularidade das ruas, sempre paralelas ou perpendiculares. A única exceção é o trecho da rua Sena Madureira (Continuação da Rua Conde d'Eu), um dos primeiros logradouros da cidade (ainda do período colonial), cujas edificações seguiram a sinuosidade do Riacho Pajeú, que viu Fortaleza nascer e hoje está canalizado, poluído e esquecido pela população.
Somente em 1848, quando Fortaleza tinha por volta de 5.000 habitantes, foi instalada a iluminação pública, a azeite de peixe, e somente em 1867 a cidade passou a contar com uma iluminação pública a hidrogênio carbonado.
Em 1863, segundo levantamento do Senador Pompeu, Fortaleza tinha cerca de 16.000 habitantes, distribuídos em 906 casas e 80 sobrados. O recenseamento de 1872 apontava 21.372 habitantes, em 4.380 casas e 1178 casebres.
Somente em 1880, coincidentemente ano de inauguração da Estação Central João Felipe, teve início o serviço de transporte público coletivo - Privilégio de Tomé A. da Mota, proprietário da Ferro Carril do Ceará, empresa que colocou a disposição dos fortalezenses 25 bondes a tração animal (puxados por burros), que só seriam substituídos pelos bondes elétricos da Caerá Light and Tamways Power Co., em 1913. Os primeiros telefones datam de 1883, serviço prestado pelo comerciante Confucio Pamplona, cujo escritório situava-se na Rua Major Facundo, 59.
Em 1895, Antônio Bezerra descreve Fortaleza como uma cidade de 985.000 km² com 54 ruas no sentido Norte-Sul, 27 ruas no sentido nascente-poente e 14 praças. O senso de 1900 aponta uma população de 48.369 habitantes.
Nos anos de 1920, Fortaleza começa a sofrer uma expansão rumo ao leste, para a "Aldeiota" e para a Praia do Meireles. Na "Aldeiota" começam a surgir residências grandes, modernas e em lotes maiores que abrigavam as famílias mais abastadas. No início, a Aldeota acompanhava a Av. Santos Dumont e extendia-se até onde hoje fica a Av. Barão de Studart - ponto onde final da linha do bonde. No Meireles foram erguidas as sedes dos clubes sociais da alta sociedade, como o Náutico, o Clube Ideal, Clube dos Diários, entre outros.




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