sábado, 30 de maio de 2009

MENSAGEIRO DA REALIDADE INDICADO AO TOP BLOG O MAIOR PRÊMIO DA INTERNET BRASILEIRA

Em se tratando de prestigiar blogs, o Top Blog é o maior prêmio da Internet Brasileira. E o nosso amável Mensageiro da Realidade foi indicado. Então não custa nada você ir até o banner do Top Blog à direita e confirmar seu voto. O Mensageiro agradece desde já. Obrigado.

E OUVIREIS FALAR DE GUERRAS E RUMORES DE GUERRAS

EUA dizem que responderão a ameaças da Coreia do Norte
Sul-coreanos afirmam que Pyongyang transporta míssil intercontinental para lançamento em junho


CINGAPURA - A Coreia do Norte está preparando o lançamento de um míssil intercontinental, levando em conta os movimentos detectados em instalações militares, disseram fontes anônimas citadas neste sábado, 30, pela agência sul-coreana Yonhap. As mesmas fontes asseguram que a Coreia do Sul possui imagens de satélite de um trem de carga que transporta o que poderia ser um míssil de longo alcance nas cercanias de Pyongyang. O secretário americano de Defesa, Robert Gates, disse em Cingapura que os EUA não aceitarão uma Coreia do Norte nuclear. Gates assegurou também que os EUA responderão "rapidamente" se as ambições nucleares da Coreia do Norte representarem uma ameaça para a América ou seus aliados na Ásia.
Tanto Coreia do Sul como Estados Unidos acreditam que o regime comunista de Pyongyang estaria preparando o lançamento de um míssil intercontinental tipo Taepodong capaz de atingir em teoria o Alasca e o Havaí. "Não ficaremos parados enquanto Pyongyang desenvolve sua capacidade para semear a destruição", disse Gates durante reunião de ministros de Defesa. Segundo especialistas, Washington não vê opção militar satisfatória, em parte porque Pyongyang dispõe de um enorme poder de fogo dirigido aos seus vizinhos sul-coreanos, mas também porque o país pode facilmente dissimular suas armas e elementos do seu programa nuclear.
Segundo a Yonhap, a preparação para o lançamento levaria cerca de dois meses, mas o especialista assinalou que o processo poderia terminar em duas semanas, com o lançamento acontecendo em meados de junho. Além disso, outras fontes da Defesa consultadas pela agência de notícias revelaram que foram detectados movimentos em uma fábrica de armamento norte-coreana utilizada normalmente para a fabricação de mísseis.
O movimento é similar ao que ocorreu durante os trabalhos prévios ao lançamento, no mês passado, de um míssil Taepodong-2, capaz de atingir o Alasca. Sem fornecer detalhes, os americanos lembraram que os EUA estão monitorando de perto as bases de mísseis norte-coreanas, assim como outras instalações militares.
Como responder aos testes da Coreia do Norte é um dos principais assuntos da conferência, que reúne autoridades de defesa e segurança da Ásia e da região do Pacífico. O ministro da Defesa da Coreia do Sul, Lee Sang-hee, disse que os testes são "uma séria ameaça". Mesmo a China, que anteriormente ignorou as sanções das Nações Unidas para punir a Coreia do Norte após os testes atômicos de 2006, apoiou as declarações. "Como vizinho próximo da Coreia do Norte, a China tem expressado uma oposição firme e grande preocupação com o teste nuclear (de segunda-feira)", disse o major-general Ma Xiaotian, o segundo homem mais importante na hierarquia do Exército chinês.
Com um Exército de mais de 1 milhão de soldados e um vasto arsenal de artilharia e mísseis apontado para a Coreia do Sul e para o Japão, o regime norte-coreano poderia provocar um massacre em represália a um ataque preventivo. As vítimas chegariam às centenas de milhares, provavelmente desde os primeiros dias de um eventual conflito, garantem os especialistas. "Se tiver início uma guerra de proporções consideráveis, as baixas seriam inimagináveis", disse Chaibong Hahm, principal cientista político da Corporação Rand, um centro de estudos estratégicos com sede na Califórnia. "Afinal de contas, ninguém duvida que as forças americanas e sul-coreanas seriam vitoriosas. Mas a questão é: a que preço?".
Como responder aos testes da Coreia do Norte é um dos principais assuntos da conferência, que reúne autoridades de defesa e segurança da Ásia e da região do Pacífico. O ministro da Defesa da Coreia do Sul, Lee Sang-hee, disse que os testes são "uma séria ameaça". Mesmo a China, que anteriormente ignorou as sanções das Nações Unidas para punir a Coreia do Norte após os testes atômicos de 2006, apoiou as declarações. "Como vizinho próximo da Coreia do Norte, a China tem expressado uma oposição firme e grande preocupação com o teste nuclear (de segunda-feira)", disse o major-general Ma Xiaotian, o segundo homem mais importante na hierarquia do Exército chinês.

De o Estado de S.Paulo Direto para o Mensageiro da Realidade.

AS SEDES DA COPA 2014

Cuiabá, Natal e Manaus lideram disputas finais por Copa-2014

As festas programadas para este domingo, dia em que a Fifa vai anunciar, nas Bahamas, as 12 cidades brasileiras que vão sediar a Copa do Mundo de 2014, são o melhor termômetro para indicar as três dúvidas que ainda restam na relação oficial.

Natal, Cuiabá e Manaus planejam grandes eventos, enquanto suas concorrentes, respectivamente Florianópolis, Campo Grande e Belém, optaram pela discrição.

Gastança já começa na celebração das cidades indicadas para Copa-2014
Brasil não tem policiais suficientes para 12 sedes da Copa-2014
Recife faz arena para Copa-2014 em área de desova de carro

Essas seis cidades disputam o direito de se juntar a Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Brasília, Fortaleza, Recife e Salvador, que são escolhas certas --Rio Branco e Goiânia, que completam a lista de 17 candidatas, têm chances praticamente nulas.

A reportagem apurou que a cidade potiguar será anunciada como sede, e que Cuiabá e Manaus devem mesmo ser escolhidas nas Bahamas.

Os governos, tanto os estaduais quanto os municipais, de Natal, Cuiabá e Manaus agem como se já tivessem recebido a informação oficial que foram escolhidas pela Fifa. Tanto que organizaram grandes festas para celebrar a indicação.

"O governo ia fazer uma festa pequena, sem tanto alarde. Mas a Coca-Cola decidiu fazer uma coisa maior. É ela quem está bancando o Jota Quest", afirmou o secretário de Planejamento do Amazonas, Denis Minev, sobre a principal atração do evento em Manaus, que ainda vai ter a baterias das escolas de samba da cidade.

A Coca-Cola é patrocinadora master da Fifa. E Manaus recorreu à empresa e à Sony, ambas com sede na capital, para fazer lobby junto à Fifa para incluir a cidade no Mundial de 2014. E as duas atuaram.

Cuiabá terá 12 pontos de concentração, cinco telões espalhados e ainda shows pirotécnicos nas 33 maiores cidades de Mato Grosso.

"O que existe são indícios. Confiamos nisso e estamos trabalhando para isso", disse Blairo Maggi, o governador de Mato Grosso, cuja influência política é tida como decisiva para sua cidade levar a melhor sobre Campo Grande na disputa pela vaga de sede pantaneira.

Natal exala confiança --ela e Florianópolis disputam a vaga de uma cidade de porte menor, mas com forte apelo e estrutura turística. A capital potiguar planeja uma grande festa, até com a presença de DJs, na Ponta Negra, um de seus principais cartões-postais.

Enquanto isso, as rivais de potiguares, mato-grossenses e paraenses parecem derrotadas.

Em Campo Grande nenhuma grande estrutura foi montada para a população acompanhar o resultado --as autoridades vão só "incrementar" uma festa que tradicionalmente já acontece aos domingos em uma avenida da capital do Mato Grosso do Sul. O prefeito Nelson Trad (PMDB) diz que a ordem é não "colocar os carros na frente dos bois".

Missão cumprida

O comitê do Belém diz que prepara evento numa praça com "artistas locais", ainda a serem confirmados. Os paraenses dizem ter feito "tudo o que tinha que ser feito" e que cumpriram a missão.

No Sul, o comitê em Florianópolis diz esperar com "ansiedade" a escolha, mas sem festa.

Outras cidades, estas na lista de certezas, deram outros sinais que, além de decidida, a fatura já é de conhecimento de todos as candidatas.

O prefeito de Curitiba, o tucano Beto Richa, disse ontem que representantes da cidade irão participar de um link ao vivo da Rede Globo logo após o anúncio da Fifa, e que isso não acontecerá com todas as candidatas ao Mundial.

Em seu blog no site do jornal "O Globo", o jornalista Ancelmo Gois anunciou que Natal, Manaus e Cuiabá serão escolhidas. A CBF, por meio de sua assessoria, diz que não comentará o assunto e que nenhuma informação foi passada por ela.

As cidades escolhidas para a Copa já tem a promessa de receberem investimentos do governo federal para obras de infraestrutura, especialmente em meios de transporte.

Geografia

Na primeira Copa do Mundo que o Brasil organizou, em 1950, apenas uma das seis sedes ficava no Nordeste (em Recife). Agora, a mais pobre região do país vai emplacar quatro cidades entre as 12 que vão hospedar partidas no Mundial de 2014.

A favor dos nordestinos (Recife, Salvador, Natal e Fortaleza), pesou a proximidade maior da região com a Europa, além do clima quente e da estrutura hoteleira.

Folha de S.Paulo - Agência Folha Direto para o Mensageiro da Realidade

quinta-feira, 28 de maio de 2009

O estilo Tchecov

Anton Pavlovich Tchecov (29 de Janeiro 1860 - 15 de Julho 1904) foi um dos principais contistas e dramaturgos russos, além de médico. Muitos dos seus contos são considerados a apoteose desta forma de expressão, enquanto sua carreira como dramaturgo, embora curta, teve um grande impacto na literatura dramática. De Tchecov muitos dramaturgos aprenderam como usar o humor, a trivialidade evidente e a inação para destacar a psicologia interna de seus personagens. As quatro peças principais de Tchecov - a Gaivota, Tio Vânia, As Três Irmãs e O Jardim das Cerejeiras - foram todas reencenadas muitas vezes desde suas estréias.

Juventude

Anton Tchecov nasceu em Taganrog, uma pequena cidade portuária e provinciana no Mar de Azov, Sul da Rússia, em 29 de Janeiro de 1860. Filho de um dono de mercearia e neto de um servo que tinha comprado a própria liberdade, Tchecov foi o terceiro de seis filhos.

Anton freqüentou uma escola para crianças gregas em Taganrog (1866-1868), e com oito anos de idade foi enviado ao Colégio de Taganrog (atual Ginásio Tchecov), onde se mostrou um aluno mediano. Reservado e discreto, sem embargo granjeou boa reputação entre os colegas por suas tiradas satíricas e bem-humoradas e por sua capacidade de inventar apelidos engraçados para os professores. Gostava de participar de montagens de teatro amador e muitas vezes assistia a peças no teatro local. Adolescente, tentou a sorte escrevendo pequenos textos cômicos, embora também se saiba que escreveu uma peça adulta nesta época: "Órfão", destruída logo depois.

Tchecov apaixonou-se pelo teatro e literatura já na infância. A primeira peça a que assistiu foi a opereta La Belle Hélène de Jacques Offenbach no teatro de sua cidade no dia 4 de Outubro de 1873. Tchecov, com treze anos então, tornou-se um grande amante do teatro e gastaria praticamente todas as suas economias com ele. Escolhia sempre lugares na galeria por serem mais baratos (40 copeques de prata), e porque os estudantes precisavam de uma autorização especial para ir ao teatro. Na maior parte das vezes, recebia autorização para assistar às peças somente durante os fins de semana. Às vezes, Tchecov e outros estudantes colegas disfarçavam-se, tentando enganar o fiscal que verificava a presença não autorizada de menores.

A mãe do escritor, Eugênia (Yevgeniya), foi uma excelente contadora de histórias e supõe-se que Tchecov tenha herdado seu dom narrativo, além de ter aprendido a ler e escrever com ela. O pai, Pavel (Paulo) Yegorovich Tchecov, era um sujeito sóbrio e sério e dedicado aos assuntos da igreja e família. Em 1875, enfrentando dificuldades financeiras, foi forçado a escapar dos credores, fugindo para Moscou, onde seus dois filhos mais velhos freqüentavam a universidade. Durante vários próximos anos a família viveu na pobreza.

Anton ficou atrás em Taganrog durante mais três anos para terminar a escola. Dava aulas particulares para equilibrar o orçamento e chegou a trabalhar numa loja de roupas. Em 1879, Tchecov graduou-se na escola secundária e partiu para Moscou, para reunir-se a sua família. Logo a seguir, ingressou na escola médica na Universidade de Moscou.

Primeiras obras

Tentando ganhar algum dinheiro e ajudar sua família, Tchecov começou a escrever peças curtas, quadros humorísticos e satíricos da vida russa contemporânea, muitos deles sob pseudônimos como Antosha Chekhonte, Homem Sem Spleen e outros. A sua primeira peça foi publicada no semanário Strekoza (Libélula) de São Petersburgo em março de 1880. Não se sabe quantos textos Tchecov escreveu durante este período, mas sua produção foi prodigiosa e ele rapidamente granjeou boa reputação como cronista satírico da vida cotidiana russa.

Sua primeira tentativa foi com uma peça excessivamente longa batizada "Peça sem título", "O Inútil Platonov" e ainda apenas "Platonov". Tentou sem sucesso que alguém montasse o texto, que permaneceu inédito até 1923.

Nicolas Leykin, um dos principais editores da época e proprietário do Oskolki ("Fragmentos"), ao qual Tchecov começou a enviar alguns dos seus trabalhos mais perfeitos, reconheceu o talento do escritor mas restringiu o comprimento da prosa de Tchecov, limitando-o só a textos de uma página e meia de extensão. Alguns acreditam que foi esta limitação que ajudou a cimentar em Tchecov seu estilo conciso e fulminante.

Tchecov formou-se médico em 1884, mas continuou escrevendo para revistas semanais e em 1885 começou a escrever para a Peterburgskaya Gazeta ("A Gazeta de Petersburgo") textos mais longos e de natureza mais sombria, de início rejeitados. Em dezembro de 1885 foi convidado a colaborar em um dos jornais mais respeitados de São Petersburgo , o Novoye vremya ("Novos Tempos"), do editor e magnata Alexey Suvorin. Antes de 1886 Tchecov tornaria-se um escritor conhecido, mas ainda considerava a sua escrita um passatempo de diletante.

Dmitrii Grigorovich, um dos muitos escritores que perceberam o talento de Tchecov, persuadiu-o a levar sua carreira de escritor a sério. Em um ano imensamente frutífero, Tchecov escreveu mais de cem histórias e publicou a sua primeira coleção "Contos Variados" (Pestrye rasskazy) com a ajuda de Suvorin e, no ano seguinte, a coletânea de contos "No Crepúsculo" (V sumerkakh) deu a Tchecov o cobiçado Prêmio Puchkin . Isto marcaria o início de sua prolífica carreira.

Da Biblioteca do Equívoco Direto para o Mensageiro da Realidade

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Personagens Cearenses: Mário Gomes, um poeta maldito que perambula pelas ruas de Fortaleza

Mário Gomes mora em toda a cidade, namora Fortaleza, embora seja maltratado pela “loura desposada do sol”. De vez em quando uma alma se compadece daquele coração sofrido e lhe oferece um trago, um trocado, uma palavra.

Mas não ofereça trabalho ao poeta: “Não gosto de trabalhar. Não nasci pra isso. Sou poeta, Deus me fez assim, e o mundo que me sustente!”. Mário prefere os encantos da noite de Iracema, do fogo do dragão. Em qualquer canto dispara seus mísseis contra a hipocrisia humana.

Seu escritório fica na Praça do Ferreira, quase na esquina da rua Guilherme Rocha, em frente a loja de discos. Aquele banco já foi concorrido pelos discípulos de Mário Gomes. Hoje o poeta maldito está só, desnudo pelo flagrante da sensibilidade fotográfica de Don Raffaè Pajata.

Segundo Juarez leitão, Mário Gomes é “a última resistência de espontaneidade e loucura da Fortaleza de Nossa senhora d’Assunção. Parceiro do sol e compadre da lua, seu reino é a praça, onde brilha pela santa lei da desordem na mais autêntica e pura vagabundagem”.

Um poema, uma porrada de Mário:

“Ontem,
Ao meio- dia,
Comi um prato de lagartas
Passei a tarde defecando borboletas.”

Outro poema de Mário, um soco no estômago:

"Beijei a boca da noite
E engoli milhões de estrelas.
Fiquei iluminado.
Bebi toda a água do oceano.
Devorei as florestas.
A Humanidade ajoelhou-se aos meus pés,
Pensando que era a hora do Juízo Final.
Apertei, com as mãos, a terra,
Derretendo-a.
As aves em sua totalidade,
Voaram para o Além.
Os animais caíram do abismo espacial.
Dei uma gargalhada cínica
E fui descansar na primeira nuvem
Que passava naquele dia
Em que o sol me olhava assustadoramente.
Fui dormir o sono da eternidade.
E me acordei mil anos depois,
Por detrás do Universo."

Do Blog do professor Erivaldo e Amigos Direto para o Mensageiro da Realidade
http://evaldolima.blogspot.com/2008/01/personagens-cearenses-mrio-gomes-um.html

terça-feira, 26 de maio de 2009

FeirArte no Ceará – Homenagem aos 30 Anos do Massafeira Livre

De 1979 até hoje não existiu algum movimento artístico do porte da Massafeira Livre.


O estado do Ceará sempre foi pródigo em revelar artistas, os quais, isoladamente ou incluídos em movimentos culturais, literários e musicais, ao longo de sua existência, mostraram para o Brasil, as suas criativas obras.

Desde a antológica Padaria Espiritual, passando pelo Grupo Clã, Scap, Festival Aqui no Canto, Nação Cariri, O Saco, Soro, Ceará em Canto, entre outros, os artistas cearenses, ou, adotados pelo nosso estado, se destacaram no Brasil e no mundo.

Particularmente no campo da música criada apelos alencarinos, foram vários, os quais, inscreveram seus nomes na história da MPB. Entre eles, Ramos Cotoco, Hilda Marçal Matos, Lauro Maia, Humberto Teixeira, 4 Ases & 1 Curinga, Luiz Assunção (maranhense de nascimento que se criou e viveu no Ceará), Evaldo Gouveia e o Trio Nagô. Todos incluídos na nossa hereditariedade musical trazida do século XIX pelos precursores Alberto Nepomuceno, Branca Rangel e Juvenal Galeno e também revelada em seguida por talentos do quilate de Aleardo Freitas, Gilberto Milfont, Catulo de Paula, Carlos Barroso, Paulo Neves, Pierre Luz, Mário Alves, Moacir Ribeiro de Carvalho, Waldemar da Ressurreição, Caetano Accioly, Vocalistas Tropicais, Euclides Silva Novo, Mozart Brandão (pernambucano adotado pelo Ceará), Guilherme Neto, José Auriz Barreira, Zé Menezes, Jacques Klein e Eleazar de Carvalho.

Nos tempos atuais, a música feita pelos alencarinos tem referência nacional a partir da década de 70 com o surgimento do “Pessoal do Ceará”. Destaques maiores para Belchior, Ednardo e Fagner, os quais também participaram em março de 1979 em Fortaleza, do lendário “Massafeira Livre”, evento que reuniu desde os artistas plásticos, passando pelos poetas até os músicos em quatro dias, "como se fosse o carnaval mudando de data e mais verdadeiro" como está impresso na contra capa do álbum homônimo, na perspectiva de "som . imagem . movimento . gente" como anunciava o criativo cartaz do evento idealizado pelo letrista e arquiteto Brandão.


De 1979 até hoje não existiu algum movimento artístico do porte da Massafeira Livre. Em 1994 foi realizado o Ceará Em Canto - Feira da Música Popular Cearense, que foi uma espécie de tentativa, mas, ficou somente na primeira edição.

Passados 30 anos, um grupo de produtores alternativos de Fortaleza implementa uma homenagem para a efeméride realizando a “FeirArte no Ceará – Homenagem aos 30 Anos do Massafeira Livre”.

A “FeirArte no Ceará – Homenagem aos 30 Anos do Massafeira Livre” pretende celebrar a data realizando uma série de eventos culturais, todos na perspectiva de relembrar com uma atmosfera semelhante ao encontro histórico acontecido em 1979 no Theatro José de Alencar, remetendo também uma avaliação do momento atual da música feita no Ceará e apontando sugestões para o seu futuro.

A programação da “FeirArte no Ceará – Homenagem aos 30 Anos do Massafeira Livre” é a seguinte:

• VIII Encontro Cearense dos Historiadores da Educação
I Encontro Cearense de Geografia da Educação
Roda de Conversa Massafeira Livre, com Ednardo, Teti, Rodger Rogério, e Músicos, entrevistados por Wagner Castro e Pedro Rogério.
Local: Teatro José de Alencar
Data: 25 de maio de 2009
Horário: 20hs

• Audiência Publica:
FeirArte no Ceará: Uma Homenagem Aos 30 Anos do Massafeira Livre
Requerente: V. Ex.ª Vereador Municipal de Fortaleza Ronivaldo Maia
Comenda Honra ao Mérito Augusto Pontes:
Homenageados: Augusto Pontes, BC Neto, Manassés, Fátima Mesquita, Gentil Barreira, Cale Alencar
Local: Câmara Municipal de Fortaleza
Data: 26 de maio de 2009
Horário: 14h30min

• Exposição:
FEIRARTE No Ceará: Uma Homenagem Aos 30 Anos do Massafeira Livre
Curadoria: Augusto Pontes e Nelson Augusto
Local: MIS – Museu da Imagem e do Som
Avenida: Barão de Studart, 410.
Data: 26 a 29 de maio de 2009
Horário: 8h às 17hs
Abertura: 26 de maio 2009 às 19hs

• Audiência Publica:
FEIRARTE No Ceará: Uma Homenagem Aos 30 Anos do Massafeira Livre
Requerente: V. Ex.ª Deputado Estadual do Ceará Prof. Artur Bruno
Homenageados: Augusto Pontes, Ednardo, Rodger Rogério, Teti, Auto Filho
Local: Assembléia Legislativa do Ceará
Data: 27 de maio de 2009.
Horário: 15hs

• Lançamento dos Livros:
No Tom da Canção Cearense do Radio e TV dos Lares e Bares na era dos Festivais
Autor: Wagner Castro
Terral dos Sonhos: O Cearense na Musica Popular Brasileira - Autora: Mary Pimentel
Pessoal do Ceará Habitus e Campo Musical na Década de 70 - Autor: Pedro Rogério
Local: Livraria Livro Técnico (Centro Cultural de Arte e Cultura Dragão do Mar)
Data: 27 de maio de 2009
Horário: 20hs

Exibição do Filme: Patativa Ave Poesia de: Rosemberg Cariri
Exibição do Documentário: Massafeira: Festival de Amostragem de: Robério Araújo
Local: SESC SÃO LUIZ (praça do Ferreira)
Data: 27 de maio de 2009
Horário: 17hs

• SHOW
FeirArte No Ceará: Uma Homenagem Aos 30 Anos do Massafeira Livre
Com os Artistas: Ednardo, Rodger Rogério, Teti, Manassés, Lucio Ricardo, Chico Pio, Calé Alencar, Regis e Rogério.
Local: Praça do Ferreira
Data: 29 de maio de 2009
Horário: 20hs

Set List – FeirArte no Ceará – Homenagem aos 30 anos do Massafeira Livre

Show 29 Maio 2009 – Praça do Ferreira – 21:00 Hs



01 – Manassés – Nananasalturas

02 – Manassés – Palavra de Amor

03 – Lúcio Ricardo – Em cada tela uma história

04 – Lúcio Ricardo – Aviso aos Navegantes

05 – Lúcio Ricardo – Escolas nos Varais

06 – Régis Soares e Rogério Soares – Jeca Tatu

07 – Régis Soares e Rogério Soares – Pé de Espinho

08 – Régis Soares e Rogério Soares – Arte

09 – Chico Pio – O que foi que você viu

10 – Chico Pio – Pelos Cantos

11 – Chico Pio – Na Subida da Montanha

12 – Calé Alencar – Saudação ao Afoxé Filhos de Gandhi

13 - Calé Alencar – Saudação da Alegria

14 - Calé Alencar - Equatorial

15 – Rodger Rogério – Ponta do Lápis

16 – Rodger Rogério – Barco de Cristal

17 – Rodger Rogério – Retrato Marrom

18 – Teti – Como as primeiras chuvas do caju

19 – Teti – Pé na Terra

20 – Teti – Dono dos Teus Olhos

21 – Ednardo e Teti – Beira Mar

22 – Ednardo – Aurora

23 – Ednardo – Mote Tom e Radar

24 – Ednardo - Longarinas

25 – Ednardo – Mais um frevinho danado

26 – Ednardo e Teti e Rodger – Cavalo Ferro

27 – Ednardo e Teti e Rodger – O Sol é que é o Quente

28 – Todos Juntos – Jardim do Olhar

29 – Todos Juntos – Reizado

30 – Todos Juntos – Terral



OBS – Este Set List poderá ou não ser modificado durante os ensaios.

Do Blog do AVOL Direto para o Mensageiro da Realidade
http://www.antonioviana.com.br/2009/site/ver_noticia.php?id=56592

30 anos do Massafeira

Massafeira começou faz muito tempo, até bem antes do que quando se materializou em forma de um grande ajuntamento de som, imagem, movimento, poesia, e muita, muita gente transando tudo isso, numa efervescência febril, bela e loucamente solta durante quatro dias. Era como se fosse o carnaval mudando de data e mais verdadeiro, março de 1979 / Fortaleza.
De lá pra cá muita coisa aconteceu, inclusive o registro aqui de uma pequena porém significativa parte do que se cantou por lá. Esse espaço extremamente pouco para transmitir e transportar o que se guardou, maturou e explodiu num pique de energia, na cabeça de cada pessoa presente àquela alegria imensa.
No espanto da descoberta que não se traduz, a mágica reza das palavras vestidas de canção na boca plural de todos nós, o chifre desse carneiro apontando o infinito do caminho e a certeza dessa força, motor da transformação e evolução plena, constante nesse imenso estoque de dias que o sol tem pra nascer, se pôr e nascer de novo.
Ednardo - Fortaleza, 1980.

Massafeira na verdade foi um álbum duplo lançado em 1980, a partir de gravações em estúdio de performances de artistas do Ceará, que fizeram parte da Massafeira Livre, evento realizado em março de 1979, no Theatro José de Alencar.
Foram cerca de quarenta músicos, intérpretes, produtores e arranjadores que participaram do evento e do albúm. Todos viajaram para o Rio de Janeiro para gravar o álbum, que foi lançado pela gravadora antiga CBS.
O disco nunca saiu em CD, pois em 26/09/2002, Raimundo Fagner, teria retirado os originais dos discos Massafeira da Sony Music (antiga CBS), sob pretexto que seria projeto exclusivo de Fagner quando dirigia o selo Epic, e esta produção "pertenceria" ao mesmo, e teria sido retirada do âmbito da Sony para posterior relançamento em CDs, pela Fundação Raimundo Fagner junto a DR Music da Fundação Cultural Demócrito Rocha.
Mas isso nunca aconteceu!

Do Blog do Adeodato Direto para o Mensageiro da Realidade

O Anticristo já anda entre nós

O Anticristo trará paz ou guerra?
O Anticristo será um líder que busca a paz e trava guerras. Na busca de paz ele será bem-sucedido e enganador; ao travar guerras ele será destemido e destrutivo. O Anticristo geralmente é descrito na Bíblia como um guerreiro. Suas atividades são resumidas em Daniel 9.27:
"Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele."
Em Apocalipse 6.2, João apresenta o Anticristo ao escrever: "Vi, então, e eis um cavalo branco e o seu cavaleiro com um arco; e foi-lhe dada uma coroa; e ele saiu vencendo e para vencer."
Nosso mundo precisa desesperadamente de paz, pessoas sinceras de vários contextos de vida trabalham e oram diariamente por uma paz duradoura. Na verdade, como crentes, somos incentivados pela Bíblia a orar por paz. Ainda assim, a instabilidade política é profunda em muitas regiões do mundo. A busca de uma paz permanente no Oriente Médio exige muita atenção e produz muitas manchetes; muitas vidas e carreiras foram sacrificadas na tentativa de trazer paz à região. Em última análise, no entanto, não haverá paz duradoura no mundo enquanto ele não for governado por Jesus Cristo, o Príncipe da Paz.
Quando o Anticristo emergir, será reconhecido e aceito por causa de sua habilidade como pacificador. Como líder da confederação multinacional, ele imporá paz a Israel e ao Oriente Médio, iniciando e formulando um tratado de paz para Israel. O Dr. Walvoord escreve sobre essa paz:
Quando um gentio, líder de dez nações, apresentar um tratado de paz a Israel, este será imposto com força superior e não como um tratado de paz negociado, ainda que aparentemente inclua os elementos necessários para tal acordo. Ele incluirá a delimitação das fronteiras de Israel, o estabelecimento de relações comerciais com seus vizinhos – algo que Israel não tem atualmente, e, principalmente, oferecerá proteção contra ataques externos, o que permitirá que Israel relaxe seu estado de constante alerta militar. Também é possível prever que algumas tentativas serão feitas para abrir áreas sagradas de Jerusalém para todas as religiões a elas relacionadas.[1]
No decorrer dos séculos, cristãos e judeus fiéis seguiram a exortação de Salmo 122.6 de "orar pela paz de Jerusalém." Mas a falsa paz do Anticristo não é a "paz de Jerusalém." O tratado ou aliança de paz do Anticristo só trará uma paz temporária e superficial à região. A princípio ela poderá ser eficaz e reconfortante, mas não durará. Depois de três anos e meio ela será quebrada e os gritos de alegria serão substituídos por gritos de aflição. Como todas as obras de Satanás, a vitória proclamada acabará em dor e violência:
Apesar dos detalhes da aliança não serem revelados na Bíblia, aparentemente ela trará grande alívio para Israel e para todo o mundo. O tempo de paz é previsto nas profecias de Ezequiel que descrevem Israel como um povo "em repouso, que vive seguro" nessa época (Ez 38.11). Em 1 Tessalonicenses 5.3 a frase que estará na boca do povo antes da Grande Tribulação cair sobre eles é: "Paz e segurança." ...A paz de que Israel desfrutará por três anos e meio se transformará tragicamente numa paz falsa e no prelúdio de um tempo de angústia incomparável, quando dois de cada três israelitas morrerão na terra (Zacarias 13.8).[2]
Num determinado ponto, por volta da metade da Tribulação, a paz de Israel será desafiada por exércitos invasores do norte (Ezequiel 38-39). Esses exércitos atacarão Israel, desafiando a paz estabelecida pelo Anticristo e sua autoridade. Mas Deus intervirá a favor de Israel, protegendo-o e aniquilando os exércitos invasores (Ezequiel 38.19-39.5). Isso se realizará em parte por um terremoto (38.19,20), em parte por confusão militar (38.21), e por uma praga acompanhada de granizo e fogo (38.22).
Depois desse conflito e da quebra da aliança com Israel, o Anticristo se declarará líder mundial. Isso poderá ser resultado da sua vitória sobre os exércitos invasores. O Dr. Walvoord escreve que "o líder da confederação de dez nações se encontrará numa posição em que poderá proclamar-se ditador mundial, e aparentemente ninguém será forte o suficiente para lutar contra ele. Sem ter que lutar para conseguir isso, ele governará o mundo como instrumento de Satanás."[3] Seu poder e força aumentarão, assim como sua tirania, e isso resultará num desafio final da sua força militar e política, que culminará na batalha de Armagedom (Apocalipse 16.14-16). Como tantos líderes e governantes antes dele, o Anticristo prometerá paz e travará guerras. Ele entrará num conflito de conseqüências globais – um conflito definitivo do tipo "quem ganhar fica com tudo" – e será derrotado e destruído por Jesus Cristo (veja Salmo 2). (Thomas Ice e Timothy Demy - http://www.chamada.com.br)

Papa Bento XVI pede para Obama anunciar a paz entre as nações
Postado por Josafá Filho em janeiro 20th, 2009 9 Comentários Versão para Impressão
O papa Bento XVI enviou um telegrama ao presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, no qual pede que ele “promova a compreensão, a cooperação e a paz entre as nações”, informou hoje o Vaticano.

“Em uma época na qual tantas pessoas de todo o mundo anelam a libertação do flagelo da pobreza, da fome e da violência, lhe peço que promova a compreensão, a cooperação e a paz entre as nações com o objetivo de que todos possam compartilhar o banquete da vida estabelecido por Deus para toda a família humana”, declarou o pontífice em sua carta.

sábado, 23 de maio de 2009

A invenção da realidade

Defender a tese da notícia como construção da realidade e não como um espelho já rendeu algumas discussões acaloradas com colegas de profissão que não conseguem entender – ou se recusam a refletir sobre – esta história “de inventar a realidade”. De fato, ninguém inventou a violência em São Paulo, o seqüestro do repórter da Rede Globo, a máfia dos sanguessugas, os ataques no Líbano ou, mais recentemente, a compra de dossiês. São fatos, estão ocorrendo e, de certa maneira, têm afetado a vida de todos. Por que, então, insistir na tese de que a imprensa inventa, cria, constrói uma ou várias realidades a partir de suas narrativas?

Assim como não há uma verdade capaz de dar conta da totalidade de um fato ou de uma situação, não há também possibilidade de uma pessoa, por mais bem intencionada que seja, dar conta de descrever o que vê de forma inocente. As narrativas são sempre híbridas no sentido de que se constituem em uma teia de outras narrativas que tomam forma no discurso de quem as produz. O discurso da imprensa chega à sociedade sob o manto da imparcialidade, da verdade e da objetividade. São discursos produzidos por seres que não olham de fora a realidade, como observadores privilegiados, mas, antes, se encontram inseridos nela com todas as subjetividades que os compõem.

Ao falar de objetividade, seria interessante levar em conta o contexto em que ela surgiu como um atributo do jornalismo e destacar que não se pretendeu, ao evidenciá-la naquele momento, negar a subjetividade. Nelson Traquina, pesquisador português, fala no seu livro Teorias do jornalismo (Editora Insular, 2005) que a objetividade surgiu no fim do século 19 como um antídoto para os males que o jornalismo sofria, como perda de credibilidade. Assim, a objetividade se constituiu como uma série de procedimentos capazes de assegurar o exercício do jornalismo com credibilidade.

Ritual estratégico

Essa compreensão é importante, pois a crença na verdade dos fatos como um dos pilares do jornalismo contemporâneo foi também “uma invenção”, num determinado momento histórico e em um contexto de mudanças e transformações. No início do século 19, com o desenvolvimento da imprensa, o jornalismo como informação ganhou espaço em detrimento do jornalismo opinativo ou literário, forma como era praticado. Foi no século 19, portanto, que surgiu o paradigma do jornalismo e a figura do jornalista como um profissional que reivindicava o monopólio de saber o que é notícia e de dominar a forma de produzi-la.

Nelson Traquina diz que o novo jornalismo passou a viver, então, o culto dos fatos, ancorado no pensamento positivista reinante na época. A notícia passou a ser produzida regida pelos fetiches da objetividade e da imparcialidade. A imagem do comunicador neutro e desinteressado surgiu como ideal para configurar a atividade que se mostrava ao mundo como o espelho da realidade. Por isso, diante de um fato, o jornalista teria que buscar mais de uma versão, ouvir o outro lado. Essa seria a garantia de que sua opinião não prevaleceria e seria dada oportunidade a que todas as partes envolvidas se manifestassem.

A objetividade, dessa forma, pode ser encarada como um ritual estratégico capaz de garantir que certos procedimentos serão utilizados na produção das notícias. O culto à objetividade foi a forma encontrada para situar o jornalismo dentro de um campo que merecesse o reconhecimento da ciência, que via o jornalista como um simples transmissor de informações carente de fundamentação que pudesse elevá-lo a um nível mais privilegiado. Essa forma de encarar a objetividade em oposição à subjetividade pode levar a crer que os fatos são descritos tal e qual ocorreram. Como explicar, então, o uso de qualificações como gangues, galeras, criminoso e menor em determinadas situações em que seria possível informar sem utilizar tais adjetivos?

Sujeitos ativos

O jornalista crê que sabe identificar o que é notícia e faz isso baseado nos ditos valores-notícia e na fórmula de ouvir os dois lados como modo de garantir a isenção necessária para o bom exercício da profissão. O jornalista, que supostamente detém um conhecimento que permite a ele identificar o que é notícia, produz narrativas sobre os fatos de modo a que elas pareçam isentas e objetivas. A escolha do lide pode ser considerada o calcanhar de Aquiles do mito da objetividade. Afinal, que critérios objetivos são utilizados para escolher o que é mais importante em um fato que é narrado?

O jornalista diante de duas versões de um mesmo fato ou diante de mais de uma possibilidade de abordagem pode optar por narrar as duas e se isentar de possíveis ataques à sua parcialidade. Ele de certa forma lava as mãos e usa o argumento de que foi objetivo e ouviu os dois lados da questão. Essa imparcialidade é impossível, pois ao apresentar determinados aspectos da realidade, sob a forma de notícias, o jornalismo constrói novas realidades e novos referentes. A noção de verdade, tão cara ao jornalismo, está ligada à idéia de uma realidade que está pronta em algum lugar e que pode ser apreendida utilizando-se os critérios da imparcialidade e da objetividade. Ocorre que, ao buscar informações na imprensa diária, o cidadão comum nem sempre se dá conta de que as informações que recebe foram lidas, recortadas e selecionadas. Na perspectiva da notícia como construção, é impossível separar a realidade de sua produção, uma vez que as notícias são peças que ajudam na construção dessa realidade.

Outro argumento em favor da tese da notícia como construção é a falta de neutralidade da linguagem, que não pode funcionar como transmissora direta de significados. No jogo de sombras que se faz na imprensa, a verdade surge por um ângulo específico que traz imbricada em sua narrativa uma série de outras verdades subjetivas do sujeito que narra. Acho no mínimo curioso acreditar e defender que um jornalista se despe de tudo que é e acredita para se lançar em uma observação neutra da realidade. Jornalistas não são observadores neutros ou passivos; eles são sujeitos ativos na construção da realidade.

Por Marcilene Forechi Direto do Observatório da Imprensa para o Mensageiro da Realidade.

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sexta-feira, 22 de maio de 2009

Raymond Chandler, um mestre do clima noir

Há 50 anos, no dia 26 de março de 1959, em Los Angeles, morreu, aos 71 anos, Raymond Thorton Chandler, um dos maiores escritores norte-americanos de todos os tempos e um dos inventores do gênero que a partir dos anos 40 estabeleceria um marco de qualidade e originalidade na literatura de língua inglesa: o policial noir. Considerado inicialmente como autor de pulp fiction (literaturatura policial barata), aos poucos elevou-se do gênero policial para fundar com Dashiel Hammett, David Goodis e Chester Himes o novo estilo, menos popular, mas mais refinado. Ao contrário do policial tradicional, criado por Edgar Allan Poe (inspetor Dupin), Conan Doyle (Sherlock Holmes), Agatha Christie (inspetor Poirot e Miss Marple), Chester Himes (Padre Brown), entre outros, que privilegiavam o mistério e a solução de crimes complicadíssimo através da argúcia e do raciocínio lógico, Hammett e Chandler fizeram literatura no mais alto nível. Seus detetives, muito menos do que geniais descobridores de criminosos, eram personagens contraditórios, cínicos, que transitavam pelas mansões de Bervelly Hills e por sórdidos bares da periferia de Los Angels tentando ganhar a vida, trabalhando em casos geralmente banais, seguindo algum marido traído, ou um perigoso gangster por 25 dólares por dia, mais despesas. Sam Spade e Philipe Marlowe, respectivamente os personagens da maioria dos romances de Dashiell Hammet e Raymond Chandler, fascinam o leitor pelo ceticismo e o cinismo diante da vida numa época em que os Estados Unidos tentava penosamente levantar-se da queda provocada pela profunda recessão dos anos 30. Estes detetives são frutos deste país em crise, onde a construção da futura maior nação capitalista do mundo convivia com hordas de desempregados e aventureiros lutando pela vida. São homens da cidade, habituados as tensões e à violência. A expressão "looser" (perdedor) é recorrente nestes autores e, se por um lado eram homens "durões", que agüentavam porrada, toda a sorte de enrascadas, no fundo, eram uns sentimentais. E, além disso, conviviam mal com os tiras que estavam sempre no seu pé. Aliás o magnífico O longo adeus, de Chandler – sua obra-prima –, finaliza dizendo que "só os tiras não dizem adeus". Eles estão sempre lá, raramente a favor, mas quase sempre prontos para impedir ou prejudicar as investigações privadas. Tiras não gostam de detetives particulares.
Este fascinante Philip Marlowe figurou em oito romances como protagonista de tramas complicadas. Parafraseando Nelson Rodrigues, pode-se dizer que nestes romances está "a vida como ela é". Os crimes, quando existem, são tão factíveis que nos dão a impressão de que são tirados dos tablóides populares. Ou seja, são fruto do lado obscuro do cotidiano em que vivemos. E os personagens andam no limiar daquilo que é legalmente aceitável. No caso de Chandler, temos um interessante retrato da Califórnia em meados do século XX. Los Angeles já é a meca do cinema, e freqüentemente atores de segunda categoria, produtores fracassados, convivem com gângsters, prostitutas de luxo, tiras corruptos, atrizes decadentes e figurões em busca de uma oportunidade para ganhar um bom dinheiro, seja limpo ou não. Se em O longo adeus temos um inesquecível livro sobre a amizade e a lealdade, em Adeus minha adorada, A dama do lago e A irmãzinha, temos mulheres que acenam com histórias impossíveis, mas que geralmente balançam o melancólico Marlowe, homem de coração endurecido e esperanças roubadas pelas vicissitudes da vida. Sempre há uma mansão em Palm Beach, ou Malibu. Sempre há um cliente recusado que volta uma, duas vezes, até que convence o sentimental Marlowe a aceitar o caso. E ele sempre pensa "eu não devia fazer isso". E sempre acaba se arrependendo. Irônico, homem de poucas palavras, como convém a um tough guy, o cínico Marlowe vai recolhendo material para desacreditar o gênero humano. E o fascinante é que ele sempre tem uma recaída. Chandler consegue deixar uma fresta de humanismo que faz com que seu detetive cure a ressaca de gimlet ou bourbon e a contra gosto faça a barba e volte para seu poeirento e antiquado escritório onde o telefone toca muito raramente.
Raymond Chandler nasceu em Illinois, em 1888. Depois do divórcio dos pais, em 1896, foi morar com a mãe em Londres. Jamais voltou a ver o pai. Criado na Inglaterra, seguiu sendo cidadão americano, embora sua mãe tenha se naturalizado inglesa. Voltou para os EUA em 1912 e na Primeira Grande Guerra serviu nas forças canadenses e na britânica Royal Air Force. Tentou ser jornalista, empresário, detetive e até executivo de uma companhia de petróleo. Desenvolveu o gosto pela literatura e devorou livros durante a vida inteira. Em 1933, com 45 anos, conseguiu publicar seu primeiro conto na célebre revista Black Mask, da qual Dashiell Hammet era um dos donos. Imediatamente foi considerado um bom escritor, e seus contos passaram a fazer muito sucesso entre os iniciados na literatura “noir”. Seu primeiro livro “solo”, O sono eterno, só foi publicado em 1939 quando ele tinha 51 anos. O protagonista já era Philip Marlowe, cujo caráter e personalidade foram desenvolvidos sob várias identidades em seus contos anteriores. A seguir publicou os romances Adeus minha adorada (1940), Uma janela para a morte (1942), A dama do lago (1943), A irmãzinha (1949), O longo adeus (1953) e Playback (1958). Deixou inacabada a novela Amor e morte em Poodle Springs, que foi concluída pelo escritor Robert Parker com a permissão da família e publicada em 1989. Seus contos foram recolhidos e publicados em dois grandes volumes Simples arte de matar e Assassino na chuva.
Escreveu roteiros para Hollywood e teve todos os seus livros adaptados para o cinema, em filmes nos quais trabalharam grandes astros e estrelas de Hollywood, como Humphrey Bogart, Lauren Bacall, Robert Mitchum, Charlotte Rampling, James Stewart, Robert Montgomery, James Gardner, Elliot Gould, entre muitos outros. Tornou-se alcoólatra após a morte de sua mulher, em 1956, e morreu em Los Angeles em 1959, consagrado com um dos maiores escritores de língua inglesa.

Da LPM Editores Direto para o Mensageiro da Realidade - http://www.lpm-editores.com.br/v3/artigosnoticias/user_exibir.asp?ID=915160

quinta-feira, 21 de maio de 2009

COMPOSIÇÃO DE ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Santos – 29 de agosto a 2 de setembro de 20071Discussão metodológica e analítica acerca dacomposição visual de anúncios publicitários1Alexandre Mota da Silva 2Instituição: Centro Universitário de Belo Horizonte / UNI-BHResumoEste artigo discute sobre um procedimento construtivo e analítico da composição visual deanúncios publicitários, o qual propõe uma aproximação entre os conceitos de signo semióticopeirceano e as leis de organização visual da forma sugeridas pela Gestalt. O foco é analisar a composição visual do anúncio publicitário levando em consideração o contexto, o produto e aidéia criativa do anúncio. Como exemplo da aplicabilidade da discussão será feita a análise do anúncio “Chega de dar dor de cabeça para o seu pai”, do Whisky Teachers, selecionado no 15º anuário do Clube de Criação de São Paulo.Palavras-chave: Criação publicitária; direção de arte; publicidade e propaganda; composiçãovisual, anúncio impresso.INTRODUÇÃOA questão fundamental acerca da discussão sobre a criação publicitária é a complexidade de variantes que influencia sua codificação e decodificação. Partindo da premissa da heterogeneidadedo anúncio publicitário, torna-se necessário compreender a publicidade enquanto bem simbólicoque, posto para circular na sociedade, estabelece relações. Somente a partir dessas relações pode-se discutir a criação publicitária. O discurso publicitário argumenta, mas é o leitor que escuta ereconstrói o discurso. Por essa razão verificou-se que a ciência que melhor refletiria sobre estas relações seria a semiótica peirceana, na medida em que ela incorpora a dimensão do interpretante na compreensão dos processos de constituição e assimilação sígnica. O interpretante relaciona-se à cognição produzida na mente do sujeito interpretador nos processos de compreensão sígnica.Santaella (1999) destaca que o interpretante não é uma criação análoga ao objeto, mas umacriatura objetiva do signo. Apresenta-se como algo em permanente crescimento, que funciona1Trabalho apresentado no XXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – NP Publicidade e Propaganda2Possui graduação em publicidade e propaganda pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1993) , especialização em Novas Tecnologias em Comunicação pelo Centro Universitário de Belo Horizonte(2000) e mestrado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (2004) . Atualmente é professor do Centro Universitário de Belo Horizonte e Professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais nas disciplinas de Direção de Arte e orientador do trabalho de conclusão do curso. Tem experiência na área de comunicação, com ênfase em comunicação visual. Atuando principalmente nos seguintes temas: design, tipografia, direção de arte, criação publicitária, publicidade e propaganda.
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaçãoXXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Santos – 29 de agosto a 2 de setembro de 20072como uma medida de informação no processo de conhecimento, sendo possível avaliar, a partir dele, de modo referencial, um estado mínimo e máximo de informação. É viável controlar osentido e ordenar o signo através da capacidade imaginativa, mas a articulação dos significadosnão pode ser totalmente estipulável porque sempre existe uma margem de autonomia inscrita no próprio signo. O interpretante apresenta-se para os processos de significação como algo empermanente crescimento.A adoção da semiótica como referencial teórico comporta, ao mesmo tempo, uma teoria da significação, da objetivação e da interpretação, fundamentais à análise dos anúncios publicitários.A proposta básica do estudo compreende que os processos de criação de anúncios publicitários fundamentam-se em noções específicas de semiose3e são orientados em termos práticos pelas intenções comunicativas do anunciante e pelas concepções de semiose dos criativos.Na perspectiva de Peirce a primeira condição para a existência da criação é a expressão.(Peirce apud Moura, 2002). A criação de anúncios publicitários é um exercício do pensamento imaginativo que é materializado na forma de algum argumento criativo. “A imaginação funciona,então, como alicerce para a criação.” (Moura. 2002, 32). Desta forma, ao imaginar umadeterminada idéia criativa para ser usada em um anúncio publicitário, é necessário concebê-la como um grupo de conceitos determinados e somar a esse grupo as influências externas, comvistas a favorecer a idéia pretendida.Em agências de publicidade a dupla de criação é responsável pelo desenvolvimento doargumento criativo do anúncio que pretende responder determinada necessidade comunicacionaldo briefing, ou seja, a partir do momento em que foi definido o que4será dito a dupla de criação é responsável em formular como será dito. Para Allen HurlburtConceito, que em sua forma mais simples é sinônimo de idéia, ganhou napropaganda uma conotação muito mais ampla. Por um lado, ele sugere a análise e compreensão do produto e do problema, a relação do produto com os objetivos de venda e de mercado, o desenvolvimento de um título e a combinação de palavras e imagens, persuasivas e confiáveis. Mas conceito, como termo da propaganda, tem para o designer um outro significado. Ele sugere a colaboração de redator e do designer para solucionar um problema, mediante esforçosconjugados. (Hurlburt, 1986)3De acordo com Pinto (1995) entende-se por semiose a produção de sentido, processo infinito pelo qual, através de sua relação com o objeto, o signo produz um interpretante que, por sua vez, é um signo que produz um interpretante e assim por diante. Moura (2002, 69) argumenta que “a semiose é, pois, um produto resultante do processo natural do signo, ou seja, a geração ad infinitum dos interpretantes. Tais interpretantes remetem, sempre, para frente o destino e a completude da cadeia sígnica...”.4A definição da informação que será trabalhada no anúncio dialoga com o conceito de “afirmação básica” (Figueiredo, 2005) ou USP (Unique Selling Proposition) que é a afirmação que se deseja conquistar na mente do consumidor.
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaçãoXXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Santos – 29 de agosto a 2 de setembro de 20073A este argumento criativo desenvolvido pela dupla de criação denominaremos idéia criativa5.Pode-se dizer que a idéia criativa é o raciocínio desenvolvido para seduzir o leitor. Partindo de um clichê para exemplificar, seria a utilização da imagem de um canivete suíço ou uma extensão de tomadas para passar o conceito de multiplicidade. A idéia criativa determinará a construção visualdo anúncio assim como também os parâmetros de sua análise. O diretor de arte é o principal responsável pela construção visual da idéia criativa, sugerindo não somente as influências simbólicas culturais que o anúncio criado carregará no seu esteio, mas também o possível procedimento de leitura para o anúncio. Compreende-se que o conjunto deescolhas que o diretor de arte faz no momento da composição visual é determinante para a leitura e compreensão do anúncio, dependendo das suas escolhas, ele pode vulgarizar, potencializar ou mesmo distorcer a idéia criativa. Torna-se necessário destacar que ao materializar a idéia criativa o diretor de arte desejaoferecer maior inteligibilidade ao signo. E, ao fazer este esforço de aproximação ele promovemutações nos signos provocando e potencializando os sentidos emergentes. Neste caso o méritoda criação não fica restrito à expressão da idéia criativa, mas se expande também à forma como essa expressão transforma a idéia criativa utilizada na mediação.CRIAÇÃO PUBLICITÁRIA O anúncio publicitário, como mediador de uma intenção comunicativa, deve desenvolverraciocínios criativos para construir sua própria argumentação. Como resposta projectual para um problema de comunicação, deve ser considerados os aspectos simbólicos, as intençõescomunicativas, o contexto social e os objetivos estratégico-mercadológicos do anunciante. Compreende-se que o ato de ler um anúncio publicitário pode se dar de várias maneiras. Lemos palavras, letras, textos, imagens, cores, texturas, gestos, corpos, sinais, e não é possível estabelecer uma medição de profundidade ou limites para os níveis de sentido e percepção destes signos.Barthes (1980) ressalta a importância de se discutir o ato da leitura no contexto da sociedade. “A escrita assim como a leitura não devem ser consideradas atos intemporais, são práticas queemergem da sociedade” (Barthes, 1980: 11). Textos surgem somente no mundo da linguagem,naquilo que o autor chama de logosfera, o mundo das linguagens do qual fazemos parte. Para ele, ler é situar-se como sujeito da enunciação e a verdadeira leitura deve perceber a multiplicidade de significantes de um texto que deve ser encarado como uma “galáxia de significantes e não uma 5O conceito de idéia criativa já foi discutido por vários autores, entre eles Barreto (1978), Carrascoza (2003), Hurlburt (1986) e Figueiredo (2005).
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaçãoXXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Santos – 29 de agosto a 2 de setembro de 20074estrutura de significados; não há um começo: ele é reversível; acedemos ao texto por váriasentradas sem que nenhuma delas seja considerada principal” (Barthes, 1980: 13). A leitura é um processo interativo que pressupõe a relação entre sujeitos com participaçãoefetiva no processo de construção de sentidos. O sujeito, ao ler, tanto constrói quanto recuperaconhecimentos anteriores, dados de sua cultura, memória e repertório. A interação estabelece pontos de contato entre o leitor e o anúncio publicitário, ao mesmo tempo em que reserva ao receptor o direito de se afastar das intenções do emissor. Portanto, a leitura de um anúncio publicitário é um processo criativo, e, por mais que haja direcionamentos, há sempre a possibilidade de criação por parte do sujeito receptor. Percebe-se que o anúncio publicitário quando feito de forma criativa, traz uma idéia que estimula oconsumidor a participar da construção de sentidos, desperta um leitor-sujeito. Mas os argumentos de um anúncio publicitário pressupõem a observação de condutas do jogo discursivo, que são convenções tácitas, ou seja, não formalizadas explicitamente, quedesempenham papel relevante na compreensão dos enunciados. Portanto, a argumentação deve ser comum ao repertório das partes, e algumas convenções culturais devem ser respeitadas. Aintenção comunicativa parte da idéia de existir algo em comum entre o anunciado e o leitor. De modo contrário, o argumento publicitário corre o risco de ser completamente estranho ao leitor e, conseqüentemente, ilegível.O jogo discursivo do anúncio publicitário é composto por dois espaços: o espaço dasconvenções ? que compreende estruturações mínimas as quais devem ser respeitadas para que o ato de linguagem seja válido; e o espaço das inovações ? que está relacionado diretamente às possíveis inovações na construção da argumentação. O das inovações é o espaço das idéiascriativas, das analogias inusitadas e da ousadia, ou seja, o publicitário trabalha o “novo” e o jogo discursivo ganha seu valor argumentativo na transgressão das convenções. COMPOSIÇÃO DO ANÚNCIO PUBLICITÁRIOObservando o conjunto de peças veiculadas pela publicidade, podem-se constatar algumasconstantes ou estruturas reincidentes na construção do argumento publicitário. Adaptando algumas idéias de Joly (1996) podemos constatar que na maioria das vezes, a estrutura dosanúncios publicitários compõe-se de três principais qualidades de signos inter-relacionadas naconstrução do argumento, sendo eles: os signos icônicos; os signos lingüísticos subdivididos emtexto criativo, texto direcional e texto informativo e os signos plásticos subdivididos em imagemcriativa, imagem cenário e imagem informativa.
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaçãoXXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Santos – 29 de agosto a 2 de setembro de 20075São qualidades de signos inter-dependentes e complementares que trabalham juntas naconstrução de sentidos do anúncio. Dependendo da idéia criativa, altera-se a importância de cada um destes signos. O objetivo da composição visual desenvolvida pelo diretor de arte é,principalmente, hierarquizar as informações enfatizando a idéia criativa e sugerindo ao leitor um roteiro de leitura. A composição visual de um anúncio deve ser precedida de discussão sobre o foco da argumentação do anúncio, ou seja, é necessário que o diretor de arte identifiqueclaramente qual é a idéia criativa do anúncio. Por isso, em primeiro lugar, para a construção do anúncio publicitário ? assim como para sua análise ? é necessário identificar o signo icônicousado na argumentação. Hierarquicamente, o signo icônico deve ter ênfase na composição visualdo anúncio publicitário, pois é o grande responsável pela argumentação. Os signos icônicos são as próprias idéias criativas desenvolvidas pela dupla de criação ? raciocínios criativos que produzem alguma analogia, comparação ou informação em resposta ànecessidade do briefing ? e substituem alguma informação objetiva que precisa ser passada ao leitor. Eles se relacionam com o que o anúncio publicitário pretende informar, ou seja, qual é a idéia criativa elaborada para construir a mensagem do anúncio. Tais argumentos podem serdesenvolvidos por raciocínios mais subjetivos ou objetivos, dependendo das intenções do anúncio, da criação publicitária e dos objetivos estratégicos do anúncio.Em alguns casos, a idéia criativa está centrada no texto, e, nesse caso, a composição visualdeve valorizar os signos lingüísticos; em outros casos, centra-se na imagem e, na maioria doscasos, no diálogo entre a imagem e o texto (relação de 1+1). Por isso a importância do conceito de hierarquização da informação; quando observado, o diretor de arte evidencia as qualidades da idéia criativa e coloca ênfases diferenciadas nos elementos constitutivos da peça.Em segundo lugar percebem-se os signos lingüísticos, que compreendem a mensagem verbal(texto) do anúncio publicitário veiculado. O signo linguístico pode ser somente a assinatura daempresa, um slogan, um título, um texto informativo, uma parte da imagem ou, às vezes, nemexistir. Dependendo da idéia, pode ter toda a ênfase visual ou, em outro extremo, ser apenas umrodapé. Em um anúncio publicitário, de maneira geral, os signos lingüísticos possuem três principaisfunções. Neste estudo, o texto será denominado de acordo com a sua função em relação àidéia criativa e serão assim denominados: texto criativo; texto direcional e texto informativo.Importante salientar que o texto em um mesmo anúncio, pode incluir diversas funçõescombinadas.O texto criativo serve à idéia criativa, é parte definidora na construção do signo icônico. Ele pode ser o foco total da idéia criativa sendo totalmente responsável pela argumentação (como em
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaçãoXXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Santos – 29 de agosto a 2 de setembro de 20076um anúncio All Type) ou, ainda, estabelecer um diálogo com a imagem e criar uma relação de1+1 (texto + imagem)6. Nesta relação de 1+1, o texto criativo pode ser complementar, redundante ou suplementar à imagem. O texto criativo complementar ocorre quando texto e imagemapresentam conteúdos diferentes e é preciso ver os dois modos para se entender a idéia criativa. No texto criativo suplementar os conteúdos da imagem e do texto também são diferentes, mas um modo prevalece sobre o outro, dominando a idéia principal enquanto o outro modo reforça,elabora ou explica a idéia. O texto criativo redundante repete as mesmas informações contidas na imagem. Geralmente o texto criativo é um texto de alto valor simbólico.O texto direcional serve à imagem. Visto que as possibilidades de leitura das imagens são praticamente infinitas, às vezes faz-se necessário usar o texto como direcionador para a leitura do argumento de um anúncio.Assim, o que o leitor ou o observador da imagem tem diante de si é o texto estético, que é o próprio universo de sua leitura. Isso caracteriza a autonomia da imagem: os procedimentos relacionais estão registrados, e são essas relações que a definem como tal, pois tão logo o criador termine seu trabalho, ele não mais lhe pertence. A imagem passa a falar por si mesma, independentemente do que seu autor tenha desejado dizer. (Ramalho, 2005, p. 52)O texto direcional trabalha para que a imagem tenha a leitura proposta pela idéia criativa, ele direciona a interpretação dos sentidos da imagem relacionando os possíveis sentidos propostospela imagem com os sentidos propostos pela idéia criativa. Quando se usa o texto direcional, aimagem é a grande responsável pela idéia criativa.O texto informativo serve ao anunciante. Ele possui papel secundário na composição da idéia criativa. É usado para comunicar um conjunto de informações obrigatórias que o anúncio deveconter. Ele não é parte definidora da idéia criativa, apenas estabelece as relações entre o anúncio e os objetivos do anunciante. São as informações mais objetivas e racionais do anúncio com pouca carga de valor simbólico.E, finalmente, o terceiro tipo de signo usado em anúncios publicitários são as propriedades dossignos plásticos: luzes, imagens, cores, linhas, formas, tipologias, texturas, alinhamentos eorganização interna dos elementos. O signo plástico relaciona-se com o modo como o signoicônico é representado no anúncio e envolve o conjunto de opções estéticas adotadas naconstrução da idéia criativa e, inclusive, as imagens reproduzidas no interior do anúncio. Inclui6Vários autores já discutiram a relação entre a imagem e a palavra na publicidade e no design. Entre eles, Barthes (1980), Santaella (1999), Radfahrer [S.D.], Barreto (1978) e Figueiredo (2005). Este último autor discute uma nomenclatura própria para a relação da imagem com o texto. Para ele as possibilidades se resumem em: 1+1=1, quando a imagem apresenta a mesma mensagem trazida pelo título;1+1=2, quando o título traz uma informação que é completada pela imagem ou 1+1=3, quando a imagem passa uma mensagem que já é compreensível sozinha e o texto presenta outra mensagem completa. Este artigo não adota a mesma nomenclatura de Figueiredo.
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaçãoXXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Santos – 29 de agosto a 2 de setembro de 20077todos os recursos imagéticos simbolicamente utilizados na construção da idéia criativa. Os signos plásticos compõem a denominada mensagem visual do anúncio publicitário.Em todos os estímulos visuais e em todos os níveis da inteligência visual, o significado pode encontrar-se não apenas nos dados representacionais, nainformação ambiental e nos símbolos, inclusive na linguagem, mas também nas forças compositivas que existem ou coexistem com a expressão factual e visual. Qualquer acontecimento visual é uma forma com conteúdo, mas o conteúdo é extremamente influenciado pela importância das partes constitutivas, como a cor, o tom, a textura, a dimensão, a proporção e suas relações compositivas com o significado. (Dondis. 1991, 22)De uma maneira geral os signos plásticos (e as imagens nele contidas) se subdividem em três qualidades: imagem criativa; imagem-cenário e imagem informativa. Sendo assim definidas deacordo com a sua função dentro do anúncio.A imagem criativa será caracterizada primeira. O que define sua nomenclatura é o seu vínculo com a construção do signo icônico. A imagem criativa é constituinte vital para a construção do raciocínio criativo do anúncio publicitário. Da mesma forma que o texto criativo, ela pode ter características de imagem complementar quando relaciona-se ao texto na construção de uma idéia criativa; ou de imagem suplementar quando reforça ou explica uma idéia criativa contida no texto; podendo também ser caracterizada como redundante. A imagem criativa carrega alto valorsimbólico.A imagem cenário está conectada à construção simbólica da idéia criativa e pode influenciarsua percepção e leitura. Ela não é integrante fundamental do signo icônico, o objetivo da imagem cenário é contextualizar, reforçar, emoldurar a idéia criativa. Ela inclui o conjunto de opções estéticas e de configuração visual da forma que constrói a atmosfera visual a partir de contextoestético relacionado com a idéia criativa, ou seja, serve de embalagem para o signo icônico e busca enfatizar e ser coerente com a proposta criativa do anúncio. A imagem cenário inclui o possível tratamento de alguma imagem específica e também a organização visual do anúncio.Desta forma inclui as opções tipográficas, cromáticas e estéticas do diretor de arte.A imagem informativa possui papel secundário na construção da idéia criativa, não direcionanem ilustra a leitura da idéia criativa, apenas estabelece as relações entre as imagens e algunsobjetivos propostos pelo anunciante. Por exemplo, o uso da foto de um produto como assinatura de um anúncio publicitário. Nesse caso, a imagem do produto pretende fixar a imagem mental do design da embalagem (o reconhecimento do produto na gôndola é condição básica para oconsumo de produtos vendidos em lojas de auto-serviço). O uso da foto do produto pode não ter nenhum vínculo com a construção da idéia criativa, mas desempenha função estratégica.
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaçãoXXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Santos – 29 de agosto a 2 de setembro de 20078As imagens informativas são mais objetivas e racionais com pouca carga de valor simbólico agregado ao raciocínio criativo do anúncio.Como foi observado anteriormente, a percepção dos anúncios publicitários acontece a partir das várias relações que os constituem. Na prática, é impossível separarmos da maneira proposta os signos que compõem o anúncio publicitário, porque suas fronteiras são etéreas e se misturam. Aprincipal função dessa divisão é didática, pretendendo facilitar a compreensão da complexidadeconstrutiva e analítica do anúncio. Sem deixar de considerar as três qualidades de signos dos anúncios publicitários, este artigo concentra-se em sua mensagem visual. Compreende-se que os sentidos emergem das relaçõesentre essas qualidades, mas pretende-se, aqui, analisar a maneira como as qualidades dacomposição visualcontribuem (ou não) para a construção da mensagem no anúncio publicitário. A construção de sentidos engloba linguagem, contexto, texto, imagens, argumento e, ainda, os códigos objetivos e subjetivos, que devem ser entendidos como um conjunto de linguagensarticuladas que também constroem significação e sentido. Pelos princípios da Gestalt pode-se afirmar que o ser humano não percebe partes isoladas de um anúncio publicitário, mas as relações recíprocas das partes dentro do conjunto, ou seja, amensagem do anúncio publicitário é compreendida em seu somatório e nas relações dasqualidades dos signos icônicos, lingüísticos e plásticos inter-relacionados. Sendo assim percebe-se coerência para adotar a Gestalt como referencial teórico para análise da composição visual do anúncio.COMPOSIÇÃO VISUAL DO ANÚNCIO PUBLICITÁRIOPara a leitura proposta da configuração visual do anúncio publicitário, este artigo baseia-se na metodologia dos estudos e pesquisas desenvolvidos pelos teóricos da Gestalt e, principalmente,dos rebatimentos feitos por Gomes Filho (2000) no livro Gestalt do Objeto. O autor propõe um sistema de leitura visual da forma baseado nos conceitos e fatores da organização formalestudados pela Gestalt. Antes de se analisar a organização visual da criação publicitária, descreve-se, a seguir, seus princípios básicos.. Gestalt é um termo originário do alemão que dificilmente pode ser traduzido para o português. Alguns teóricos traduzem como figura ou configuração, mas tais traduções são consideradasreduzidas para denominar a abrangência da teoria, segundo a qual princípios de ordem, equilíbrio, clareza e harmonia visual favorecem e facilitam a compreensão e a rapidez de leitura, pois sãofatores que constituem necessidade básica para o ser humano. As leis da Gestalt são utilizadaspara abarcar a teoria da percepção visual baseada na psicologia da forma.
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaçãoXXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Santos – 29 de agosto a 2 de setembro de 20079De acordo com a Gestalt, o que acontece no cérebro é diferente do que acontece na retina. O resultado da leitura de uma figura se processa na percepção das relações recíprocas das váriaspartes dentro de um todo. “Não vemos partes isoladas, mas relações” (Gomes, 2000, p. 19), ou seja, a percepção é do conjunto visual em que as partes individuais são inseparáveis do todo. O que percebemos é fruto das relações que surgem na configuração do conjunto visual.Os estudos da Gestalt sobre a percepção indicam que, na relação leitor-anúncio, cada imagem percebida é resultado de duas forças. Em primeira instância, acontece a estimulação da retinagraças à luz proveniente do objeto refletido ? atuação das chamadas forças externas. E, emsegunda instância, atuam as forças internas ? tendência do ser humano de organizar os estímulos externos da melhor maneira possível, procurando organizar a configuração para achar estabilidade e equilíbrio. De acordo com os resultados da Gestalt, estas forças internas que regem a percepção visual são conduzidas por alguns princípios básicos gerais. Estes princípios podem ser chamadosde padrões, fatores ou leis de organização da figura. São fatores que explicam porque percebemos uma figura de tal maneira e não de outra; são princípios inter-relacionados que se completam no princípio da pregnância da forma. A seguir breve descrição de cada uma dessas leis, para, então, chegar-se ao conceito depregnância da forma.Entre as leis de organização mais simples que regem a percepção da forma estão os princípios de segregação e unificação. O princípio de segregação funciona em virtude da diferença e dadesigualdade de estímulos, e o da unificação age em virtude da igualdade de estimulação. Estes dois fatores atuam conjuntamente para a formação de unidades. Para que aconteça formação de unidades, é necessário diferença nos estímulos percebidos. Segregar significa separar, identificar,evidenciar ou destacar elementos em um todo compositivo ou em partes deste todo. Somente se podem perceber as unidades distintamente, se houver segregação suficiente para formar asunidades. A segregação pode ser feita por linhas, pontos, cores, volumes, texturas, sombras, etc.O princípio de unificação da forma ocorre na semelhança dos estímulos visuais produzidospela forma. A unificação acontece quando se percebe a coerência da linguagem usada nas partes e no todo da forma. Fatores como equilíbrio, harmonia e organização visual contribuem para aunificação de um conjunto.O terceiro princípio é o de fechamento, que é muito importante para a formação de unidades. “As forças de organização dirigem-se, espontaneamente, para uma ordem espacial que tende para a unidade em todos fechados” (Gomes, 2000, p. 21). O fator de fechamento explica porque uma superfície fechada destaca-se do resto do campo como uma unidade visual distinta. Neste fator,
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaçãoXXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Santos – 29 de agosto a 2 de setembro de 200710existe uma tendência a se unirem intervalos e se estabelecerem ligações, mesmo que não hajaligações reais entre as partes. Vinculado ao princípio de fechamento está o princípio da boa forma. Segundo este fator, ofechamento ocorre mediante a procura pela organização visual mais estável e equilibrada possível. Na percepção da figura, pode-se observar que toda direção tende, psicologicamente, a seprolongar no mesmo movimento. É em função da boa continuação que se organizam uma ou mais figuras e se estabelece a relação entre elas. O princípio da boa forma atua no sentido de alcançar a forma mais estável estruturalmente.Outros dois princípios, que são interligados, são proximidade e semelhança. São fatores queagem para constituir unidades e para unificar a figura. Segundo o princípio da proximidade,elementos visuais colocados próximos uns dos outros tendem a ser vistos juntos e,conseqüentemente, a formar unidades. Quanto mais próximos os elementos, maior será suatendência a constituir unidades. A igualdade visual também desperta tendência a se constituírem unidades. Segundo oprincípio da semelhança, organizam-se grupos de elementos de acordo com a semelhança entreseus elementos, isto é, criam-se agrupamentos, identificando-se os elementos que possuemcaracterísticas visuais semelhantes. A semelhança possui força maior que a proximidade naformação de unidades. A partir das qualidades comuns dos elementos visuais, o ser humano tende a constituir as unidades.A Gestalt constata na percepção um princípio final que abrange todos os outros: a pregnância da forma ou força estrutural, segundo o qual “as forças de organização da forma tendem a se dirigir tanto quanto permitem as condições dadas no sentido da clareza, da unidade e doequilíbrio” (Gomes, 2000, p. 24). Por isso uma configuração com alta pregnância é aquela quepossui características de equilíbrio, clareza e organização visual, e leva em conta as características dos outros princípios citados anteriormente. Uma imagem de boa Gestalt é vista com muito mais clareza pelo cérebro e, conseqüentemente, de maneira harmoniosa. ANÁLISE DO ANÚNCIO PUBLICITÁRIOComo forma de contextualização da discussão feita acerca dos anúncios publicitários, vamos fazer a análise de um anúncio seguindo o procedimento proposto. Como objeto de análise foiescolhido um anúncio premiado pelo Clube de Criação de São Paulo.
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaçãoXXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Santos – 29 de agosto a 2 de setembro de 200711Análise do anúncio “Chega de dar dor de cabeça para seu pai.”Ficha técnicaMedalha de ouro no 15º Anuário do Clube de criação de São Paulo. Cliente: Whisky TeachersPeça: anúncio revistaTitulo:Chega de dar dor de cabeça para o seu pai.Assinatura: Dê Teachers.Redator:Marcelo PiresDiretor de arte:Marcelo Nepomuceno / Tomás LorenteDireção de criação:Washington Olivetto / Gabriel ZellmeisterAgência:W/BrasilAnálise contextualPelo título provavelmente o anúncio foi veiculado no período que antecede o dia dos pais, mas para a análise do anúncio é necessário fazer uma contextualização mercadológica do produto esalientar algumas características do segmento. O anúncio escolhido para análise foi desenvolvidopara o Whisky Teachers. A criação para este tipo de produto possui algumas limitações impostas pelo CONAR, mas importante observar algumas regras tácitas deste segmento. São regras queservem de orientação para a abordagem do briefing. Tratando-se de uma bebida alcoólica oprimeiro limite observado é o uso de signos característicos do universo infantil, este procedimento vai contra a conscientização que está sendo trabalhada pela sociedade atual. Outro limite é aassociação da bebida alcoólica com algum aspecto negativo da vida social. Abordar a bebidacomo fuga de alguma circunstância de carga emotiva negativa é a uma abordagem extremamente perigosa para o anunciante e para o segmento. Outro aspecto importante de salientar é umacaracterística própria do anunciante. O segmento de Whiskys é popularmente avaliado pelo “dia seguinte”, no imaginário coletivo as qualidades de um Whisky são associadas à ausência de dor de cabeça no dia posterior. Em contraponto, a dor de cabeça do dia seguinte é fator determinante para a qualificação do Whisky como falsificado ou de baixa qualidade. O anunciante em questão não é líder de mercado nem uma referência para o segmento, torna-se então necessário um extremocuidado no uso da frase “Chega de dar dor de cabeça para o seu pai” como argumento publicitário. Análise da criação publicitáriaObservando a idéia criativa construída pela agência podemos observar algumas característicasdo raciocínio criativo desenvolvido e identificar as relações simbólicas propostas. Podemosconstatar que a idéia criativa está centrada no texto. O texto revela-se criativo pelas suaspotencialidades, isto é, ele possui as suas qualidades muito mais pelas possibilidades de leituraque não são reveladas do que pelo que é explícito. A leitura do título é vasta, múltipla, variável,
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaçãoXXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Santos – 29 de agosto a 2 de setembro de 200712ilimitada, irônica e cada leitor irá “fechar” o raciocínio de acordo com o seu repertório próprio. O que é dito nas entrelinhas é muito mais interessante do que é escrito pelas letras. Desta forma o texto possui as características de um texto criativo. O signo icônico é construído em cima da leitura do texto e percebe-se que é base da idéia criativa. O texto da assinatura “Dê teachers”completa o raciocínio do título e possui algumas características de texto informativo apesar de ser constituinte da idéia criativa, pois apresenta o fechamento da idéia do título. Desta forma percebe-se uma dependência entre o signo icônico e os signos lingüísticos, o primeiro está centrado nosegundo.Tendo como ponto de partida a identificação da idéia criativa, analisaremos as possibilidades de configuração visual desta idéia. Sabendo que a idéia criativa está centrada no texto a pergunta fundamental é: como potencializar a idéia criativa? O diretor de arte pode combinar este textocom três tipos de imagem: a imagem criativa, imagem cenário ou imagem informativa. A primeira possibilidade: o uso de imagens criativas para reforçar o signo icônico. Nesta alternativa faz-se necessário pensar qual imagem poderia ser usada neste contexto que potencializaria a leitura dotexto. O uso de imagens como “exemplos” de dor de cabeça limitam e direcionam a leitura do texto, o que não contribui com o raciocínio criativo. Por exemplo: o uso de um carro batido, uma filha grávida, um boletim escolar, um acidente ou um filho roqueiro são imagens que limitam edirecionam a interpretação do texto. Neste anúncio a idéia criativa é boa devido ao que ésubentendido, o uso das imagens citadas direciona a leitura do título do anúncio (o que deprecia a idéia criativa) além de serem mercadologicamente equivocadas.Outra possibilidade de uso de imagens criativas seria evidenciar uma comparação, oanunciante poderia ser comparado com outra bebida ou outro presente para a ocasião. Neste caso percebemos que as imagens deveriam evidenciar o humor e, mesmo assim, poderia acarretar umaalteração da idéia criativa. Ao colocar maior importância na imagem, o texto passa a sercompreendido como um texto direcional funcionando para evidenciar a interpretação que deve ser dada à imagem, podendo inclusive perder sua característica de texto criativo. A dificuldade no uso de imagens está em potencializar a leitura do texto, sem direcionar sua interpretação. As outraspossibilidades são uso de imagem cenário e informativa. A imagem cenário é uma boa alternativa quando se pretende ressaltar e contextualizar ainformação textual; uma alternativa desde que não retire a ênfase do texto. Neste caso, poderíamos imaginar a construção de um contexto imagético, por exemplo, o texto escrito na forma de umbilhete, a garrafa em cima da mesa ladeada por um copo de whisky, um pai feliz na mesa ou o uso da imagem de um abacaxi ou pepino. Estes últimos elementos são simbolicamente conhecidoscomo sinônimos de problemas, mas não exemplificam a interpretação do texto. A questão
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaçãoXXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Santos – 29 de agosto a 2 de setembro de 200713fundamental sobre a imagem cenário é que ela não poderia exemplificar o título, seria umaimagem subjetiva sem explicitar as situações causadoras da “dor de cabeça”. Faz-se importante ressaltar que a escolha da imagem cenário deve ser coerente com a idéia criativa e que a função dela é emoldurar, reforçar e potencializar a idéia criativa.Outra possibilidade é a imagem informativa que não direciona nem ilustra a leitura da idéia criativa, apenas estabelece as relações entre as imagens e os objetivos do briefing. Neste caso podemos citar o uso da embalagem do produto ou uma cena em que a garrafa do anunciante esteja em evidência, ou seja, uma imagem que não traz uma relação direta com a interpretação da idéia criativa, mas serve para a fixação da imagem do produto. Como foi dito a imagem informativaserve aos objetivos estratégicos do anunciante, neste caso, a exposição da embalagem constrói e reforça a imagem visual do produto.Análise da composição visualFigura 01Fonte: 15º Anuário do Clube de criação de São Paulo.O anúncio veiculado (figura 01) possui uma construção visual bastante coerente com a idéiacriativa. Na organização dos elementos visuais a ênfase dada ao texto é evidente, através de um contraste muito bem feito o título do anúncio é uma unidade de destaque. Aplicando as leisbásicas da Gestalt observamos unidades muito bem constituídas com um bom contraste. Basicamente ao anúncio é composto de três unidades: título, garrafa e texto de assinatura. O título é a unidade de maior ênfase, dialogando com a imagem da garrafa que não exemplifica o texto. A Garrafa possui características de imagem informativa e não estabelece relação direta com a construção da idéia criativa. A imagem presta referência ao produto trabalhando o repertório do consumidor na tentativa de fixar a imagem da embalagem. Devido à posição do líquido na garrafa observa-se que o produto não foi fotografado na posição horizontal em que foi aplicado, o que dá indícios das condições em que o anúncio foi produzido.
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaçãoXXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Santos – 29 de agosto a 2 de setembro de 200714Pela lei de proximidade a garrafa dialoga com a assinatura. A imagem da garrafa relaciona-se com o ato de consumo “Dê Teachers”, sugestão simbólica bastante interessante e coerente. Existe também uma relação entre o título e a assinatura do anúncio com a semelhança de estímulos, os dois textos são compostos na mesma fonte de letra, na mesma cor e com espaçamentossemelhantes. Apesar de relacionados os textos são hierarquicamente organizados, os pesosatribuídos a estes elementos gráficos são distintos e contribuem com a interpretação do anúncio.Percebe-se que a frase “Dê Teachers” é um complemento do título carrega as características de um texto criativo. Esta frase contribui para o fechamento do raciocínio criativo e demonstra umimperativo de consumo.O fechamento segundo o conceito de boa forma é uma parte significativa na construção doraciocínio criativo. Neste caso, o fechamento do anúncio está diretamente ligado ao repertório pessoal dos leitores. No anúncio o conceito de boa forma relaciona-se com as informaçõespessoais que os leitores rememoram na leitura da frase, dados pessoais e culturais são recuperados e o leitor constrói a interpretação, torna-se sujeito da enunciação.A tipografia7é tradicional, texto centralizado, preto no branco, letra serifada, Caixa alta,espaçamento entreletras aberto e espaçamento entrelinha apertado. A fonte escolhida é semelhante a fonte Trajan. Historicamente o tipo de letra que originou o desenho das letras maiúsculasocidentais, ela foi criada no ano de 133. O uso se espaçamento entreletras aberto facilita oreconhecimento das letras individualmente e a entrelinha apertada dá maior coesão ao título. Ao final percebemos que a composição visual possui boa pregnância. O anúncio tem acapacidade de potencializar o raciocínio criativo, clareza argumentativa, composição visualcoerente com o raciocínio criativo e uma abordagem coerente para o briefing.CONCLUSÃOComo foi dito anteriormente a criação publicitária caracteriza-se pela complexidade.Compreender a publicidade enquanto um bem simbólico é estabelecer relações com os sujeitosinterlocutores em um contínuo processo de semiose. Este artigo pretende contribuir com adiscussão acerca da criação publicitária sem a expectativa de concluir o assunto. Apenas indicar uma vertente teórica de discussão e contribuir com os parâmetros de análise da criação publicitária e da composição visual de anúncios.7O termo tipografia deve ser entendido como o design com / de letras. Envolve todo o grafismo produzido pelas letras na composição visual, ou seja, as margens, os espaçamentos, os alinhamentos, as cores, a composição visual e a escolha da fonte de letra utilizada.
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaçãoXXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Santos – 29 de agosto a 2 de setembro de 200715REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBARTHES, Roland. S/Z. Lisboa: Ed. 70, [1980]. 199p. (Colecção Signos ;26 )BARTHES, Roland. O rumor da língua. São Paulo: Brasiliense, 1988. 372p ISBN 8511180885BARRETO, Roberto Menna. Criatividade em propaganda. Rio de Janeiro: Documentario, 1978. 287p.CARRASCOZA, João Anzanello. Redação publicitária : estudo sobre a retórica do consumo. 2. ed. São Paulo: Futura, 2003. 156p. ISBN 8574131350CARVALHO, Nelly. Publicidade: a linguagem da sedução. São Paulo: Atica, 1996. 175p.(Fundamentos) ISBN 8508057954CERTEAU, Michel de. Ler: uma operação de caça. In: A invenção do cotidiano: 1. artes de fazer. Petrópolis: Ed. Vozes, 1994.DONDIS, D. A. (Donis A.). Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 1991. 236p. FIGUEIREDO, Celso. Redação publicitária: sedução pela palavra. São Paulo: Thomson, 2005. 138p. ISBN 852210476XGOMES FILHO, João. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma. 6. ed. São Paulo:Escrituras, 2004. 127p. ISBN 8586303577JOLY, Martine. Introdução à análise da imagem. Campinas: Papirus, 1996. 152p. ISBN 8530804244HURLBURT, Allen. Layout : o design da página impressa. 2. ed. São Paulo: Nobel, 1986. 159p. ISBN 8521304269MOURA, Maria Aparecida. 2002. 247p. Semiótica e mediações digitais: O processo de criação e recepção de hipermídias. Tese de doutorado apresentada em 2002 na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. PUC-SP. Programa: Comunicação e semiótica. PEIRCE, Charles S. Semiótica. São Paulo: Perspectiva, 1977. 337p.PINTO, Julio. 1, 2, 3 da semiotica. Belo Horizonte: UFMG. 1995. 69p ISBN 8570410980RADFAHRER, Luli. Design/web/design. São Bernardo do Campo: Market Press - Cadesign, [s.d]. 217p. ISBN 8586907022RAMALHO e Oliveira, Sandra. Imagem também se lê. São Paulo: Edições Rosari, 2005. 191p. SANTAELLA, Lúcia; NÖTH, Winfried. Imagem: cognição, semiótica, mídia. 2. ed. São Paulo:Iluminuras, 1999. 222p. ISBN 8573210567VESTERGAARD, Torben; SCHRODER, Kim. A linguagem da propaganda. São Paulo: Martins Fontes, 1988. 197p. ISBN 8533603223 (broch.)

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Joel, o profeta do avivamento

O nome Joel significa “o Senhor é Deus”. É provável que Joel tenha vivido e profetizado em Jerusalém. Teria, assim, em sua mocidade, conhecido Elias e Eliseu. Data provável: 830 anos antes de Cristo, ao tempo do rei Joás.

Joel tem sido chamado de “o profeta do avivamento”. Ele compreendeu que o arrependimento sincero é a base da verdadeira espiritualidade e era para que isto acontecesse com seu povo que ele se esforçava. O conteúdo básico de seu livro é o apelo ao arrependimento. Estudando com interesse suas grandes lições seremos edificados.
I - A ÉPOCA EM QUE JOEL PREGOU
Quando o profeta Joel pregou suas mensagens, a situação econômica era desesperadora, em razão de um ataque de gafanhotos sem igual. Ele parte deste fato para alertar o povo para a prática da santificação, do quebrantamento, e de maior submissão ao Senhor, 1: 14, mensagens que tornam o livro muito atual. Joel também anuncia o dia do Senhor e previne sob a iminência de um ataque militar que viria por parte de uma nação estrangeira e termina o livro com a preciosíssima mensagem sobre o derramamento do Espírito Santo.
a) A praga dos gafanhotos - Dentre as mais de 80 variedades de gafanhotos, Joel diz que quatro: o cortador, o migrador, o devorador e o destruidor, v. 4, haviam devastado a terra de Israel. O povo calou-se, em sinal de tristeza. Tudo secou e o campo nada produzia.
b) As lições da devastação - A notícia de tal calamidade deveria ser passada de geração a geração, v. 3, porque se refere a um tempo de juízo do Senhor em que os prazeres da vida foram retirados e houve um lamento geral. Até os bêbados lamentaram porque os gafanhotos devoraram as videiras, v. 5, e não tinham mais o vinho; destroçaram a figueira, arrancando-lhes as cascas, v. 7.Por causa dessa miséria até os jovens choraram, v. 8. Todo cereal se perdeu e os lavradores ficaram envergonhados e desorientados, vv. 10, 11, porque o juízo veio através de um inimigo pequeno, mas em grande número e sábio, Pv 30: 27.
c) Reações à devassidão, 1: 10-14 - Com a destruição das pastagens e das lavouras, até os sacerdotes lamentavam porque não havia nem elementos para os sacrifícios ao Senhor, v. 9. Assim como a calamidade era geral, o pecado também havia devastado todos os domínios da vida. É nessa hora que diz o Senhor: “Lamentai, sacerdotes".
Quando a igreja experimenta flagelo de tal natureza, engolfada em confusões, pecados e enfermidades que devastam famílias após famílias, 1Co 11: 30-32, o ensino bíblico para resolver tal situação é que ministros e povo retornem ao Senhor com a mesma sinceridade, intensidade, arrependimento e interesses descritos em Jl 1: 13-14 e 2: 12-17e Dt 4: 30-31.
II - O DIA DO SENHOR
O profeta descreve esse quadro terrível para preparar as pessoas sobre o que iria falar a respeito do “Dia do Senhor”, v. 15, que também virá como uma assolação. Percebe-se que Joel avista algo por trás dessa praga de gafanhotos; ele enxerga além dela, vê um dia de desolação em toda a terra.
O acontecimento pelo qual o povo chorava no momento era prefiguração de um outro dia de juízo: um julgamento a ser derramado nos dias finais deste mundo.
a) Um exército preparado contra Judá, 2: 1-11. Joel anuncia que estava prestes a acontecer uma grande invasão militar. Compara isso a uma devastação pelos gafanhotos que haviam assolado a terra.
Ele pergunta: “Vocês já ouviram, em toda sua vida, em toda história do seu povo, alguma coisa igual?” A resposta ao v. 2 só teria que ser um enfático não!
b) Julgamento final - Joel usa quase todo seu livro para falar sobre o Dia do Senhor, 2: 1, 11, 31; 3: 14; este será o julgamento final de Deus sobre todo mal e também o fim desta era.
Tal dia vai iniciar-se com o arrebatamento da Igreja, 1Ts 4: 15-17; 5: 2; inclui os sete anos de tribulação, que é a última semana de Daniel, 9: 24-27, e culminará com o retorno de Cristo com sua Igreja para reinar sobre a terra, Ap 20: 1-6.
c) Um chamado ao arrependimento, 2: 12-17. A catástrofe que acomete Israel nos tempos de Joel leva a nação, politicamente, ao caos. Mas essa intervenção divina é meramente ilustrativa.
Como o pior ainda está por vir, Deus levanta Joel para inquietar os sacerdotes e exortar o povo ao arrependimento, v. 13, e que este retorne humildemente ao Senhor, não com mãos vazias, mas com sacrifícios de pranto e lamentação genuínos, jejuns e súplicas pelas misericórdias de Deus, v. 12.
Para isso, deveriam proclamar uma assembléia solene, 2: 15-17. Ninguém deveria faltar; nada de desculpas, vv.15 e 16. E os sacerdotes iriam orar com todos, clamando: “Poupa o teu povo, oh, Senhor”, v. 17.
d) Derramamento do Espírito Santo, 2: 28-32. Num tempo futuro, marcado pelo advérbio “depois”, v. 28, o Espírito Santo seria derramado sobre toda carne. Examinando Os 3: 5, veremos que essa promessa abrange os últimos dias Israel, iniciando-se com a tribulação e adentrando o reinado do Messias, que vem em seguida.
Compare, Is 2: 2 com At 2: 17. O tempo é enfático, no v. 29. Deus faz questão de repetir que tal se dará “naqueles dias”. Ou seja, depois do arrependimento nacional e restauração futura de Israel, Zc 11: 10; 13: 1, eventos que serão simultâneos à Segunda Vinda de Cristo.
Esse “grande e terrível Dia do Senhor" se apresentará com prodígios de Deus na terra e no céu, vv. 30-31. Mas Jerusalém e Sião permanecerão, v. 32, e acontecerá depois... que o Espírito Santo será derramado ao remanescente fiel. Note que não haverá qualquer restrição à recepção desse dom: nem diferenças de idade (velhos e jovens), nem de sexo (filhos e filhas), e nem de posição social (servos e servas).
O que aconteceu em At 2 foi o cumprimento dessa profecia, mas o cumprimento total ainda está por vir: Is 32: 15; 44: 3,4; Ez 36: 27,29; 37: 14; 39: 29. Assim, o estudo do profeta Joel relembra que a Igreja deve viver num permanente clima de avivamento, a fim de fazer a vontade do Senhor.

A RESTAURAÇÃO DE TODAS AS COISAS

Em Atos 3;21 lemos: "O qual (Jesus) convém que o céu contenha até os Tempos da Restauração de tudo dos quais Deus falou pela boca de todos os
seus santos profetas desde o princípio." Estamos vivendo um dos tempos mais emocionantes da história do reino de Deus. Neste tempo chamado tempos de restauração, o Senhor está edificando sua igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Neste tempo, o Senhor está derramando um Espírito Apostólico na igreja para restaurá-la.

Cremos que o Senhor está soprando deste Espírito que a levará a cumprir a grande comissão. Ao mesmo tempo em que o Senhor restaura a sua igreja na bíblia chamada de "A Videira", há uma outra árvore que também está sendo restaurada neste tempo, chamada de "A figueira". Nas palavras de Jesus em Mateus 24; 32-35, deveríamos aprender a parábola da Figueira. Ele disse:

"Aprendei, pois, esta parábola da Figueira; Quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está próximo o verão. Igualmente, quando vires todas estas coisas, sabei que Ele (Jesus) está próximo, às portas. Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que essas coisas aconteçam. Os céus e a Terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar".

Ainda segundo o profeta Joel, nesta estação (Tempos de Restauração) a "Videira" e a "Figueira" (Israel) darão a sua força. Joel 2;22 Assim ao mesmo Tempo ou estação em que o Senhor restaura a "Videira", sua igreja aos ministérios apostólicos e proféticos, o Eterno também volta os olhos do seu favor para a "Figueira" Israel, cumprindo as suas promessas a Abraão, Isaque, Jacó (Israel) e Davi.

O Eterno neste tempo reconduz Israel a sua Terra para ali habitar gozando as bênçãos do Senhor. Porém a plena restauração do povo de Israel ocorrerá no auge da sua aflição, quando tudo parecer perdido diante de inimigos humanamente invencíveis.

As pressões mundiais contra os Judeus estão se tornando cada vez mais fortes e isto tem conduzido o. povo a uma união em torno das suas milenares tradições e principalmente em torno das misericórdias divinas e das promessas de Deus relativas a Terra Santa. Pelo estudo criterioso das escrituras, cremos que Israel será alvo das atenções e bênçãos divinas e por fim compreenderão as razões do seu regresso a Palestina, se converterão como nação ao Senhor.

Este processo de conversão pelo qual passará o povo judeu teve início entre as nações "em lugares remotos" (Zacarias 10; 8-10), e se consumará em Eret'z Israel quando Jesus descer sobre o monte das oliveiras com poder e grande glória. Tenho presenciado o início de uma preciosa chuva do Espírito sobre os judeus, em diferentes nações da Terra por onde o Senhor tem me levado a pregar o seu evangelho. De diferentes formas Yeshua (Jesus) tem se revelado ao seu povo como o Mashiach (Messias) prometido.

Oremos para que o grande avivamento do tempo do fim (Chuvas Serôdias) venha sobre Judeus e Gentios, intensificando assim o clamor: "Ora vem Senhor Jesus". Pessoalmente eu recebi chamado para ensinar a Igreja a interceder (New York - USA - Primavera 99), quando o Senhor me disse que orasse para que eles (Judeus) não estivessem na cidade quando viesse a perseguição, mas que pudessem ouvir a voz do Senhor que os chamavam de volta para Eret'z Israel.

No mesmo ano em Jerusalém, o Eterno nos deu um ministério de intercessão chamado Am Israel com propósito de amar, interceder e consolar o povo d'Ele que já está na Terra, bem como os dispersos em todas as nações cumprindo assim as palavras do Senhor em Jeremias 31; 7-9.

"Porque assim diz o Senhor: Cantai com alegria sobre Jacó, exultai por causa da cabeça das nações, proclamai, cantai louvores, e dizei: salva, Senhor, o teu povo, o restante de Israel. Eis que trarei da Terra do Norte e os congregarei das extremidades da terra, e entre eles também os cegos e aleijados, as mulheres grávidas e as de parto; em grande congregação voltarão para aqui. Virão com choro, e com súplicas os levarei; guiá-los-ei aos ribeiros de águas, por caminho direito, em que não tropeçarão; porque sou um pai para Israel, e Efraim é meu primogênito".

Oramos desde 1999, para que os Judeus não estivessem no dia da perseguição e fossem livrados da destruição. E o interessante é que na Manhã de 11 de setembro de 2001, quando as torres gémeas foram destruídas, os judeus que trabalhavam ali, não estavam lá. Tinham ido a um sepultamento de um importante rabino da cidade; morre um cordeiro e o Senhor livra um povo. As orações dos santos podem muito em seus efeitos e a igreja do Senhor é chamada para interceder por Jerusalém e a Nação de Israel.

A restauração de todas as coisas se dará com a restauração completa da Igreja como era no seu início apostólica e profética fluindo nos cinco ministérios auxiliados pêlos braços da intercessão e adoração. Completando assim a MENORAH, do Senhor (a Luz do Senhor na terra), para o grande avivamento do tempo do fim.

Porém, simultaneamente com a restauração do trono de Davi, com Jesus reinando de Jerusalém para todas as nações da terra e com a conversão nacional de um terço de Israel num só dia. Quando o Senhor pisar os seus pés sobre o Monte das Oliveiras. Aguardemos estas coisas com grande expectativa e trabalhamos enquanto é dia com todas as nossas forças para que venha o Reino do Senhor.

Ap. Valdomiro Souto - http://www.tempodofim.com/israel/msg/restauracao.htm