sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A SAGA DE ORSON WELLS EM FORTALEZA







Fortaleza em 1942 apresentava um pouco mais de 150 mil habitantes. Dormia-se cedo, por volta das 21 horas. A beira-mar era vazia, não havia edifícios, somente casas de pescadores. O Mucuripe era de difícil acesso.No início dos anos 40, quatro pescadores brasileiros se lançaram ao mar para uma viagem que entrou para a história dos jangadeiros cearenses, da navegação, do Estado Novo e do cinema. Tão arriscada foi ela, que até na imprensa americana ganhou espaço nobre. Num artigo intitulado Four Men on a Raft (Quatro Homens numa Jangada), a revista Time (8/12/1941) reproduziu toda a odisséia de Manoel Olímpio Meira (Jacaré), Raimundo Correia Lima (Tatá), Manuel Pereira da Silva (Mané Preto) e Jerônimo André de Souza (Mestre Jerônimo), que a bordo de uma jangada singraram os 2.381 km que separam Fortaleza do Rio de Janeiro, sem bússola ou carta náutica.Foram mais de 61 dias de viagem pelo mar...Os jangadeiros queriam chamar a atenção do País e do governo para o estado de abandono em que viviam os 35 mil pescadores do Ceará.Até que....então...Na primeira semana de dezembro de 1941, folheando a Time, Orson Welles tomou conhecimento da proeza de Jacaré & cia., e teve um estalo: ali estava o segundo episódio brasileiro de It's All True, o filme pan-americano que o governo Roosevelt há pouco lhe encomendara.Welles chegou ao Brasil em 8 de fevereiro de 1942, filmou o carnaval carioca, e em 8 de março fez uma viagem de reconhecimento a Fortaleza. Lá chegou num vôo especial da NAB (Navegação Aérea Brasileira) e foi recebido como "um Napoleão do cinema". Hospedada no Excelsior Hotel, no centro da cidade, a entourage It's All True (Welles levou seis acompanhantes, entre os quais Morel, seu fiel assistente Richard Wilson e a tradutora Matilde Kastrup). Dois meses mais tarde, Jacaré e seus três companheiros foram trazidos de avião até o Rio e hospedados no hotel Copacabana Palace. Por 500 mil réis semanais, participariam de algumas cenas do episódio carnavalesco, ao lado de Grande Otelo, rodariam no aeroporto a despedida do Rio e reconstituiriam, numa praia da Barra da Tijuca, a triunfal chegada da jangada ‘São Pedro’ à Baía de Guanabara. Nessa ordem. Várias tomadas da chegada ao Rio chegaram a ser feitas, no dia 19, mas uma manobra infeliz da lancha que rebocava a jangada a teria virado na praia de São Conrado, jogando ao mar agitado os seus quatro tripulantes. Três se salvaram. O corpo de Jacaré desapareceu e nunca foi encontrado. Ainda assim, Welles foi em frente. As coações, quase sempre veladas, da ditadura getulista o perturbavam bem menos que o assédio crescente da RKO e do governo americano, que o acusavam de gastar dinheiro a rodo.Do Rio, novamente Welles desembarcara na Base Aérea de Fortaleza às 15h30 do dia 13 de junho. Apesar do que ocorrera com Jacaré, foram acolhidos com enorme simpatia. Para assegurar maior tranqüilidade aos trabalhos, estabeleceram-se nas areias do Mucuripe e ali rodaram a história de amor do jovem pescador (José Sobrinho) com uma bela morena (Francisca Moreira da Silva, então com 13 anos), o casamento dos dois, a morte do jangadeiro e seu enterro nas dunas, a conseqüente revolta dos pescadores pelas suas precárias condições de vida e a decisão política do reide até o Rio de Janeiro. No papel de Jacaré, puseram seu irmão Isidro. Em Fortaleza, Welles revelou-se um homem radicalmente diferente do garotão farrista e mulherengo que os cariocas conheceram. Não deixou de ir a festas (chegou a marcar quadrilha num folguedo junino), nem de freqüentar o Jangada Clube, mas parou de beber e deu um duro danado nas seis semanas que lá passou, correndo contra o relógio e fazendo malabarismos com o orçamento. Sempre alegre, passou a viver com os pescadores, que o tratavam de "galegão legal" e admiravam o seu desprendimento de confortos materiais e sofisticações culinárias. Dormia numa cabana rústica, mal protegida dos raios solares, e à noite, depois de encarar um portentoso prato de feijão com arroz e peixe, recolhia-se para escrever madrugada adentro.


Fonte: Estadão

AS LINHAS QUE TRAFEGAVAM NA ANTIGA IGREJA DA SÉ


Antiga Sé (Catedral) de Fortaleza. Segundo Nirez, "no dia 11/09/1938 foi rezada a última missa na velha Catedral e em seguida ela foi demolida juntamente com seu cruzeiro cujos santos que o enfeitavam estão hoje no Museu São José do Ribamar, no Aquiraz."Bondes que trafegavam no local. Adolpho Quixadá lembra que duas linhas passavam pela praça - Prainha e Praia de Iracema. Nirez confirma: "Existiam duas linhas que passavam por ali, uma era a "Prainha", que ia até o pé da subida da ladeirada Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Prainha, hojeem frente ao Centro Cultural Dragão do Mar, logo após aCapitania dos Portos; a outra linha era da Praia de Iracema,que seguia pela atual Avenida Pessoa Anta."
Um viajante inglês registrou a existência de bondes em Fortaleza na década de 1870, mas outras fontes afirmam que a primeira linha de bondes puxados por cavalos, entre a estação ferroviária e o centro de Fortaleza, foi inaugurada pela Companhia Ferro-Carril do Ceará (FCC) em 25/4/1880, usando bitola de 1.400 mm a mesma usada pela Trilhos Urbanos na linha de bondes a vapor em Recife. A Ferro Carril do Parangaba abriu uma linha para o lado Sul da cidade em 18/10/1894 e a Ferro Carril do Outeiro (FCO) iniciou sua linha no lado Leste de Fortaleza em 24/4/1896. A Ceará Tramway, Light & Power Co., Ltd., registrada em Londres em 11/12/1911, comprou os sistemas da FCC e da FCO e inaugurou a primeira linha de bondes elétricos da capital cearense em 9/10/1913, agora com bitola de 1.435 mm. A linha Parangaba foi fechada em 1918 e não chegou a ser eletrificada. Todos os veículos elétricos de Fortaleza tinham um padrão, com troles: a United Electric construiu 30 em 1912 e dez em 1924. A linha de bondes de Fortaleza foi fechada por problemas elétricos em 19/5/1947 - três semanas após o fechamento do sistema de bondes em Belém. Vinte anos depois, em 25/1/1967, a Companhia de Transportes Coletivos inaugurou duas linhas de trólebus entre o lado Oeste da cidade e o Largo do Carmo.

OS BONDES NA PAISAGEM DE FORTALEZA


Já a imagem abaixo, da mesma época, mostra o bonde elétrico, na Floriano Peixoto, aberto prefixo 76, na linha do Outeiro, passando ao lado de uma bomba de gasolina. Reparem na arquitetura dos prédios... Banco do Brasil, na época...(por volta dos primeiros cinco anos da década de 1930)

OS BONDES NA ANTIGA FORTALEZA


Na foto abaixo (da coleção do pesquisador Allen Morrison, de New York),um bonde elétrico no centro da capital cearense,em meados do século XX. Na altura do depósito, o bonde dobrava à esquerda e, depois de cerca de 50 metros,na rua 24 de Maio, parava na esquina da rua Castro e Silva.Virava a lança, voltava e parava de novo ao lado da Estação Central, para dar embarque (serviço inverso de quandovinha trazendo passageiros para os trens urbanos)aos passageiros que haviam chegado ou outros usuários que demandavam o centro da cidade.