terça-feira, 18 de agosto de 2009

Miles Davis, intenso até o fim



"Carros de luxo,
mulheres bonitas,
drogas e bebidas,
doenças e operações,
frases polêmicas
e dezenas de discos
de inovadora
e excelente música.
Esta pode ser
a síntese da vida
- repleta de excesso,
na trajetória pessoal
e no talento artístico
- de Miles Dewey Davis III,
o grande trompetista..."
Jornal do Brasil


A música, o jazz em particular, perdeu um de seus mais consagrados expoentes. O artista americano Miles Davis, 65 anos, não resistiu às complicações decorrentes de apoplexia, pneumonia e insuficiência respiratória, e morreu em Santa Mônica, Califórnia. Ele foi enterrado no Bronx, Nova Iorque.

Sempre consciente de que não era como os outros, Miles nasceu diferente dos tantos outros que habitariam seu mesmo universo. Não teve a infância difícil, nem o início de carreira miserável, tal como outros gênios do trompete. Foi criado num seio familiar burguês, com o conforto de frequentar boas escolas e a oportunidade de aprimorar com estudos seu talento ao trompete. Esta base, que muito contribuiu com o seu ingresso na prestigiada e seleta Juilliard School of Music de Nova Iorque, também favoreceu ao seu estigma de rebelde. Se por um lado as portas se abriam por sua performance musical, por outro, as regalias a que se acostumou, possibilitaram um comportamento desregrado, que acabaria por levá-lo ao submundo. Essa complexidade se notabilizaria a partir do final dos anos 40, quando já consagrado como a grande revelação do jazz, sairia de cena pela primeira vez, por quatro anos, em função do consumo de drogas. Neste ritmo, desfilou toda sorte de suas experiências: os músicos geniais que conheceu, os sons que criou, as fusões musicais que promoveu, as mulheres que amou, as violências em que se envolveu, as perdas que sofreu. Uma vida frenética, até o fim.

Um artista atraído pelas experimentações

Indiossincrático. Miles Davis foi um furacão, de pensamento a mil, inquieto e alucinógeno, passional e contraditório, indecifrável. Um dos maiores trompetistas do século XX, redefiniu constantemente sua música. Inventivo, permanentemente atraído pelas experimentações, revolucionou o jazz, inserindo outros estilos ao gênero, como o rock, criando o que passou a ser convencionado como 'fusion'. Criticado pelos jazzistas tradicionais, que condenavam seu poder inventivo, Miles manteve-se firme em suas convicções, para a sorte do grande público que sua produção musical arrebatou

17 de agosto de 1987 – O adeus ao poeta de coração gauche


Há 22 anos, morria Carlos Drummond de Andrade, um dos mais importantes e respeitados poetas brasileiros de seu tempo. Drummond morreu no Rio de Janeiro, de insuficiência respiratória, aos 84 anos, apenas 12 dias depois que um câncer ósseo levou Maria Julieta, sua filha, eterna musa e grande paixão. “E assim vai-se indo a família Drummond de Andrade” lamentou o poeta na época.

Carlos Drummond de Andrade nasceu em 31 de outubro de 1902, na cidade de Itabira, Minas Gerais. Estudou em Belo Horizonte e com jesuítas no Colégio Anchieta, em Nova Friburgo, no Rio, onde foi expulso por “insubordinação mental”. Por insistência dos pais, formou-se em farmácia em 1925. No mesmo ano, fundou com amigos A Revista, importante veículo de afirmação modernista em Minas. Ingressou no serviço público e, em 1934, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde permaneceu até o final de sua vida. Aqui, foi chefe do gabinete do ministro da educação Gustavo Capanema, trabalhou no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e colaborou como cronista no Correio da Manhã. Aposentou-se em 1962, mas, em 1969, tormou-se colaborador do JB.

Durante 15 anos, todas as terças, quintas e sábados, o poeta de coração gauche – deslocado, acanhado - publicou suas crônicas no Caderno B. De sua estreia, em 2 de outubro de 1969, falando sobre o leilão que liquidava a Panair do Brasil, até o ‘ciao’ de despedida em 29 de setembro de 1984, quando faz um balanço de sua atividade na imprensa, foram 780 semanas da história do país e do poeta refletidas com agudeza e lirismo em mais de 2 mil e 300 crônicas.

A obra de Drummond
Foram 84 anos de palpitações, registradas em 25 livros de poesia e 16 outros de crônicas, contos, memórias e cartas, que repercutiram em milhares de estudos analisando-lhe a obra como um marco da cultura brasileira. A obra de Carlos Drummond de Andrade narra a trajetória de um homem, de uma geração e de um país. Poeta do indivíduo desajustado, do cotidiano, da existência e do fazer poesia, foi um jornalista de seu tempo, tratando tanto de temas tipicamente brasileiros, como também de assuntos metafísicos, que dizem respeito à condição e à alma humana. Com a partida de Drummond, a festa acabou, a luz apagou, a povo chorou e a cultura brasileira esfriou. “E agora, José?”.

18 de agosto de 1969 – Termina o Festival de Woodstock


Já era manhã quando, há 40 anos, Jimi Hendrix subiu ao palco montado na fazenda de 600 acres de Max Yasgur, na pequena cidade rural de Bethel, estado de Nova Iorque, e, acompanhado de sua banda Gypsy Suan and Rainbows,entoou a canção Hey Joe, encerrando três dias de paz e música que reuniram cerca de meio milhão de pessoas e entraram para a história como o festival que exemplificou a cultura hippie e a contracultura do final da década de 60, início de 70.

O Woodstock, originalmente batizado de “An aquarian exposition: 3 days of peace and music”, foi organizado por Michael Lang, John P. Roberts, Joel Rosenman e Artie Kornfeld. A intenção inicial era criar um estúdio musical, mas a idéia evoluiu para o festival. Depois que a comunidade de Woodstock vetou a realização do festival no local, os organizadores fizeram um acordo com Max Yasgur e iniciaram as vendas de ingressos em lojas de discos da área metropolitana de Nova Iorque e pelos correios. No dia 15 de agosto, início do festival, os organizadores esperavam a presença de 200 mil pessoas, mas foram surpreendidos com cerca de 500 mil. Depois que as cercas do local foram derrubadas pela multidão, foi impossível controlar a entrada dos milhares de pessoas, o que tornou o evento gratuito para a maioria delas.

Nos três do festival, 32 bandas se apresentaram para uma multidão que, apesar da chuva, da lama e das instalações insuficientes do festival, contrariou as expectativas de confusão e sagrou-se pela pacificidade e harmonia com que acompanhou as apresentações.

Um festival inigualável
Apesar do prejuízo inicial, o retorno financeiro para os organizadores veio em 1970, com o lançamento de dois discos e de um documentário realizados a partir da gravação e das filmagens dos shows do festival. Duas outras versões do evento foram organizadas em 1994 e 1999, porém não tiveram a mesma repercussão do festival de 69 - a última edição do evento inclusive ficou marcada por altos índices de violência, contrastando com os ideais de paz e amor do festival original. Hoje, 40 anos após o Woodstock, os sons e os ideais de uma geração ainda reverberam, quando livros e dvds sobre o festival são lançados comemorando a data.