terça-feira, 30 de setembro de 2008

O Crack de 29


No início do século XX, os Estados Unidos viviam o seu período de prosperidade e de pleno desenvolvimento, até que a partir de 1925, apesar de toda a euforia, a economia norte-americana começou a passa por sérias dificuldades. Podemos identificar dois motivos que acarretaram a crise: - O aumento da produção não acompanhou o aumento dos salários. Além de a mecanização ter gerado muito desemprego. - A recuperação dos países europeus, logo após a 1ª Guerra Mundial. Esses eram potenciais compradores dos Estados Unidos, porém reduziram isso drasticamente devido à recuperação de suas econômicas.
Diante da contínua produção, gerada pela euforia norte-americana, e a falta de consumidores, houve uma crise de superprodução. Os agricultores, para armazenar os cereais, pegavam empréstimos, e logo após, perdiam suas terras. As indústrias foram forçadas a diminuir a sua produção e demitir funcionários, agravando mais ainda a crise. A crise naturalmente chegou ao mercado de ações. Os preços dos papéis na Bolsa de Nova York, um dos maiores centros capitalistas da época, despencaram, ocasionando o crash (quebra). Com isso, milhares de bancos, indústrias e empresas rurais foram à falência e pelo menos 12 milhões de norte-americanos perderam o emprego.
Abalados pela crise, os Estados Unidos reduziram a compra de produtos estrangeiros e suspenderam os empréstimos a outros países, ocasionando uma crise mundial. Um exemplo disso é o Brasil, que tinha os Estados Unidos como principal comprador de café. Com a crise, o preço do café despencou e houve uma superprodução, gerando milhares de desempregados no Brasil.
Para solucionar a crise, o eleito presidente Franklin Roosevelt, propôs mudar a política de intervenção americana. Se antes, o Estado não interferia na economia, deixando tudo agir conforme o mercado, agora passaria a intervir fortemente. O resultado disso foi a criação de grandes obras de infra-estrutura, salário-desemprego e assistência aos trabalhadores, concessão de empréstimos, etc. Com isso, os Estados Unidos conseguiram retomar seu crescimento econômico, de forma gradual, tentando esquecer a crise que abalou o mundo.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A NOVA ORDEM MUNDIAL


Recentemente, tendo em vista a queda do comunismo, foi feita uma declaração sobre uma Nova Ordem Mundial, muito embora por várias décadas a literatura islâmica tenha criticado tanto o comunismo como o capitalismo, pois nunca esperou que pudessem durar. Trabalhos comparativos foram feitos para demonstrar onde cada um deles erra quando comparado com um sistema independente derivado dos ensinamentos do Islam.
Seria bastante temerário concluir que o colapso do comunismo é um atestado da competência do capitalismo. Na verdade, ambos partilham o inconveniente de serem ideologias materialistas, provisionando bens que são mais do que o lado material. Ambos cometeram erros ainda que em direções opostas e que são a suposição de que indivíduo e sociedade estão em conflito irreconciliável. O comunismo aniquilou o indivíduo em favor da sociedade. Mas, o que é a sociedade senão indivíduos multiplicados? O resultado foi uma sociedade inevitavelmente aniquilada.
O capitalismo, por outro lado, exaltou a individualidade, superprotegendo-a das reivindicações da sociedade. O indivíduo imbuiu-se de um egoísmo justificado e quando foi projetado para o exterior, manifestaram-se suas várias expressões como o classismo, o corporativismo, o nacionalismo, o racismo, a escravidão e o colonialismo. A pedra angular do capitalismo é que a única função e destino exclusivo do capital é crescer e continuar crescendo sem limites. Quando os mercados locais estão saturados é preciso buscar novos mercados além mar e no Terceiro Mundo. Existe uma cegueira (talvez deliberada) para o fato de que é impossível alcançar crescimento infinito em um mundo finito. Na corrida febril por dólares e mais dólares, associada ao estímulo planejado e ativo de padrões de consumo e obsolescência - não para a satisfação das necessidades e sim para a satisfação de confortos, prazeres e luxos - fontes naturais, muitas não renováveis, são violadas em passos acelerados. Esta sobrecarga atingiu não só os recursos mas também o Terceiro Mundo como o mercado vital e a vaca sagrada.
Recursos naturais exauridos e matéria-prima comprada a preços irrisórios (se comparados com os preços exorbitantes que são pagos pelos produtos industrializados), impedem de cumprir projetos que poderiam melhorar sua sorte e torná-los menos dependentes das importações do Primeiro Mundo. Para impedir a morte total doTerceiro Mundo por inanição, eles injetam regularmente capital novo sob a forma de empréstimos e ajudas, a fim de manter seu poder de compra, para favorecer o capital ocidental. Ai! somente uma fração mínima desta ajuda é destinada para as necessidades do povo. A maior parte vai para a elite local que forma a classe governante e seu séquito, e que se comprometem em manter o status quo. Impedem o debate público sobre os termos e condições dos empréstimos e ajuda, bloqueiam qualquer tentativa de supervisão de sua administração e estabelecimento de responsabilidades pelos seus desvios, oprimem o trabalho honesto e permitem procedimentos negligentes e mantêm uma proibição total sobre o combate à corrupção que se tornou marca registrada dos governos do Terceiro Mundo, inclusive em muitos países do mundo islâmico. Isto parece explicar dois paradoxos: o primeiro é que no Oriente Médio, onde o ocidente mais bombeia dinheiro, é onde estão os países mais pobres e a dívida mais profunda; o segundo é a traição das democracias aos movimentos democráticos que parecem perto de alcançar o poder através de um justo processo democrático. Invariavelmente, as democracias apoiam os ditadores contra as aspirações democráticas de suas populações e quando necessário até com o uso do poder militar. A expressão "estabilidade", que é a meta declarada de toda intervenção ocidental, na verdade significa a manutenção das melhores oportunidades exploradoras para o capital estrangeiro mesmo que isto implique em ser o pior para as massas. Elas e as futuras gerações herdarão uma dívida elevada que o PIB será incapaz de honrar o serviço quanto mais pagar toda a dívida. Este estado de coisas é conhecido e sentido pelo povo. Eles vêem seus resultados em suas casas, famílias e filhos. Eles chamam a isto de injustiça e bem que tentam mudar mas são brutalmente reprimidos. As políticas ocidentais participam desta repressão e para justificá-la aos olhos de seu povo, têm fórmulas e terminologias pré-fabricadas (erosão da estabilidade ou manifesta agressão aos nossos interesses nacionais). Até recentemente era conveniente chamar essas pessoas de "comunistas". Desde que acabou o comunismo, o novo rótulo é "fundamentalista islâmico".
Com a imensa máquina da mídia de propriedade das grandes corporações e dotada de grande capital, projetada para manipular e moldar a opinião pública, as massas do ocidente facilmente engolem a isca, e de boa fé, sancionam os meios e as formas de fazer essa política. E contudo, isto não é o pior sobre a natureza insuspeita e submissa das pessoas no ocidente. O que elas agarram aos poucos é o apetite voraz do capital e sua prática gananciosa no Terceiro Mundo não está limitda áquelas regiões habitadas por pessoas estranhas e exóticas, pois não hesitam em fazer o mesmo em casa e aos seus próprios cidadãos sempre que estimulados pelos ditames daquele princípio sagrado: crescimento e mais crescimento, capital e mais capital, dólares e mais dólares! O que mais pode explicar a transferência de grandes nacos de indústria para o sudeste asiático e outros lugares, onde o trabalho mais barato (tanto financeio como humano) pode produzir um produto final mais barato o qual, no entanto, não será vendido por preço mais barato quando de volta para a América. Durante o processo, milhões de trabalhadores americanos são descartados e vão compor as fileiras de desempregados.
Este caminho do capitalismo selvagem não pode continuar indefinidamente e todas as evidências mostram que terá um triste final, evidências que têm sido ignoradas e diminuidas e atacadas e pressionadas, mas estão lá, gostem ou não seus opositores. O ganso dos ovos de ouro dos recursos naturais e a vaca sagrada do Terceiro Mundo não sobreviverão por muito tempo. A menos que haja uma mudança radical de curso, antes que seja muito tarde, este planeta deixará de ser sustentável!
O que sentimos deveria ser pedir, no entanto, não uma mudança de governantes e sim uma mudança de corações. Enquanto a velha mentalidade do materialismo reinar não há esperança exceto um tratamento sintomático que poderia retardar o inevitável por um curto período mas não o impediria. Enquanto o pensamento dominante permanecer em termos de nós contra eles, norte contra sul, explorador contra explorado, rico contra pobre, branco contra negro e senhores contra escravos (pelo menos servos), não há esperança no futuro. O barco da humanidade afundará até enquanto os passageiros das cabines de primeira classe acumulam valores e luxos. Parece pouco provável que os políticos e financistas do mundo terão a visão, sabedoria e capacidade de empreender uma mudança deste porte. Também é uma pena vê-los neste caminho sinistro e levando ahumanidade à beira do abismo. A única esperança é uma campanha educacional maciça do público que, como eleitores são os árbitros no final do dia. Se for criada demanda por um novo caminho os políticos também mudarão ou serão expulsos do caminho das mudanças.
O que o Islam tem a ver com tudo isto? Os estudiosos e pensadores islâmicos (não os terroristas e extremistas que a mídia se agarra como uma máscara fixa em tudo o que é islâmico) durante muito tempo esboçaram as características de um sistema islâmico baseado na shari'ah islâmica e naturalmente não uma cópia de fórmulas que poderiam ter servido em épocas e circunstâncias anteriores. Nem devem ser consideradas exclusivamente islãmicas ou prescritas só para os muçulmanos, pois o bem estar da humanidade é uma preocupação comum e em nosso encolhido mundo interativo todos enfrentamos o mesmo destino. Os principais aspectos deste sistema sâo:
1) o homem não é o ser supremo deste universo, e sim está submetido ao Ser Supremo, Deus! Sem Deus tudo se torna possível, conforme Dostoyevski disse, e tudo pode ser racionaolizado e justificado. Quando o homem destronou Deus, ele resvalou para a auto-adoração. O papel do homem neste universo é o de vice-gerente e curador de Deus, portanto, equipado com todos os requisitos que o habilitam a exercer um mandato total sobre a natureza, mas de acordo com as instruções do Criador e não em obediência aos seus impulsos e tentações. Nem a ciência (um instrumento ainda em sua infância) nem a arrogância (uma armadilha fatal) devem levar o homem a imaginar que pode agir como Deus ... ainda que ele fosse sábio o bastante.
2) O domínio final é de Deus pelo fato de Ele ser o Criador. Nosso domínio sobre as coisas está em segundo plano. Enquanto tivermos consciência de que o capital tem seus direitos mas também seus deveres, somos livres, quase que ilimitadamente, para possuir e aumentar nossa riqueza por intermédio de meios lícitos. A função do capital não é só crescer ad infinitum mas também a de cumprir suas obrigações para com a sociedade. A afirmação (tanto pelo comunismo como pelo capitalismo) de que existe um conflito inevitável entre o indivíduo e a sociedade não existe no Islam, onde a premissa é o equilíbrio entre um e outro para que todos sejam felizes. Este equilíbrio não é mantido só pela força da lei mas, o que é mais importante, para satisfação de Deus, que cria a felicidade em dar. Deus está sempre nesta equação e é uma realidade viva, e que, na ideologia materialista é uma noção sem qualquer significado. Esta nova filosofia é factível e acessível mas não submetida a um valor independente do sistema educacional, a onda sísmica da doutrinação midiática, ou a uma sociedade tolerante com as injustiças. A sociedade é tão intercomplementar e integrada que ninguém pode viver isolado seja no topo das riquezas ou nas profundezas da pobreza.
Há mais de 14 séculos atrás, Omar, o segundo califa do Islam, decretou que se um homem de uma cidade morresse na pobreza os cidadãos teriam que pagar um resgate, como se eles o tivessem matado. A comunidade é como "um corpo ...quando um órgão adoece os outros se reunem em torno para ajudá-lo", conforme disse pelo profeta. Cada cidadão tem o direito de viver um nível determinado de conforto (não só o da subsistência) e, considerando que viver da caridade é desestimulado, deduz-se que os direitos individuais compreendem o direito a um emprego remunerado. A tecnologia substitutiva de mão-de-obra é permitida como uma resposta à escassez de trabalho mas nunca para poupar empregos e levar os trabalhadores ao desemprego. O homem tem prioridade sobre a máquina e a norma jurídica é o bem-estar coletivo sobre o bem-estar pessoal. Isto não significa embaraço ao progresso tecnológico mas sim que deve andar de mãos dadas com a avaliação das consequências. Os trabalhadores são permitidos e estimulados a comprar ações desuas companhias para diminuir a polarização entre capital e trabalho e para que se interessem pelo progresso da companhia.
No Islam a premissa é a de que Deus encaminhou o sustento do pobre para a riqueza do rico ... e numa nova ordem mundial o princípio pode ser levado a proporções internacionais. Uma outra regra no Islam é que o dinheiro como instrumento não pode gerar dinheiro, a não ser que atrelado a algum tipo de atividade produtiva. Deste ponto de vista, a usura é ilícita no Islam. Nas recentes décadas muito se escreveu sobre os juros bancários e na verdade vários bancos, não só nos países islâmicos mas na Europa também, participaram da experiência.
3) A SINGULARIDADE da humanidade como uma única família compartilhando o parentesco comum com Adão e Eva, deve ser enfatizada e ensinada às crianças desde a mais tenra idade, juntamente com a igualdade inata dos seres humanos. Infelizmente tanto a ciência como a religião foram mal utilizadas na Europa (e na América) para forjarem provas da superioridade natural da raça branca (ariana) sobre as outras raças. Tais evidências agora estão mortas e enterrradas, mas seu legado continua. Até hoje em muitas igrejas do ocidente, Jesus é mostrado como um homem branco de olhos azuis e não como o resto dos palestinos. A evidência do racismo do ocidente praticamente permeia todos os aspectos da vida e ousamos dizer que a vontade de mudar tudo isto ainda aguarda o seu momento. A crescente batalha pelos direitos civis na América continuou nas décadas passadas apesar do progresso visível não se pode dizer que o gosto amargo da escravidão tenha se dissolvido. Igualdade não é um conjunto de especificações legais e sim, antes de mais nada, um estado de espírito.
Até agora, o homem negro ainda não ouviu a palavra "desculpa" do homem branco pelo histórico de escravidão que tinge a história da civilização branca (os americanos amarelos - japoneses - receberam um pedido de desculpas e reparações por causa do confinamento durante a II Guerra Mundial). As tensões raciais continuam a explodir e, embora lamentável, muitas vezes eles encontram justificativas como a dos tumultos em Los Angeles, em passado recente. A todo momento há uma convocação e alguns esforços para melhorar a sorte dos negros; ainda que seja uma boa iniciativa, falta identificar a etiologia do problema. Nem as balas ou os dólares serão soluções permanentes e verdadeiras. Somente quando se sentir e acreditar profundamente que todo ser humano é um irmão ou irmã igual e querido é que pode ocorrer uma mudança real. E isto não será decretado por qualquer lei, pois esta é uma função da educação. Há vários motivos, e não só para esta questão racial, para uma revolução educacional nas escolas e em todos os canais educacionais para restruturar a mentalidade humana em novas bases que possam criar uma nova humanidade mais unificada e misericordiosa, colocando a vida em nossos slogans de liberdade, fraternidade e igualdade, não dentro de fronteiras nacionais mas em escala global (e ao inferno com os outros).
Isto deve ser acompanhado de um esforço verdadeiro para o desenvolvimento do Terceiro mudno. Estima-se que o subsídio que a Europa paga a seus fazendeiros é suficiente para provocar uma transformação no Terceiro Mundo, assim como para eliminar o problema da fome no mundo todo. Esta idéia foi sumariamente ridicularizada em um encontro (filantrópico) que aconteceu na Europa, de ex-ministros e primeiros-ministros de vários países. Tanto a suspensão do subsídio como o desenvolvimento do Terceiro Mundo foram considerados uma opção de vida, a primeira um expediente político e o último uma estratégia política.
4) Uma outra faculdade humana que rapidamente se deteriorou e precisa ser restabelecida é a faculdade de automoderação. Embora esta seja a principal diferença entre o homem e o animal, a mentalidade dos tempos modernos parece ter provocado estragos. Um rapaz que foi preso por atirar em carros que passavam em uma estrada e matar algumas pessoas só teve a seguinte explicação a oferecer "Senti como se matasse alguém". Este não um exemplo isolado. Estatísticas sobre crime mostram claramente que isto se tornou um fenômeno social em lugar de uma exceção. A leitura de boletins e documentos a respeito confirmam isto. A falta de um sistema de valores saudável e a aterradora falta de resistência ante os impulsos e tentações são fatores determinantes e a chave para a mudança pode ser encontrada na educação e na mídia. Se houver um Dia do Juízo, como os muçulmanos e outros acreditam, então não se pode invejar os retardados da mídia quando tiverem que responder pela publicação e promoção da violência, pornografia e licenciosidade. Falar do idescritível, então falar do indescritível e naturalmente isto se torna descritível. Nossos jovens então exploram e experimental até se tornarem viciados sociais.
Infelizmente, alguns estados estão lançando de forma sutil para a sua juventude o exemplo do recurso do poder da nudez, principalmente quando eles são fortes além dos limites e o adversário é fraco além dos limites. A folha da figueira chamada valores e princípios sempre cai quando o gigante militar esmaga qualquer agressão com todo o seu poder, praticamente sem encontrar resistência; quando sobrevém uma agressão pior, o mesmo gigante recua porque "a tarefa não será fácil". Olhar para a vida humana é insondável, seja quando a atacamos ou quando nos abstemos de protegê-la. Uma das coisas mais poderosas e reveladoras que foram ditas por ocasião da Guerra do Golfo foi a de um líder militar: "Não é de nosso ofício contar corpos", mas é claro que aquilo significava os corpos do outro lado.
5) Guerra e Paz - As normas da guerra no Islam são muito claras e foram delineadas explicitamente pelo profeta Mohammad. Primeiro ela deve ser de natureza defensiva, ou para acabar com a opressão onde quer que ela possa estar, o que hoje é chamado de justa causa. A aliança para parar com a agressão está expresso no versículo alcorânico: "Se duas partes dentre os fiéis combaterem entre si, façam a paz entre eles; mas se um deles provocar o outro, então combatam (todos) aquele que provoca até que se cumpra o mandamento de Deus. Mas, se cumprirem (os mandamentos) então façam a paz com justiça e sejam sinceros, porque Deus ama aqueles que são justos." (Alcorão 49:9). A aliança com não muçulmanos por uma causa justa é correto. Um exemplo é o tratado com os judeus de Medina para a defesa da cidade contra os descrentes na época do profeta. Um outro exemplo é a referência feita pelo profeta ao tratado bem antes do Islam entre as tribos de Meca para se juntarem no apoio aos oprimidos e seu comentário "Foi uma aliança antes do Islam mas se - no Islam - eu tivesse sido convidado para me juntar a eles eu teria aceitado." As instruções explícitas do profeta aos seus exércitos eram rigorosas no sentido de que eles só poderiam combater os beligerantes e não as mulheres, crianças e velhos. Como instruções de guerra, os religiosos não muçulmanos em suas ermidas ou casas de adoração, não deveriam sofrer qualquer dano e nem as árvores dos inimigos deviam ser cortadas ou queimadas, os animais não deveriam ser alvejados ou mortos a não ser para alimento. Quando se analisa estas condições fica claro que elas não são podem ser factíveis nas condições de guerra atuais. Talvez a I Guerra Mundial tenha sido a última onde lutar ficou restrito ao pessoal militar. Na Guerra Civil Espanhola, nos anos 30, os governantes começaram a mudar, ficando mais evidente na II Guerra Mundial, na Guerra da Coréia e na Guerra do Vietnã. As duas bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasakifalam por si sós, assim como o tapete de bombas da Guerra do Vietnã e suas "zonas de fogo", matando não pessoas, animais e plantas mas o solo também.
Algumas pessoas poderiam achar que esta ética islâmica para a guerra agora seja teórica e não se aplique à época atual, talvez como muitos outros preceitos islâmicos. A lógica dessas pessoas é óbvia. Os muçulmanos e outros, no entanto, encaram a questão de uma outra perspectiva. Uma vez que a guerra moderna é tão devastadora, então ela deve deixar de ser uma opção de solução de conflito. A guerra deve ser obsoleta, como a escravidão! Certamente a humanidade, no auge de uma civilização jamais alcançada antes, e à medida em que entra o segundo milênio e anuncia e comemora uma Nova Ordem Mundial, é capaz de divisar um outro insturmento de se fazer a paz que não seja a guerra. Talvez tribunais de justiça independentes possam resolver as diferenças entre as nações. Em passado recente, Egito e Israel lutaram por causa do Sinal. Quando um pedaço disputado de terra se mostrou como obstáculo, este foi resolvido pacificamente através de arbitragem internacional, sem derramamento de uma gota de sangue. Afinal de contas, a guerra não faz diferença entre o certo e o errado, apenas mostra quem é o mais forte, quem possui o poder destrutivo maior. É um mau presságio que a Nova Ordem Mundial tenha sido anunciada por ocasião de um acontecimento militar esmagador. As decisões que se seguiram levantam a suspeita de que o novo na Nova Ordem Mundial nada mais era do que a velha ordem, só que presidida sobre um adversário ao invés de dois.
Certamente não é um bom negócio criar tribunais judiciários capazes de resolver conflitos (isto exclui a ONU e seu Conselho de Segurança). O sucesso de tal idéia gira inteiramente em torno de um eixo, o de que os países civilizados decidirão ser ... civilizados! Isto é verdade e ninguém jamais diria que eles estão contra a verdade, mas eles estão. A verdade é um valor; e lamentavelmente a política não faz muito caso de valroes, e esta é que é a verdadeira ameaça que o mundo enfrenta. Os fortes cederão à justiça na conformidade da lei, ou continuarão insistindo que poderiam fazer o correto? O complexo industrial-militar abandonará a doutrina de viver sob um sistema de guerra que tem que se justificar com uma guerra aqui e outra ali? A justiça pode ser incluída na distribuição do bolo dos recursos mundiais e no custo de seu suprimento? É claro que não, seria uma blasfêmia para os donos da ordem atual, a menos que as coisas mudem e as mudanças não virão de cima. Elas virão de baixo, das origens.
(6) A Ecologia - A fim de gerar dólares para comprar comida, pagar as dívidas, armar seus exércitos e polícia para proteger seus ditadores e satisfazer o apetite insaciável da elite e dos governantes, o lado mais pobre da humanidade dos países em desenvolvimento estão tendo seus recursos naturais esgotados. O lado opulento da humanidade, e com o mesmo objetivo de fazer mais dólares para que o rico fique mais rico, aumente seus padrões consumistas, os luxos e a satisfação de seus prazeres, o mundo industrializado está violando, envenenando, poluindo e matando a ecologia. Isto acontece numa época onde nossa ciência e teconologia são capazes de influenciar a biosfera de uma forma dramática sem precendentes. E isto acontece em tempos de paz, não contando com o dano devastador e permanente que a guerra moderna é capaz de provocar. Estamos tirando do futuro, a uma taxa extravagante, levando em conta estimativas razoáveis que nos dizem que estamos incorrente em um débito para as gerações futuras que não seremos capazes de pagar. Medidas paliativas e sugestões factíveis foram prescritas, mas o obstáculo, como esperado, são sempre aqueles que têm as rédeas do poder, os curadores do capitalismo desenfreado, ganancioso, egoísta, glutão. Como diz o Alcorão "Entre os homens há aquele cujo discurso sobre o mundo encanta a todos e ele pede que Deus seja sua testemunha do que está em seu coração, no entanto ele é o mais encarniçado dos inimigos. Mas, quando ele predomina, então percorre a terra espalhando a traição e destruindo as colheitas e o gado, e Deus não estima a traição." (2:204-5)
No entanto, de real importância, é que o movimento ecológico fora da esfera da política está ganhando impulso. No Dia da Terra, em 1990, 1 milhão de pessoas de 140 países se mostraram na maior demonstração jamais acontecida antes. Essas pessoas não podem ser ignoradas pelos políticos ou então perdem seus votos. Talvez seja tempo de se criar uma organização ecológica internacional, que contaria com a participação dos governos mundiais que concordariam previamente em acatar as recomendações, recomendações, é claro, que não seriam indiferentes à questão da justiça.de acordo prévio
(7) Questões de População - A população mundial está crescendo a uma taxa que ultrapassa a dos recursos disponíveis. Portanto, as preocupações com relação à explosão demográfica são bastante legítimas e, uma vez que o aumento populacional acontece no Terceiro Mundo, este tem sido acusado de comportamento irrespondável e considerado culpado pelo ocidente. Açóes disciplinares foram consideradas e vários países que fornecem ajuda, inclusive os Estados Unidos, acolheram a idéia de ligar a ajuda a avanços nos programas de fertilidade e planejamento familiar. Pior do que isto, em um artigo intitulado "Maquiavel seria um guia melhor para os médicos do que Hipócrates?" (World Health Forum, vol. 14, 1993 p. 105), o dr. Jean Martin revê algumas opiniões ocidentais que questionam a conveniência de alguns programas de vacinação e outros no Terceiro Mudno, uma vez que eles permitem que as crianças vivam, provoquem efeito nos recursos e repetem, finalmente, o ciclo de fome e morte; em outras palavras, existe uma chamada para estabelecer limites na redução da mortalidade infantil no Terceiro Mundo. Parece lógica mudança do humanitarismo para o "pragamatismo", daí a inclusão do nome de Maquiavel no artigo.
Existe um problema que ninguém pode negar. É o de que há necessidade de aproveitar as famílias que queiram usar (sem coerção) de métodos contraceptivos seguros, confiáveis e acessíveis, o que também é um fato e o Islam não tem dúvida em relação a isto. Nossa única reserva é, que colocando a culpa do problema populacional unicamente nos países do Terceiro Mundo, não se está dizendo toda a verdade, porque a questão é realmente multifacetada. Ignora o fato de que o nascimento de uma criança nos Estados Unidos "impõe mais de cem vezes pressão sobre os recursos mundiais e meio-ambiente do que um nascimento em Bangladesh, por exemplo", escreveu Paul e Anne Ehrlich, do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade de Stanford, na revista National Geographic. Eles chamaram a atenção para a distinção de que enquanto os problemas populacionais das nações pobres os mantêm apenas pobres, os problemas populacionais das nações ricas destrói a capacidade da terra de proteger a civilização. (Michael Henderson: Hope for a Change. Grosvenor Books, Salem U. S. A., 1991, p.24).
A forma de reduzir o crescimento populacional no Terceiro Mundo foi debatido (principalmente na World Population Conference, realizada em Bucareste, em 1974). Embora precedente histórico (estudando o que aconteceu na Europa que baixou as taxas de fertilidade) e o bom senso (um fenômeno conhecido é que a insegurança é um estímulo natural da fertilidade) tenham indicado que o desenvolvimento é causa e não resultado da fertilidade reduzida (desenvolvimento é a melhor pílula), no entanto os países capitalistas puseram uma ênfase desproporcional na regulação da fertilidade no Terceiro Mundo. A questão é, na verdade, mais do que filantrópica ou um olhar altruísta para o bem-estar da humanidade. Na edição de verão de 1991, do Foreign Affairs, um relatório (originalmente preparado pelo exército americano) do dr. Nicholas Eberstadt, do American Enterprise Institute, adverte sobre as implicações do aumento proporcionalem números das nações terceiro-mundistas para a ordem política internacional e o equilíbrio do poder mundial. Após três gerações, observa ele, oito biavós do ocidente terão apenas 4 ou 5 descendentes, contra mais de 300 para grande parte da África e Oriente Médio; portanto, os principais países de hoje serão os países menores de amanhã.
O National Security Study Memorandum 200, um estudo das "implicações do Crescimento Populacional do Mundo para Segurança dos Estados Unidos e Interesses Além-Mar" (datado de 10/12/74, classificado por Harry C. Blaney III, declassificado em 3/07/89, pela ordem executiva 12358, Liberado para os Arquivos Nacionais dos Estados Unidos, em 26/06/90) é um documento muito educativo, que revela as complexas implicaçãos econômicas, políticas e militares e as sólidas realidades do mundo em que vivemos. Os fatores populacionais poderiam ser as sementes de ações revolucionárias e da expropriação ou limitação dos interesses econômicos estrangeiros. Pobreza, crescimento populacional e população jovem exigem desenvolvimento, induzem à revisão dos termos e condições dos investimentos estrangeiros e até influencia no crescimento militar, desde que o recrutamento militar seja visto como uma alternativa viável para o desemprego. Algumas vezes, o documento divulga o sentimento de que os países industrializados já estão iniciando uma guerra redentora contra os países subdesenvolvidos.
Parece-nos que a Nova Ordem Mundial deve se voltar para as necessidades de nossa aldeia glogal, porque é nisto que o planeta está se transformando. Isto não deve pressupor a inevitabilidade de dividir o mundo em "metades" e "não haveres", e, portanto, a inevitabilidade de uma luta de morte entre elas. Isto exige do rico que seja humilde, que fique satisfeito e que queira abandonar os luxos incorporados por seu estilo de viva. Tais luxos não são necessidades vitais. A recompensa é a felicidade em prover as necessidades vitais da maior parte da família humana. O que mais pode proporcionar felicidade maior? Deus deve ser introduzido nesta equação!


Louay M. SafiLouay M. Safi

terça-feira, 23 de setembro de 2008


ANO: 1979PAÍS: EUA
DURAÇÃO: 116 minutos
DISTRIBUIDORA: Fox Vídeo DIREÇÃO: Ridley Scott
ELENCO: Tom Skerritt; Sigourney Weaver; Veronica Cartwright; Harry Dean Stanton; John Hurt; Ian Holm; Yaphet Kotto; Bolaji Badejo
CARACTERÍSTICAS: Colorido; Legendado - Terror/Ficção


"Nada acaba, nunca!" - Alan Moore


Há 25 anos chegava às telas um dos grandes sucessos da história do cinema moderno, o filme "Alien", protagonizado pela atriz Sigourney Weaver. Esse filme praticamente redefiniu um gênero (ou sub-gênero, segundo alguns críticos de nariz torcido), criando toda uma nova cultura do gênero terror.Mas trata-se de que tipo de filme? Um filme de FC? Certamente, pois envolve elementos comuns a esse gênero, como as viagens interplanetárias, vida extraterrestre, etc. Mas é bem mais do que isso. É um filme de terror, obviamente, pelo crescente horror a que o espectador é submetido. Convenhamos: não se fazem mais filmes assim tão apavorantes. Mas ele retrata também alguns aspectos bem interessantes através de seus personagens: o medo do desconhecido, o casulo protetor da mãe, a maturidade e o crescimento. Na história temos, em um futuro não especificado, uma gigantesca nave de transporte de cargas chamada Nostromo, pilotada por 7 tripulantes humanos, homens e mulheres, que viajam em hibernação induzida em casulos, durante a maior parte do tempo da viagem. Durante esse período, os mesmos ficam aos cuidados de um computador chamado carinhosamente pelos tripulantes de "mãe". É essa "mãe" que os protege e alimenta, e em suma é responsável pela vida deles. Mas algo acontece para interromper toda essa calma. Em certo ponto antes do regresso à Terra, a tripulação é despertada pela "mãe", para atender um sinal de emergência em um planeta próximo a sua rota. Efetuado o pouso, a tripulação de "recém-nascidos" encontra uma nave alienígena no planeta. A nave em questão é realmente alienígena, e tem essa aparência, graças ao seu visual "orgânico" baseado em esboços de HQ's francesas do artista Jean Giraud "Moebius", e esse é um ponto a favor do filme: sua primorosa, bem cuidada e moderna parte visual. A nave alienígena lembra um útero, o que dá a concepção de nascimento. Na nave alienígena encontram-se os restos de um antigo viajante espacial que fora vitimado por alguma "coisa" desconhecida. Essa coisa não demora a se manifestar: há centenas (ou milhares) de ovos de alguma criatura alienígena, sendo que um deles libera uma pequena criatura com formato de mão (ou aranha) que ataca um dos astronautas, ficando unida ao rosto dele numa simbiose macabra. Levado à bordo (contra os regulamentos, que exigem uma quarentena) graças a um dos tripulantes que abre as portas. Pode-se traçar um paralelo entre o nascimento e a primeira infância, na qual são inseridos uma série de medos com o despertar da tripulação e a entrada do alienígena na nave. A criatura não pode ser removida, pelo perigo de matar o tripulante, mas logo ela sai sozinha, sendo encontrada morta. Já o tripulante desperta, para morrer em seguida: uma nova criatura "nasce" de dentro dele, e foge, escondendo-se na nave. Não iremos nos ater ao formato da criatura, que segundo alguns é totalmente fálico e representa a sexualidade humana, etc. O terror se instala na nave. A criatura adquire rapidamente grandes proporções (não me pergunte como, mas também não me interessa), e mata os integrantes um a um. Nessa parte do filme fica evidente a claustrofobia e o medo do desconhecido, tão comuns na obra de H. P. Lovecraft, que é uma forte referência e mesmo de outros autores como Edgar Allan Poe. Os corredores da "mãe" são como labirintos escuros e intermináveis, e o espectador é irremediavelmente colocado de frente com o medo em seu estado puro: o medo do escuro, da solidão e do desconhecido. Como na infância, a proteção da mãe não é suficiente para proteger o homem desses medos, a "mãe" nave também não proporciona segurança, pelo contrário, colabora para aumentar o clima de pavor. Há ainda a paranóia. Um dos membros da equipe, o que justamente trouxera o alienígena à bordo, é um "traidor", auxiliando a criatura a se esconder e sobreviver. Claro que aí, descobre-se que ele é um andróide, programado para auxiliar na condução do alienígena à Terra, onde é esperado por militares. Descobre-se o jogo: tudo havia sido programado, desde o despertar prematuro da tripulação, o pouso, enfim, para que a criatura fosse levada à Terra, não importando o custo da operação, ou seja, as vidas dos tripulantes. Repare-se que em nenhum momento a Terra é mostrada no filme (nem mesmo na série, salvo no quarto filme, em uma seqüência excelente), nem os militares, que seriam no esquema americano, os vilões. Com o "traidor" descoberto (e desativado), os sobreviventes decidem, como única alternativa a sobrevivência, abandonar a nave, destruindo-a, junto com a criatura. Ocorre a morte da "mãe", que por tanto tempo os mantivera vivos, e a emancipação dos sobreviventes, como filhos que após terem sido cuidados com carinho, já adolescentes sentem-se prisioneiros e sufocados, não restando alternativa, senão deixar o lar, numa morte simbólica da mãe e conseqüente abandono dos medos primitivos. Mas apenas um passageiro escapa. A oficial Ripley em um módulo de salvamento. A filha abandona a mãe, o lar, os medos e parte para o desconhecido. Está começando a sua independência. E pela primeira vez ela se revela uma mulher, o que fica claro na tela, quando a bela atriz fica seminua. Durante todo o filme, os astronautas foram seres assexuados como crianças, com seus uniformes iguais, como se fossem sobrinhos do pato Donald. Somente no final, o sobrevivente, que escapara do controle da mãe e dos medos revela-se um ser sexual, na figura de uma bela mulher. Mas os medos na forma da criatura resistem. O alienígena escapa da explosão infiltrando-se no módulo de salvamento. Dá-se uma breve batalha. A criatura é expulsa da pequena nave num engenhoso plano da heroína, que como que diz: "Esse espaço é meu, você deve ficar lá fora e para trás." Apesar disso, o filme não tem um "final feliz". Também não é um "final triste", mas simplesmente fica em aberto: a tripulante adormece novamente na espera de um resgate pouco provável, mas possível. Como numa vida normal, não há finais felizes ou infelizes. Não há fim.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

A Suástica


Na foto podemos ver Budistas chineses a colocar recipientes de velas em forma de lótus para compor uma cruz suástica. Mas antes que pensem que os budistas chineses adoptaram as ideias de Hitler, convém esclarecer que a suástica é um símbolo de fortuna no budismo e esta cerimónia, no templo Yufo, em Xangai, serve para lembrar o nascimento de Buddha.A suástica ou cruz gamada é um símbolo místico encontrado em muitas culturas em tempos diferentes, dos índios Hopi aos Astecas, dos Celtas aos Budistas, dos Gregos aos Hindus. Alguns autores acreditam que a suástica tem um valor especial por ser encontrada em muitas culturas sem quaisquer contactos conhecidos de umas com as outras. Também podemos observá-la noutras culturas asiáticas, europeias, africanas e indígenas americanas - na maioria das vezes como elemento decorativo ou eventualmente como símbolo religioso.As primeiras formas similares à suástica estão conservadas em vasos cerâmicos datados de cerca de 4000 a.C., em antigas inscrições europeias (escrita "vinca"), e ainda como parte da escrita encontrada na região do Indo, por volta de 3000 a.C., tendo esta última sido adoptada como símbolo pelas religiões posteriores (hinduísmo, budismo). Vasos encontrados em Sintashta, datados de cerca de 2000 a.C. também foram decorados com o símbolo suástico. Símbolos semelhantes foram encontrados em objectos remanescentes das Idades do Bronze e do Ferro no norte do Cáucaso e no Azerbaijão, oriundos das culturas dos "cítios" e "sarmácios". Em todas as demais culturas, com a excepção daquelas do sul asiático, a suástica não parece apresentar alguma significação relevante, mas surge como uma forma no meio de uma série de símbolos similares em complexas variações.A própria grafia da suástica tem variado conforme a sua adopção por cada cultura. Por exemplo são conhecidos vários desenhos de suásticas que usam figuras com três linhas. A adoptada pelo regime nazi tem os braços inclinados para a esquerda e toda a figura roda de modo a um desses braços ficar no topo. Outras nem sequer têm braços e consistem mais em cruzes com linhas curvas. Os símbolos Islâmicos e Malteses parecem mais hélices do que suásticas. A chamada suástica celta dificilmente se assemelha a uma. As suásticas Budistas e Hopi parecem reflexos no espelho do símbolo Nazi. Na China é um símbolo da orientação quádrupla que segue os pontos cardeais e que desde 700 d.C. tem significado o número dez mil. No Japão, a suástica (manji) é usada para representar templos e santuários em mapas.Curiosamente foi a suástica usada como símbolo do Budismo e que significa "bons ventos", que foi utilizada por Adolf Hitler, devido à sua aparência como uma engrenagem, supostamente para simbolizar sua intenção de uma Revolução Industrial na Alemanha. embora este facto não tenha sido comprovado.Mais provável é a explicação de que o uso da suástica tenha sido associado pelos teóricos nazis à teoria da descendência cultural ariana dos alemães. Reproduzindo os passos da invasão ariana da Índia, reivindicavam os nazis que os primeiros arianos naquele país introduziram o símbolo, que foi incorporado nas tradições védicas, sendo a suástica o símbolo protótipo dos invasores brancos. Também acreditavam que o sistema de castas hindu tinha sido um meio criado para se evitar a mistura racial.O conceito de pureza racial, adoptado como central na ideologia Nazi, não utilizou nenhum dos métodos modernamente aceites como científicos. Para Alfred Rosenberg, que procurou emprestar cientificidade às ideias de Hitler, os arianos hindus eram, ao mesmo tempo, um modelo a ser copiado e uma advertência para dos perigos da "confusão" espiritual e racial que, dizia, ocorrera pela proximidade das raças distintas. Com isto, justificou a utilização da suástica como um símbolo da raça ariana. Assim, com o apoio de vários escritores apologistas da ideologia nazi, Hitler adoptou a suástica e fez acreditar que este era um símbolo exclusivamente ariano.A mensagem passou porque, mesmo considerando que o regime nazi foi deposto há mais de 60 anos, em muitos países do mundo, a utilização deste símbolo para fins que sirvam "causas (neo)nazis" é crime punível pela lei.
Luis Miguel

segunda-feira, 15 de setembro de 2008



O Rock está de luto mais uma vez. Morreu nesta segunda-feira, 15, o tecladista Richard Wright, um dos membros fundadores do Pink Floyd. Wright estava com 65 anos e faleceu em decorrência de um câncer. O anúncio da morte do músico foi feita por um porta-voz.Apesar de grande parte das composições do grupo ser de Roger Waters, Wright foi um dos grandes responsáveis pelo sucesso e por vários clássicos lançados pela banda principalmente no início da carreira.Além de tecladista, Wright contribuiu com vocais em diversas músicas como “Echoes” e “Wearing the Inside Out”. Atualmente Wright acompanhava o vocalista e guitarrista David Gilmour em suas turnês solo.Gilmour publicou uma nota em seu site oficial, comentando sobre a notícia: “Eu realmente não sei o que dizer além de que ele era um homem amável, gentil e genuíno e que fará uma falta terrível a tantos que o amavam. E são muitas pessoas. Não era ele quem ganhava as maiores salvas de palmas ao final de cada show em 2006?”.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

UMA VISÃO DO FUTURO DA HUMANIDADE NO ESPAÇOOS ERRANTES: UMA INTRODUÇÃO


Fomos errantes desde o início. Conhecíamos a posição de todas as árvores num raio de duzentos quilômetros. Quando os frutos ou as castanhas amadureciam, lá estávamos nós. Seguíamos os rebanhos em suas migrações anuais. Deleitávamos-nos com a carne fresca. Por ações furtivas, estratagemas, emboscadas e ataques de força bruta, alguns de nós realizávamos em conjunto o que muito de nós, sozinhos, não podíamos conseguir. Dependíamos uns dos outros. Viver por conta própria era uma idéia tão absurda quanto fixar residência.Trabalhando juntos, protegíamos os filhos dos leões e das hienas. Ensinávamos a eles as habilidades de que iriam precisar. E as ferramentas. Naquela época, como agora, a tecnologia era a chave de nossa sobrevivência.Quando a seca era prolongada, ou quando o frio se demorava no ar do verão, nosso grupo partia – às vezes para terras desconhecidas. Procurávamos um lugar melhor. E, quando não nos dávamos bem com os outros em nosso pequeno bando nômade, partíamos à procura de um grupo mais amigável em algum outro lugar. Sempre podíamos começar de novo.Durante 99,99% do tempo, desde o aparecimento de nossa espécie, fomos caçadores e saqueadores, errantes nas savanas e nas estepes. Não havia guardas de fronteiras então, nem funcionários da alfândega. A fronteira estava por toda parte. Éramos limitados apenas pela Terra, pelo oceano e pelo céu – e mais alguns eventuais vizinhos rabugentos.No entanto, quando o clima era adequado, quando os alimentos eram abundantes, tínhamos vontade de ficar no mesmo lugar. Sem aventuras. Engordando. Sem cuidados. Nos últimos 10 mil anos – um instante em nossa longa história – abandonamos a vida nômade. Domesticamos as plantas e os animais. Por que correr atrás do alimento quando se pode fazer com que ele venha até nós?Apesar de todas as suas vantagens materiais, a vida sedentária nos deixou irritáveis, insatisfeitos. Mesmo depois de quatrocentas gerações em vilas e cidades, não esquecemos. A estrada aberta ainda nos chama suavemente, quase uma canção esquecida da infância. Atribuirmos um certo romance aos lugares remotos. A minha suspeita é de que o apelo tem sido meticulosamente elaborado pela seleção natural, como um elemento essencial de nossa sobrevivência. Longos verões, invernos amenos, ricas colheitas, caça abundante – nada disso dura pra sempre. Está além dos nossos poderes predizer o futuro. As catástrofes têm um modo de nos atacar sorrateiramente, nos pegando desprevenidos. Talvez você deva sua vida, a de seu bando ou, até mesmo, a de sua espécie a uns poucos inquietos - levados, por um desejo que mal podem expressar ou compreender, a terras desconhecidas e a novos mundos.Herman Melville, em Moby Dick, falou pelos errantes de todas às épocas e meridianos: “Sou atormentado por um desejo constante pelo que é remoto. Gosto de navegar mares proibidos...”.Para os antigos gregos e romanos, o mundo conhecido compreendia a Europa e reduzidas Ásia e África, tudo circundado por um intransponível Oceano do Mundo. Os viajantes poderiam encontrar seres inferiores, chamados bárbaros, ou seres superiores, chamados deuses. Toda árvore tinha a sua dríade, toda região o seu herói lendário. Mas não havia assim tantos deuses, ao menos no inicio, talvez apenas uns doze. Viviam nas montanhas, sob a Terra, no mar ou lá em cima do céu. Mandavam mensagens às pessoas, intervinham nos assuntos humanos e cruzavam conosco.À medida que passava o tempo e que a capacidade exploratória dos homens acertava o seu passo, ocorriam surpresas: os bárbaros podiam ser tão inteligentes quanto os gregos e os romanos. A África e a Ásia eram maiores do que se tinha pensado. O Oceano do Mundo não era intransponível. Havia antípodas. Existiam três novos continentes, ocupados pelos asiáticos em eras passadas, sem que a notícia jamais tivesse chegado à Europa. E, decepcionantemente, não era fácil encontrar os deuses.A primeira grande migração humana do Velho Mundo para o Novo Mundo aconteceu durante a última era glacial, cerca de 11 mil e 500 anos atrás, quando as calotas polares aumentaram, deixando rasos os oceanos e permitindo caminhar sobre terra seca da Sibéria para o Alasca. Mil anos mais tarde, estávamos na Terra do Fogo, a extremidade meridional da América do Sul. Muito antes de Colombo, argonautas indonésios em canoas de embono exploraram o Pacífico ocidental; habitantes de Bornéu povoaram Madagascar; egípcios e líbios circunavegaram a África; e uma grande frota de juncos adaptados para navegação marítima, partindo da China da dinastia Ming, ziguezagueou pelo oceano Índico, estabeleceu uma base em Zanzibar, dobrou o cabo da Boa Esperança e entrou no oceano Atlântico. Do século XV ao século XVII, as naus européias descobriram novos continentes (novos para os europeus, pelos menos) e circunavegaram o planeta.Nos séculos XVIII e XIX, exploradores, mercadores e colonizadores norte-americanos e russos precipitaram-se para oeste e para leste atravessando dois imensos continentes até chegarem ao Pacifico. Esse gosto de investigar e explorar, por mais temerários que tenham sido seus agentes, tem um claro valor e sobrevivência. Ele não é restrito a uma única nação ou grupo étnico. É um dom natural comum a todos os membros da espécie humana.Desde o nosso aparecimento, há alguns milhões de anos, na África Oriental, seguimos nosso caminho cheio de meandros ao redor do planeta. Agora existem pessoas em todos os continentes e nas ilhas mais remotas, de pólo a pólo, do monte Everest ao mar Morto, no fundo dos oceanos e até, ocasionalmente, residindo trezentos quilômetros acima da Terra – humanos, como os deuses de outrora, vivendo no céu.Nos dias de hoje não parece haver mais nenhum lugar para explorar, ao menos na área terrestre do planeta. Vitimas de seu próprio sucesso, os exploradores agora ficam bastante tempo em casa.As grandes migrações de povos – algumas voluntárias, a maioria involuntária – têm moldado a condição humana. Hoje fugimos da guerra, da opressão e da fome mais do que qualquer outra época na historia humana. Quando o clima na Terra mudar, nas próximas décadas, provavelmente aumentarão os refugiados ambientais. Lugares melhores sempre nos atrairão. As marés de povos vão continuar o seu fluxo e refluxo por todo o planeta. Mas as terras para onde agora corremos já foram povoadas. Outras pessoas, que muitas vezes não compreendem nossa situação, já ali se encontram antes de nós.No final do século XIX, Leib Gruber crescia na Europa Central, em uma cidade obscura do imenso, poliglota e antigo Império Austro-Húngaro. Seu pai vendia peixe sempre que possível. Mas os tempos eram freqüentemente difíceis. Jovem, o único emprego honesto que Leib conseguiu arrumar foi o de carregar as pessoas que queriam atravessar o rio Bug ali perto. O cliente, homem ou mulher, montava nas costas de Leib; com suas botas valiosas, a sua ferramenta de trabalho, ele vadeava um trecho raso do rio e depositava o passageiro na margem oposta. Às vezes, a água chegava até a sua cintura. Não havia pontes naquele ponto, nem barcas. Os cavalos poderiam ter servido para esse fim, mas tinham outras tarefas a cumprir. Só restavam Leib a alguns outros jovens como ele. Eles é que não tinham outra serventia. Não havia outro trabalho. Ficavam perambulando pelas margens do rio, gritando os seus preços, vangloriando-se da superioridade de seu carreto para clientes em potencial. Alugavam-se como animais de quatro patas. Meu avô era uma besta de carga.Não acho que, em toda a sua juventude, Leib tenha se aventurado mais que uns cem quilômetros além de sua cidadezinha natal, Sassow. Mas de repente, em 1904, ele fugiu para o Novo Mundo – para evitar uma condenação por assassinato, segundo uma lenda familiar. Partiu sem a sua jovem mulher. Como as grandes cidades portuárias alemãs devem ter lhe parecido imenso a seus olhos e como deve ter estranhado os altos arranha-céus e o alarido incessante de sua nova terra! Nada sabemos de sua travessia, mas encontramos o formulário do navio para a viagem empreendida mais tarde pela mulher Chaiya – que se reuniu a Leib depois que este poupou o suficiente para mandar busca-la. Ela viajou na classe mais barata do Batavia, uma embarcação com registro de Hamburgo. O documento tem uma concisão comovente: Sabe ler ou escrever? Não. Sabe falar inglês? Não. Quando dinheiro tem? Posso imaginar sua vulnerabilidade e vergonha ao responder: “Um dólar”.Ela desembarcou em Nova York, reuniu-se a Leib e ainda viveu o suficiente para dar à luz a minha mãe e sua irmã, morrendo mais tarde de complicações de parto. Nesses poucos anos na América, seu nome fora, às vezes, anglicizado para Clara. Um quarto de século mais tarde, o nome que minha mãe deu a seu filho primogênito era uma homenagem à mãe que nunca conheceu.Nossos antepassados distantes, observando as estrelas, notaram cinco que faziam mais que levanta-se e pôr-se numa marcha impassível, como era o caso das assim chamadas estrelas “fixas”. Essas cinco tinham um movimento curioso e complexo. Ao longo dos meses, pareciam errar lentamente entre as estrelas. Às vezes, andavam em círculo. Hoje nós as chamamos de planetas, a palavra grega para errantes. Era, assim imagino, uma peculiaridade que nossos antepassados compreendiam.Sabemos agora que os planetas não são estrelas, mas outros mundos, impelidos gravitacionalmente para o sol. Exatamente quando a exploração da Terra estava sendo completada, começamos a reconhecê-la como um mundo na multidão inumerável de outros mundos que circulam ao redor do Sol ou giram em torno de outras estrelas que formam a galáxia da Via Láctea. Nosso planeta e nosso sistema solar são circundados por um novo oceano do mundo – os abismos do espaço. Não é mais intransponível que o anterior.Talvez seja um pouco cedo. Talvez ainda não tenha chegado a hora. Mas esses outros mundos – promissores oportunidades ilimitadas – acenam, chamando-nos.Nas ultimas décadas, os Estados Unidos e a antiga União Soviética realizaram algo assombroso e histórico – o exame minucioso de todos esses pontos de luz, de Mercúrio a Saturno, que levaram nossos antepassados à admiração e à ciência. Desde o advento do vôo interplanetário bem-sucedido em 1962, nossas máquinas têm voado por mais de setenta novos mundos, descrevendo órbitas ao redor ou pousando em sua superfície. Temos errado entre os errantes. Descobrimos imensas elevações vulcânicas que eclipsam a montanha mais alta da Terra; vales de rios antigos em dois planetas, enigmaticamente, um demasiado frio e o outro quente em demasia para ter água corrente; um planeta gigantesco com um interior de hidrogênio metálico liquido em que caberiam mil Terras; luas inteiras que se fundiram; um lugar coberto de nuvens com uma atmosfera de ácidos corrosivos, onde até os platôs elevados têm uma temperatura acima do ponto de fusão do chumbo; superfícies antigas em que se acha gravado um registro fiel da formação violenta do Sistema Solar; mundos glaciais refugiados dos abismos transplutônicos; sistemas de anéis com padrões refinados, marcando as harmonias sutis da gravidade; e um mundo rodeado por nuvens de moléculas orgânicas complexas com as que, na história primeira do nosso planeta, deram origem à vida. Silenciosamente, eles giram em torno do Sol, esperando.Descobrimos maravilhas jamais sonhadas pelos nossos antepassados que especulavam pela primeira vez sobre a natureza dessas luzes errantes no céu noturno. Investigamos as origens de nosso planeta e de nós mesmos. Descobrindo outras possibilidades, confrontando-nos com os destinos alternativos de mundos mais ou menos parecidos com o nosso, temos começado a compreender melhor a Terra. Cada um desses mundos é encantador e instrutivo. Mas, que se saiba, são também desertos e áridos. No espaço, não existem “lugares melhores”. Até agora, pelo menos.Durante a missão robótica Viking, que teve início em julho de 1976, em certo sentido passei um ano em Marte. Examinei os penedos e as dunas de areia, o céu, vermelho até o auge do dia, os vales de rios antigos, as montanhas vulcânicas elevadas, a feroz erosão eólica, o terreno polar laminado, as duas luas escuras em forma de batata. Mas não havia vida – nem um grilo ou uma folha de grama, nem mesmo, tanto quanto podemos afirmar com certeza, um micróbio. Esses mundos não foram agraciados, como o nosso, com a vida. A vida é relativamente uma raridade. Podem-se examinar dúzias de mundos e descobrir que só em um deles a vida nasce, evolui e persiste.Não tendo cruzado, até aquele momento, em suas vidas, nada mais largo que um rio, Leib e Chaya foram promovidos à travessia de oceanos. Tinham uma grande vantagem: do outro lado das águas, haveria – revestidos de costumes estranhos, é verdade – outros seres humanos que falavam a sua língua e partilhavam ao menos alguns de seus valores, e mesmo pessoas com quem tinham relações próximas.Em nossa época cruzamos o Sistema Solar e enviamos quatro naves às estrelas. Netuno se acha um milhão de vezes mais distante da Terra que a cidade de Nova York das margens do Bug. Mas não há parentes remotos, nem seres humanos, nem qualquer vida aparente esperando por nós nesses outros mundos. Nenhuma carta trazida por emigrantes recentes nos ajuda a compreender a nova terra – apenas dados digitais transmitidos, à velocidade da luz, por emissários-robôs precisos, insensíveis. Eles nos dizem que esses novos mundos não são como a nossa casa. Continuamos, no entanto, a procurar os habitantes. Não podemos evitar. Vida procura vida.Ninguém na Terra, nem mesmo o mais rico dentre nós, tem recursos para empreender a viagem; assim, não podemos fazer as malas e partir rumo a Marte ou Titã ao sabor de um capricho, por estarmos entediados, desempregados, oprimidos, porque fomos recrutados pelo exército ou porque, justa ou injustamente, nos acusaram de um crime. Não parece haver lucro suficiente, a curto prazo, para motivar a indústria privada. Se nós, humanos, algum dia partirmos rumo a esses mundos, será porque uma nação ou um consórcio de nações acredita que o empreendimento lhe trará benefícios sendo pressionados por um grande numero de questões que disputam o dinheiro necessário para enviar pessoas a outros mundos.Este é o tema desse livro: outros mundos, o que nos espera neles, o que eles nos dizem sobre nós mesmos e – dados os problemas urgentes que nossa espécie enfrenta no momento – se faz sentido partir. Deveríamos resolver esses problemas primeiro? Ou serão eles uma razão a mais para partir?Sob muitos aspectos, este livro é otimista a respeito do futuro humano. À primeira vista, os capítulos iniciais podem dar a impressão de troçar de nossas imperfeições. Eles estabelecem, porém, um fundamento espiritual e lógico essencial para o desenvolvimento de minha argumentação.Tentei apresentar mais de uma faceta das questões. Haverá momentos em que pareço estar discutindo comigo mesmo. Estou. Percebendo algum mérito em mais de um lado, freqüentemente discuto comigo mesmo. Espero que, no ultimo capítulo, fique claro onde quero chegar.O plano do livro é, em linhas gerais, o seguinte: examinar primeiro as afirmações, muito difundidas em toda a história humana, de que o nosso mundo e a nossa espécie são únicos, e, até, centrais para o funcionamento e a finalidade do cosmo. Percorrer o Sistema Solar, seguindo os passos das últimas viagens de exploração e descoberta, e, então, avaliar as razões geralmente apresentadas para enviar seres humanos ao espaço. Na última parte desse livro, mais especulativa, traço um esboço de como imagino que será, a longo prazo, o nosso futuro no espaço.Pálido Ponto Azul é sobre esse novo reconhecimento, que ainda nos invade lentamente, de nossas coordenadas, de nosso lugar no Universo – e de como um elemento central do futuro humano se encontra muito além da Terra, embora o apelo da estrada aberta esteja hoje emudecido.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Poema para escrever no asfalto


Agora eu sei o quanto basta à ceia do coração

e o quanto sobra do naufrágio

das nossas utopias.

Agora eu sei o que significa a fala dos mortos

e esta parábola soterrada

que jorra das veias da pedra.

Agora eu sei o quanto custa o ouro das palavras

e este pacto de sangue

com as metáforas do tempo.

Agora eu sei o que se passa no coração de treva

e do homem que morre mendigando

a própria liberdade.

Agora eu sei que o pão da terra nunca foi repartido

com a nossa pobreza

e com a solidão de ninguém.

Agora eu sei que é preciso agarrar a vida

como se fosse a última dádiva

colocada em nossas mãos.


Francisco Carvalho

terça-feira, 9 de setembro de 2008

O Grande Colisor de Hádrons (LHC), o maior acelerador de partículas domundo, começará a funcionar amanhã


Exatamente na fronteira franco-suíça,tocando em alguns dos mistérios pendentes sobre a matéria e o iníciodo universo, há 13,7 milhões de anos.
Maior acelerador de partículas já criado no mundo será testado em 10de setembro
DADOS PARA 60 MIL COMPUTADORESINFOGRÁFICO: COMO O LHC FUNCIONAO LHC PODE DESTRUIR O MUNDO?
O colossal instrumento, em que trabalham cerca de 5 mil físicos eengenheiros, há mais de uma década, é o maior projeto científico dosúltimos anos.
Robert Aymar, diretor geral da Organização Européia para aInvestigação Nuclear (CERN), se diz convencido de que o LHC vai levaros cientistas a achados que "mudarão nossa visão do mundo e, emparticuçar, de sua criação".
Desde 1996, a CERN construiu a 100 metros abaixo da terra perto deGenebra um anel de 27 km de circunferência, resfriado até chegar a1,9º C a mais que o zero absoluto. Ao redor do anel, foram instaladosquatro grandes detectores, em cujo núcleo se produzirão grandescolisões de prótons (partículas da família dos hádrons). O LHCalcançará 99,999% da velocidade da luz, que é de cerca de 300.000 kmpor segundo.
A potência máxima, de 600 milhões de colisões por segundo, vai gerarmuitas partículas, algumas das quais nunca foram vistas.
Para selecionar os 15 milhões de gigaoctetos de dados colhidos, onzecentros distribuirão a informação bruta a 200 instituições do mundo,que a analizarão e arquivarão.
Entre os detectores, o Atlas e o CMS foram desenhados paraesquadrinhar o chamado bosón de Higgs, uma partícula elementar quedotaria as outras partículas de massa. Sua ausência sacudiria a físicateórica.
"Há uma grande possibilidade de que o bosón de Higgs possa serobservado", diz Yves Sacquin, do Instituto francês de Investigaçãosobre Leis Fundamentais do Universo (IRFU).
À margem de Higgs, "estamos convencidos de que existem no universovárias partículas muito mais pesadas que as que conhecemos. É o quechamamos de matéria negra", explica Aymar.
Saiba o que é o LHC
"O LHC proporcionará a identificação e a compreensão desta matérianegra", que integra 23% do universo, enquanto que a normal representa4% e o restante é constituído de energua escura.
Outro detector, o LHCb, tratará de elucidar o que aconteceu com aantimatéria, presente no momento do Big Bang.
Já o Alice se interessará pelas colisões de íons de chumbo com oobjetivo de recriar um lapso relâmpago da "sopa" primordial de quarkse glúons que formavam a matéria durante os primeiros micro-segundos douniverso, antes da criação dos prótons.
Quando o acelerador começar a funcionar, serão injetados no colisorpacotes de 100 milhões de prótons. Após o início do processo, serãoprovocadas colisões de energia cada vez mais elevadas, até chegar asete vezes a potência do Fermilab dos EUA, até o momento o aceleradormais potente do mundo.
O projeto, em que contribuíram países europeus, os Estados Unidos, aÍndia, a Rússia e o Japão teve um custo de 3,76 bilhões de euros.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O CORVO



O gênio visionário de Poe, poeta de amplos recursos e contista conhecido sobretudo por suas histórias de mistério e horror, constituiu uma fonte de inspiração direta para a renovação literária européia no final do século XIX.Edgar Allan Poe nasceu em 19 de janeiro de 1809 em Boston, Massachusetts. Filho de um casal de atores, ficou órfão aos dois anos e foi adotado por John Allan, rico comerciante de Richmond, Virgínia. Entre 1815 e 1820, recebeu esmerada educação clássica na Escócia e Inglaterra. No período em que freqüentou a Universidade da Virgínia, aderiu ao jogo e álcool. Rompeu relações com seu tutor e no mesmo ano publicou, em Boston, seu primeiro livro de poesia, Tamerlane, and Other Poems (1827; Tamerlão e outros poemas), ao qual se seguiu Al Aaraaf, Tamerlane, and Minor Poems (1829; Al Aaraaf, Tamerlão e poemas menores).Expulso da Academia Militar de West Point, decidiu dedicar-se por completo à literatura e começou a publicar contos em revistas. No livro Poems (1831), mostra da maturidade de seu gênio e publicado numa época de situação financeira precária, a evocação de um mundo ideal e visionário era realçada pelo ritmo hipnótico dos versos e pela força perturbadora das imagens. Fixou-se então em Baltimore com uma tia e, em 1833, recebeu um prêmio em dinheiro por seu Manuscript Found in a Bottle (Manuscrito encontrado em uma garrafa). Tornou-se editor literário do Southern Literary Messenger, de Richmond, em 1835, e no mesmo ano casou-se com a prima Virginia Clemm, de 13 anos de idade.Despedido do emprego, ao que parece por seus problemas com a bebida, que o perturbariam pela vida afora, mudou-se para Nova York e passou os anos seguintes envolvido com a febril criação de suas obras, ao mesmo tempo em que trabalhava, em geral brevemente, em vários periódicos de Filadélfia e Nova York. Em 1838 publicou uma novela de tema marinho, The Narrative of Arthur Gordon Pym. Posteriormente, apareceram coletâneas de seus textos de ficção: Tales of the Grotesque and Arabesque (1839; Contos do grotesco e arabesco), The Prose Romances of Edgar A. Poe (1843; Romances em prosa de Edgar A. Poe) e Tales (1845; Contos).Em geral esses contos, como "The Fall of the House of Usher ("A queda da casa de Usher"), "The Cask of Amontillado" ("O barril de amontillado") ou "The Facts in the Case of M. Valdemar" ("A verdade no caso do sr. Valdemar"), abordavam temas como a morte, o horror sobrenatural e os desvarios da mente humana, expressos numa linguagem a um só tempo precisa e alucinada, que refletia os tormentos do autor. Poe, por outro lado, possuía grande capacidade analítica, e assim contos como "The Murders in the Rue Morgue" ("Os assassinatos da rua Morgue") assentaram as bases do gênero policial e de mistério que se difundiu no século XX.Poe também deixou textos nos campos da estética, da crítica e teoria literária, como "Philosophy of Composition" (1845; "Filosofia da composição") e o "The Poetic Principle" (1850; "Princípio poético"), nos quais expôs sua concepção da elaboração racional do poema e o sentido estético da poesia. Entretanto, apesar da popularidade alcançada por Poe com The Raven and Other Poems (1845; O corvo e outros poemas), a aura de escândalo que o envolvia impediu que seu prestígio se consolidasse. Esquecido e incompreendido por seus compatriotas, foram os simbolistas franceses e, em particular, por Charles Baudelaire, que lhe reconheceram o gênio. O golpe representado pela morte da esposa, em 1847, aumentou ainda mais sua dependência do álcool. Após vários dias de excessos alcoólicos, Poe morreu em Baltimore, Maryland, em 7 de outubro de 1849.
©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
Edgar Allan Poe nasceu em Boston, em 19 de janeiro de 1809. Sua família paterna era de origem irlandesa, enraizada em Baltimore, onde conquistara postos entra as melhores famílias da região. Seu avô, David Poe, tinha feito a Guerra da Independência. Fora "Quartel-master-general" de Lafaiete, que lhe atribuiu mandatos importantes, dispensando-lhe estima e admiração. O filho mais velho também se chamou David e se fez herdeiro dos espírito de aventura, que conduzia seu pai às trincheiras, sob o comando do general francês. Apaixonando-se pela atriz inglesa Elizabeth Arnold, mulher de estonteante formosura, David rompera todos os laços de família, casando-se e fazendo-se ator também para percorrer todas as cidades norte-americanas com sua "troupe".
A vida errante não lhe concedeu nunca os indispensáveis recursos de vida. Breve o casal tinha dois filhos: Willian e Edgar. Pouco mais tarde o nascimento de Rosalie comprometerá a saúde materna, já comprometida pelos sacrifícios da existência incerta um pouco vagabunda, feita de imprevistos cruéis e de misérias implacáveis.
Com vinte e quatro anos apenas Elizabeth morre, então, deixando David enfermo. Tuberculoso e sem recursos imediatos, ele deveria acompanhá-la breve, deixando os três filhos em extrema penúria.
Mas os órfãos encontraram obrigo nas famílias de Richmond. Edgar fora adotado pelo rico casal John Allan e Frances Keeling Allan.
Edgar estudou na juventude na Inglaterra, no colégio Stoke-Newington, de Londres. Era um velho edifício sombrio e gótico. Mais tarde, de volta à Richmond, Poe continuaria seus estudos na Universidade de Charlotteville. Desde cedo, Poe se mostrara um rapaz extremamente inteligente e genioso, motivo esse que o levaria a ser expulso da Universidade. Edgar era filho da paixão sem disciplina e do espírito largo da aventura, explica Baudelaire, seu mais fiel entusiasta.
Edgar Allan Poe era um jovem aventureiro, romântico, orgulhoso e idealista. Aperfeiçoou seus estudos na Universidade de Virgínia, mas com não seguia os rígidos padrões da época, foi expulso da Universidade. Poe era um boêmio que se entregava à bebida, ao jogo e às mulheres. Homem de ação forte, também era um homem de devaneio.
Vivia no luxo e cultivava o amor vadio. Seguindo os passos romanescos de Byron, mais tarde Poe foi para a Grécia e alistou-se no exército lutando contra os turcos. Como todos os jovens da época, Poe sonhava com as glórias militares. Mas aventura acabou saindo muito caro. Perdido nos Bálcãs, sofrendo ônus terríveis no percurso, acaba chegando na Rússia sem documentos e sem dinheiro. Acaba sendo repatriado pelo cônsul americano, mas em seu retorno, descobre que sua mãe adotiva a quem devera tudo, havia morrido.
Na volta aos Estados Unidos, alista-se num Batalhão de Artilharia e mais tarde matricula-se na Academia Militar de West Point. Era conhecido pelos colegas como aquele que "Embarcou para Grécia num baleeiro". É lógico que o ritmo de uma escola para Cadetes do Exército não seria compatível ao gênio de Edgar. Ele se concentrava muito mais em seus poemas do que nos estudos.
Com o lançamento de uma Compilação de Poemas (1831), o orgulhoso Edgar Allan Poe abandona West Point e rompe relações com o pai adotivo (que se casara recentemente e deixara Poe muito contrariado).
Com 22 anos, poeta de ofício, sujeito a devaneios, pobre e sem vontade inflexível, consola-se publicando: "Poemas". De regresso a Baltimore, em busca de seu irmão Willian, assiste à morte deste e entra nas relações de uma tia, viúva com duas filhas, também pobre e sem arrimo seguro. Vivendo em miséria profunda, durante 2 anos Edgar consegue um pouco de triunfo ao vencer dois concursos de poesias. Com uma certa fama, o editor Thomaz White entrega para Poe a direção do "Southern Literary Messenger" em 1833. Pouco depois, escreveria seu primeiro conto: "Uma Aventura sem paralelo de um certo Hans Pfaal". Fica na direção da revista por 2 anos, depois de ter escrito outros vários contos, poemas e resenhas. Edgar Allan Poe já tinha uma certa reputação e um bom número de leitores.
Suas críticas tiveram grande repercussão e os jornais, abrindo-lhes as portas e as colunas de honra, decretando-lhe dias melhores. Com 27 anos, em 1836, ele casa-se com a prima de apenas 13 anos. Virgínia Clemn, eis a mulher ideal que o destino lhe destinara para lhe ser a única. A tia aceita o casamento desigual. Era sua esposa e musa. Virgínia gostava de música, canto e poesia; o que deixava Edgar muito entusiasmando. Em 1838 trabalha com Editor da Button's Gentleman Magazine. Na companhia da Sra. Clemn o casal vivera na Filadélfia, Nova York, Fordham, até que, de novo, a penúria lhe bate à porta. A vida de intimidade conjugal será prolongada pela dedicação da tia. Mas, as amarguras de Edgar Allan Poe não tinham limites. Virgínia, indo cantar na casa de amigos, sofrera um acidente causando-lhe uma forte hemorragia interna que a faz cair doente sem nunca mais voltar. Em 1847, morre deixado o marido nas entranhas do luto e da miséria espiritual.
Em 1849. Poe reage e publica o célebre poema "O Corvo" que o coloca novamente no alto da literatura americana. Edgar não abandona a tia. Esta constitui a lembrança viva de Virgínia. A Sra Helen Whitman, de Boston, dar-lhe-á estímulos e apoio. Enfermo, ele encontrara amigos e admiradores amigos e admiradores. Mas foi preciso lutar. O álcool reduzira-o de modo estranho. A caça ao dinheiro completara as impaciências, que o acabrunhavam. Seu "Romance Cosmogônico" "Eureka" acaba por lhe atribuir um renome literário enorme. Sua conduta provoca censuras, acres da imprensa e da sociedade; mas o poeta cumpria as sentenças do destino...
A exemplos de outros, resolve fazer "leituras" de seus poemas e contos para um público de jornalistas e intelectuais antes de publicá-los. Seus trabalhos lhe renderam mais honras e prestígio. O trabalho fica cada vez mais cansativo e Poe se entrega mais e mais à bebida. Poe volta a Richmore por uma temporada, mas acaba deixando-a por Nova York na expectativa de deixar seu passado lúgubre para trás. Chegando a Baltimore, suas conseqüências o abateram. Antes de de seguir para a Filadélfia resolve entrar em Taverna à caça de estimulantes. Aí encontram velhos amigos demorando-se mais do que pretende, vencido, mal percebendo o andar do tempo. Na manhã seguinte, os transeuntes encontram um homem agonizante, em abandono, na sarjeta. Pouco depois descobrem que aquele homem sem documentos e dinheiro era Edgar Allan Poe. Conduzido ao hospital, pouco resistiu, morrendo aos 39 anos apenas, deixando uma obra opulenta, escrita através de sacrifícios espantosos, de desordens implacáveis, de desconcertos incríveis.
EDGAR ALLAN POE
Criador de histórias extraordinárias
Eliane Robert Moraes
Vamos começar pelo final.
E, já que nosso tema é Edgar Allan Poe, vamos começar pelo mistério. A 27 de setembro de 1849, após jantar com alguns amigos em Richmond, Poe dirigiu-se ao cais da cidade. Por volta das quatro horas da madrugada, embarcou num navio para Baltimore e, ao que tudo indica, chegou a seu destino no dia seguinte. A viagem havia sido programada para ser bem rápida, pois ele estava de casamento marcado com a senhora Shelton, um antigo amor de juventude. Porém, de sua suposta chegada a Baltimore até o fatídico 7 de outubro, nada mais se pode afirmar com segurança.Dizem alguns que ele teria seguido para a Filadélfia e de lá para Nova York, onde planejava buscar uma velha tia para assistir à cerimônia do casamento. Outros afirmam que ele permaneceu a semana inteira em Baltimore e, embriagado, caiu nas mãos de uma quadrilha de falsários, que lhe teriam oferecido algum licor com drogas que colaborasse numa fraude eleitoral. São meras hipóteses. A única coisa certa é que a 3 de outubro o dr.James E. Snodgrass, velho amigo de Poe em Baltimore, recebeu uma carta assinada por um tal Walker, que dizia: "Há um cavalheiro, um tanto descomposto nas vestimentas, na rua Ward Polls, dizendo atender pelo nome Edgar A.Poe, que parece estar muito atormentada e diz ter conhecimento com o senhor, e eu asseguro que ele precisa de assistência urgente".Poe foi encontrado pelo amigo em estado de profundo desespero, largado numa taberna sórdida, de onde transportaram imediatamente para um hospital. Estava inconsciente e moribundo. Ali permaneceu, delirando e chamando repetidamente por um misterioso "Reynolds", até morrer, na manhã do domingo seguinte. Era 7 de outubro de 1849, e os Estados Unidos perdiam um de seus maiores escritores.O que terá acontecido a Poe naqueles últimos dias de vida ? Por onde terá perambulado ? Teria sido vítima da doença que mais temia e que lhe causava tanta aflição nos outros, a loucura? Um ataque súbito? Ou motivado pela ingestão de álcool e drogas? Sabe-se que, meses antes de sua morte, ele havia voltado a beber e andava a vagar pelos becos da Filadélfia. Foi salvo da prisão e tirado das ruas por amigos fiéis, que o ajudaram a voltar para Richmond. Essa errância, contudo, não foi característica apenas desse período, mas marcou toda a sua vida. Pode-se mesmo dizer que Edgar Allan Poe foi um errante desde o seu nascimento em Boston, a 19 de janeiro de 1809. Mais ainda: essa vida instável ele herdou de seus pais. David e Elizabeth Poe se conheceram no meio teatral, onde disputavam uma chance como atores. Casaram-se em 1806 e passaram a representar juntos, mas a carreira incerta e de pouco êxito dificultava o sustento dos filhos pequenos, William e Edgar. A situação agravou-se quando David abandonou a mulher doente e grávida da filha Rosalie, que nasceria em 1810. Elizabeth não resistiu à vida miserável que levavam e, abatida por uma doença fatal, morreu no ano seguinte.Edgar, então com dois anos, foi obrigado por um próspero negociante escocês que, embora casado, não tinha filhos. Nos primeiros anos de convivência com o sr. e a sra. John Allan - sobrenome que viria a adotar - , o menino teve um ambiente feliz e agradável. Viagens, boas escolas e carinho familiar marcaram essa convivência até aproximadamente seus quinze anos. Mas, por volta de 1824, começaram os primeiros conflitos, motivados pela constante irritabilidade do tutor. Os problemas financeiros de Allan e a saúde precária da mulher foram os pretextos para os ataques contra Edgar, sempre ressaltando a situação de caridade do menino, que nunca fora oficialmente adotado. Clima tenso e difícil para um jovem poeta que sonhava com a carreira literária.
Entre o jornalismo e a literatura
Aos dezessete anos, Edgar matriculou-se na Universidade de Virgínia, onde, em pouco tempo, ficou conhecido por suas qualidades intelectuais e seu desempenho nos esportes. Mas não só por isso: nessa época, ele também descobriu a bebida e os jogos de azar, o que rapidamente resultou numa reputação duvidosa e em dívidas bem maiores do que poderia assumir. As relações com Allan se tornaram então mais tensas, obrigando Poe a deixar a universidade e a ausentar-se de casa constantemente, numa vida instável que se complicaria ainda mais com a morte da mãe de criação, em 1829. Allan morreu seis anos depois, excluindo Edgar de seu testamento.Nada disso, contudo, parecia impedi-lo de escrever: mal completou vinte anos, publicou seu segundo livro de poemas; três anos mais tarde, ganhou o concurso de contos promovido pelo The Saturday Visitor, um jornal de Baltimore. "Manuscrito encontrado numa garrafa" foi seu primeiro êxito no mundo das letras, rendendo-lhe um cheque de cinqüenta dólares e um emprego no Southern Literary Messenger, periódico literário de Richmond. Ali trabalhou escrevendo todo tipo de texto, de poemas e resenhas de livros, de contos a notícias do mundo literário. Em 1837, quando decidiu abandonar o emprego, a circulação do jornal aumentara de setecentos para três mil e quinhentos exemplares, fazendo do Messenger o periódico mais influente do Sul. Esse desempenho notável iria repetir-se nos outros jornais onde trabalharia: tendo assumido a editoria do Graham`s Magazine da Filadélfia em 1840, em pouco mais de um ano as assinaturas saltaram de cinco mil para quarenta mil! Apesar disso, Poe fracassou nas tentativas de montar e editar um jornal próprio. Um sonho que acalentou durante toda a vida, sendo, em parte, responsável por suas inúmeras mudanças de emprego e endereço.É verdade que a saúde frágil de sua mulher também contribuiu para essa inconstância. Edgar casou-se com a prima Virgínia Clemm em 1835. A menina, então com apenas treze anos, passou a acompanhá-lo pelas andanças à procura de melhores oportunidades, até que os primeiros sinais de tuberculose se manifestaram. Daí para a frente, a saúde de Virgínia piorou na mesma proporção que as dificuldades financeiras do casal, e a freqüência das hemorragias veio a exigir constantes mudanças da cidade para o campo. Faltavam recursos de todo o tipo para que ela pudesse tratar-se. O rigor do inverno, aliado à miséria da família, levou a sra. Poe à morte em 1847, deixando o marido desconsolado.
Suspense, terror e aventura
Certos fatos da vida de Poe, assim como o seu misterioso fim, parecem estabelecer um estranho nexo com sua obra. A morte, o medo e a dor sempre foram seus temas prediletos. Seus principais personagens são solitários, sensíveis, tristonhos e até beiram a loucura. Os cenários são os mais sombrios: cemitérios, subterrâneos, torres inacessíveis e navios fantasmas. Seus contos parecem concentrar uma força irracional e maligna à qual todo ser humano está condenado, como se o terror estivesse não só nos ambientes sinistros, mas dentro de cada um de nós.Aficionado por esses temas, aos trinta anos já tinha publicado três livros de poemas, uma coletânea de vinte e cinco contos (entre eles obras-primas do terror como "A queda da Casa de Usher" e "Ligéia") e o romance de aventuras A narrativa de Arthur Gordon Pym. Foi nesse período que ele começou a se dedicar às histórias de raciocínio e dedução, escrevendo o famoso conto "Os crimes da rua Morgue"e outras narrativas policiais.
Estava fundando a moderna "novela de detetive".
Algumas dessas histórias têm como personagem principal o francês Auguste Dupin, um nobre falido e excêntrico cuja única diversão na vida é passar noites e noites elucubrando sobre assassinatos misteriosos. Graças a complicadíssimos raciocínios, ele consegue desvendar "crimes perfeitos", considerados insolúveis pelo comissário de polícia. Tudo o que era misterioso atraía Edgar Allan Poe. Solucionar mistérios era, para ele, uma obsessão. Quando trabalhava no Graham`s Magazine, costumava desafiar os leitores a lhe enviarem criptogramas ( mensagens cifradas), que, por mais difíceis que fossem, jamais ficavam sem resolução. Nessa época, ele publicou "O escaravelho de ouro", história de mistério que gira em torno de um desses enigmas. O conto rendeu-lhe um prêmio de cem dólares e uma circulação de trezentos mil exemplares.A partir daí, consolidou-se a fama de Poe como escritos de contos policiais e histórias arrepiantes. Alguns anos mais tarde, ele viria a ser reconhecido também como grande poeta: em 1845, a publicação do poema "O corvo" provocou furor no meio literário americano. Esse sucesso ecoou na Europa, encantando os franceses e merecendo especial atenção de Baudelaire. O poeta francês não poupou elogios ao americano: "Nenhum homem soube narrar com mais magia as exceções da vida humana e da própria natureza".Contudo, a fama em nada facilitou a vida de Poe. Do ponto de vista financeiro, a literatura era péssimo negócio. Direitos autorais baixíssimos e ainda calculados sobre o preço desprezível dos livros. O escritor viveu sempre em condições muito precárias; com a morte de Virginia, parece que tudo se tornou ainda mais difícil. Sofreu um colapso físico e mental, passando a recorrer mais à bebida e, com certa freqüência, ao ópio. Meses após a publicação de seu décimo e último livro, Eureka, Poe chegou mesmo a tentar suicídio, ingerindo grande quantidade de láudano.Se o envenenamento não o matou, teve conseqüências tristes, como um ataque de paralisia facial.Segue-se a esses episódios uma fase extremamente atormentada, complicada por fracassos amorosos e profissionais. Quando enfim parecia ter encontrado um pouco de paz, ao voltar para Richmond e reatar com Sarah Shelton, acontecimentos nebulosos vieram desviá-lo do caminho. O resto da história já sabemos. Aos quarenta anos, morre Edgar Allan Poe, deixando-nos dezenas de histórias fantásticas e um único mistério sem solução.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Jesus e a Natureza de Deus


De acordo com a História, um dos tópicos mais controvertidos entre os que afirmam seguir a Bíblia tem sido a natureza de Jesus e sua relação com o Pai. Nos primeiros cinco séculos após a encarnação de Cristo, os cristãos passaram pelas chamadas "controvérsias cristológicas": vários grupos defendiam visões completamente diferentes com respeito à natureza de Jesus Cristo e do ser divino. Isso talvez não nos cause nenhum espanto. Satanás desejaria mais do que nunca introduzir entre os discípulos erros no que se refere à natureza de Deus, sendo esses erros básicos e extremamente prejudiciais. Além disso, qualquer ser humano que tente compreender a natureza de Deus está lidando com um assunto muito mais profundo que ele mesmo. É natural tentar reduzir Deus às condições humanas e começar a analisá-lo de acordo com as limitações humanas.Mesmo hoje, há acirradas controvérsias entre os supostos seguidores do Senhor Jesus no que diz respeito à natureza e ao conceito da divindade. Neste artigo não pretendemos abranger todas, nem esgotar o estudo de uma delas, mas apresentar certos princípios bíblicos que nos orientarão diante das várias doutrinas acerca de Jesus.É importante começar qualquer estudo com a postura correta. Precisamos sempre estar dispostos a submeter os nossos conceitos ao significado imparcial dos textos bíblicos. Consultar a Bíblia para tentar provar o que já decidimos ser a nossa crença é perigoso e muitas vezes leva a equívocos. Se as nossas concepções nos obrigam a torcer as Escrituras para que se encaixem ao que pensamos, então devemos abandonar os nossos conceitos. Nem tudo na Bíblia nos parecerá sábio e razoável. A sabedoria de Deus não se sujeita à nossa avaliação. Por causa das nossas limitações, a sabedoria de Deus às vezes parece tola. Não é necessário que tudo tenha sentido para nós nem que tudo seja coerente, mas pela fé devemo-nos submeter ao que a Palavra de Deus claramente afirma sem rodeios (estude 1 Coríntios 1-2).Jesus é DeusVários grupos negam a absoluta divindade de Cristo. Os testemunhas de jeová, por exemplo, negam que Jesus seja Deus com d maiúsculo. Segundo eles, ele é um deus, um arcanjo muito elevado, mas não é igual a Deus Pai. Os teólogos modernos muitas vezes ensinam que Jesus era um grande homem, um mestre maravilhoso e um grande profeta , mas não Deus na verdade. A Bíblia ensina que Jesus é Deus.Há vários "porém" que devem ser ligados a essa afirmação. Quando Jesus se fez carne, passou a ser humano. Participou da nossa natureza; submeteu-se à experiência humana. Assim, experimentou a fome, a sede, o cansaço. Nas palavras de Paulo: "pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz" (Filipenses 2:6-8). É importante entendermos que, quando Jesus se fez homem, não deixou de ser Deus. Ele era Deus vivendo como homem. Mas restringiu-se a forma e a limitações muito diferentes da natureza de sua existência eterna. Ao afirmar que Jesus é Deus, então, não estamos tentando negar a realidade de Jesus ter-se tornado um ser humano verdadeiro.Afirmar que Jesus é Deus não é afirmar que ele é o Pai. O próximo subitem deste artigo discutirá exatamente essa questão.Seria válido admitir já de início neste estudo que se acha revelada nas Escrituras uma nítida diferença entre o papel do Pai e o do Filho. Uma delas é que foi o Filho que se fez carne, não o Pai. Mas, o que é mais fundamental, o Pai parece ser revelado na Palavra como o planejador e diretor, e o Filho, como o concretizador. O Filho submeteu-se à vontade do Pai. Nesse sentido, Jesus afirmou: "O Pai é maior do que eu" (João 14:28). Entendemos que, de acordo com as Escrituras, o marido deve ser o cabeça da esposa, e ela deve submeter-se ao marido. Mas isso não significa que o marido seja superior em essência; simplesmente tem um papel de autoridade. Tanto marido quanto mulher são plena e igualmente humanos. Da mesma forma, a liderança do Pai e a submissão do Filho não implicam diferença de natureza. Ambos são plena e igualmente divinos.O Testemunho das EscriturasA Bíblia deixa bem claro que Jesus é Deus. "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz" (Isaías 9:6). O menino que haveria de nascer se chamaria "Deus Forte".1Em João 1:1: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus". Aqui o Verbo é Jesus (veja João 1:14). Jesus não só estava com Deus, mas era Deus. Isso parece confuso a princípio. Mas analise este exemplo simples. Meu nome é Gary Fisher. O nome de minha esposa é Sandra Fisher. Se ela estivesse aqui comigo agora, seria possível dizer: "Sandra está com Fisher e Sandra é Fisher". No primeiro caso, Fisher refere-se a mim especificamente; no segundo, é usado como o nome da família em que (no meu caso) há quatro membros. Jesus estava com Deus (o Pai) e era ele mesmo Deus (também compartilhava da natureza de ser Deus)."Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu!" (João 20:28). Tomé dirigiu-se a Jesus dizendo: "Senhor meu e Deus meu". Tomé estava errado? Jesus não achou que estivesse, pois disse: "Porque me viste, creste? Bem-aventurados são os que não viram e creram" (João 20:29). Essa passagem é uma comprovação tão forte da divindade de Cristo, que já se inventaram inúmeras explicações para recusá-la. Por exemplo, Tomé estava apenas manifestando o seu espanto, como alguém hoje, que talvez dissesse: "Ó, meu Deus do céu". Mas isso implicaria dizer que Tomé estava usando o nome de Deus em vão. No entanto, Jesus o elogiou por isso. Outros acreditam que Tomé estava chamando Jesus seu Senhor e depois voltando-se ao Pai, dizendo "Deus meu". Mas o texto diz: "Respondeu-lhe Tomé". Tomé estava reconhecendo que Jesus era seu Deus.Examine estes textos: "Deles são os patriarcas, e também deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre" (Romanos 9:5). "Aguardando a bendita esperança e a manifestão da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus" (Tito 2:13). "Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco obtiveram fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo" (2 Pedro 1:1). Todos se referem a Jesus como Deus.Jesus afirmou ser Deus em várias ocasiões. Em João 5:17, ele disse: "Mas ele lhes disse: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também". Os judeus entenderam devidamente a afirmação de Jesus como uma indicação de que ele era igual a Deus (João 5:18). Em João 10:30, Jesus declarou: "Eu e o Pai somos um". Jesus fez a ousada declaração em João 14 de que vê-lo significava ver o Pai: "Se vós me tivésseis conhecido, conheceríeis também a meu Pai. Desde agora o conheceis e o tendes visto. Replicou-lhe Filipe: Senhor mostra-nos o Pai, e isso nos basta. Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?" (João 14:7-9). (Veja também as afirmações de Jesus em João 8:56-59, as quais serão discutidas numa seção posterior deste artigo.)Jesus aceitava ser adoradoSomente Deus deve ser adorado. Adorar a criatura é idolatria e é terminantemente proibido nas Escrituras (veja Romanos 1:25). O próprio Jesus afirmou: "Então, Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto" (Mateus 4:10) ao citar Deuteronômio 6:13 em resposta à tentação de Satanás. Em nenhum lugar das Escrituras um homem justo aceitou ser adorado. Pedro recusou-se a permitir que Cornélio se curvasse diante dele (Atos 10:25-26). Paulo e Barnabé ficaram abismados quando o povo de Listra se preparou para adorá-los como deuses. Tomaram imediatamente uma atitude: "Porém, ouvindo isto, os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgando as suas vestes, saltaram para o meio da multidão, clamando: Senhores, por que fazeis isto? Nós também somos homens como vós, sujeitos aos mesmos sentimentos, e vos anunciamos o evangelho para que destas cousas vãs vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, a terra o mar e tudo o que há neles" (Atos 14:14-15). Os anjos são seres celestes superiores aos homens, mas nem mesmo eles aceitam ser adorados (Apocalipse 19:10; 22:8-9).É bem notável, então, que Jesus tenha aceitado a adoração do homem. Quando Jesus acalmou a tempestade, "os que estavam no barco o adoraram, dizendo: Verdadeiramente és Filho de Deus!" (Mateus 14:33). Jesus não os repreendeu por louvá-lo. O cego que Jesus curou em João 9 o adorou (João 9:38). Várias vezes os discípulos adoraram a Jesus após a ressurreição, e Jesus jamais deu a entender que aquilo não era certo (Mateus 28:9,17). Jesus na realidade ensinou de modo claro: "Que todos honrem o Filho do modo por que honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai que o enviou" (João 5:23). Nenhum homem justo e nenhum anjo do céu (nem o mais exaltado) jamais pediu que os homens os honrassem da mesma forma que honram ao Pai. Se Jesus não fosse Deus, então João 5:23 seria uma das blasfêmias mais audaciosas que jamais foram proferidas por lábios humanos.Os cristãos primitivos adoravam a Jesus: "O Senhor me livrará também de toda obra maligna e me levará salvo para o seu reino celestial. A ele, glória pelos séculos dos séculos. Amém" (2 Timóteo 4:18). "Antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno" (2 Pedro 3:18). Repare na surpreendente semelhança da adoração oferecida ao Pai com a oferecida ao Filho. Falando do Pai, Pedro disse: "A ele seja o domínio, pelos séculos dos séculos. Amém." (1 Pedro 5:11). Mas, em referência ao Filho, João escreveu: "A ele a glória e o dóminio pelos séculos dos séculos. Amém" (Apocalipse 1:6). Deus ordenou que mesmo os anjos devem adorar ao Pai: "E, novamente, ao introduzir o Primogênito no mundo, diz: E todos os anjos de Deus o adorem" (Hebreus 1:6).Todas as hostes celestes adoram a Jesus do mesmo modo que adoram o Pai. Os quatro seres viventes e os 24 anciãos "E entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra" (Apocalipse 5:9-10). O texto prossegue: "Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares, proclamando em grande voz: Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor. Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. E os quatro seres viventes respondiam: Amém; também os anciãos prostararam-se e adoraram" (Apocalipse 5:11-14).Essas declarações de adoração a Jesus Cristo constituem a mais forte prova de sua divindade. As Escrituras declaram, sem hesitar, que somente Deus deve ser adorado, mas Jesus é adorado no céu pelas mais elevadas criaturas celestes. Jesus é até ligado ao Pai na mesma declaração de louvor. Paulo escreveu a verdade: "Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai" (Filipenses 2:9-11).