quinta-feira, 28 de maio de 2009

O estilo Tchecov

Anton Pavlovich Tchecov (29 de Janeiro 1860 - 15 de Julho 1904) foi um dos principais contistas e dramaturgos russos, além de médico. Muitos dos seus contos são considerados a apoteose desta forma de expressão, enquanto sua carreira como dramaturgo, embora curta, teve um grande impacto na literatura dramática. De Tchecov muitos dramaturgos aprenderam como usar o humor, a trivialidade evidente e a inação para destacar a psicologia interna de seus personagens. As quatro peças principais de Tchecov - a Gaivota, Tio Vânia, As Três Irmãs e O Jardim das Cerejeiras - foram todas reencenadas muitas vezes desde suas estréias.

Juventude

Anton Tchecov nasceu em Taganrog, uma pequena cidade portuária e provinciana no Mar de Azov, Sul da Rússia, em 29 de Janeiro de 1860. Filho de um dono de mercearia e neto de um servo que tinha comprado a própria liberdade, Tchecov foi o terceiro de seis filhos.

Anton freqüentou uma escola para crianças gregas em Taganrog (1866-1868), e com oito anos de idade foi enviado ao Colégio de Taganrog (atual Ginásio Tchecov), onde se mostrou um aluno mediano. Reservado e discreto, sem embargo granjeou boa reputação entre os colegas por suas tiradas satíricas e bem-humoradas e por sua capacidade de inventar apelidos engraçados para os professores. Gostava de participar de montagens de teatro amador e muitas vezes assistia a peças no teatro local. Adolescente, tentou a sorte escrevendo pequenos textos cômicos, embora também se saiba que escreveu uma peça adulta nesta época: "Órfão", destruída logo depois.

Tchecov apaixonou-se pelo teatro e literatura já na infância. A primeira peça a que assistiu foi a opereta La Belle Hélène de Jacques Offenbach no teatro de sua cidade no dia 4 de Outubro de 1873. Tchecov, com treze anos então, tornou-se um grande amante do teatro e gastaria praticamente todas as suas economias com ele. Escolhia sempre lugares na galeria por serem mais baratos (40 copeques de prata), e porque os estudantes precisavam de uma autorização especial para ir ao teatro. Na maior parte das vezes, recebia autorização para assistar às peças somente durante os fins de semana. Às vezes, Tchecov e outros estudantes colegas disfarçavam-se, tentando enganar o fiscal que verificava a presença não autorizada de menores.

A mãe do escritor, Eugênia (Yevgeniya), foi uma excelente contadora de histórias e supõe-se que Tchecov tenha herdado seu dom narrativo, além de ter aprendido a ler e escrever com ela. O pai, Pavel (Paulo) Yegorovich Tchecov, era um sujeito sóbrio e sério e dedicado aos assuntos da igreja e família. Em 1875, enfrentando dificuldades financeiras, foi forçado a escapar dos credores, fugindo para Moscou, onde seus dois filhos mais velhos freqüentavam a universidade. Durante vários próximos anos a família viveu na pobreza.

Anton ficou atrás em Taganrog durante mais três anos para terminar a escola. Dava aulas particulares para equilibrar o orçamento e chegou a trabalhar numa loja de roupas. Em 1879, Tchecov graduou-se na escola secundária e partiu para Moscou, para reunir-se a sua família. Logo a seguir, ingressou na escola médica na Universidade de Moscou.

Primeiras obras

Tentando ganhar algum dinheiro e ajudar sua família, Tchecov começou a escrever peças curtas, quadros humorísticos e satíricos da vida russa contemporânea, muitos deles sob pseudônimos como Antosha Chekhonte, Homem Sem Spleen e outros. A sua primeira peça foi publicada no semanário Strekoza (Libélula) de São Petersburgo em março de 1880. Não se sabe quantos textos Tchecov escreveu durante este período, mas sua produção foi prodigiosa e ele rapidamente granjeou boa reputação como cronista satírico da vida cotidiana russa.

Sua primeira tentativa foi com uma peça excessivamente longa batizada "Peça sem título", "O Inútil Platonov" e ainda apenas "Platonov". Tentou sem sucesso que alguém montasse o texto, que permaneceu inédito até 1923.

Nicolas Leykin, um dos principais editores da época e proprietário do Oskolki ("Fragmentos"), ao qual Tchecov começou a enviar alguns dos seus trabalhos mais perfeitos, reconheceu o talento do escritor mas restringiu o comprimento da prosa de Tchecov, limitando-o só a textos de uma página e meia de extensão. Alguns acreditam que foi esta limitação que ajudou a cimentar em Tchecov seu estilo conciso e fulminante.

Tchecov formou-se médico em 1884, mas continuou escrevendo para revistas semanais e em 1885 começou a escrever para a Peterburgskaya Gazeta ("A Gazeta de Petersburgo") textos mais longos e de natureza mais sombria, de início rejeitados. Em dezembro de 1885 foi convidado a colaborar em um dos jornais mais respeitados de São Petersburgo , o Novoye vremya ("Novos Tempos"), do editor e magnata Alexey Suvorin. Antes de 1886 Tchecov tornaria-se um escritor conhecido, mas ainda considerava a sua escrita um passatempo de diletante.

Dmitrii Grigorovich, um dos muitos escritores que perceberam o talento de Tchecov, persuadiu-o a levar sua carreira de escritor a sério. Em um ano imensamente frutífero, Tchecov escreveu mais de cem histórias e publicou a sua primeira coleção "Contos Variados" (Pestrye rasskazy) com a ajuda de Suvorin e, no ano seguinte, a coletânea de contos "No Crepúsculo" (V sumerkakh) deu a Tchecov o cobiçado Prêmio Puchkin . Isto marcaria o início de sua prolífica carreira.

Da Biblioteca do Equívoco Direto para o Mensageiro da Realidade