quinta-feira, 18 de setembro de 2008

A Suástica


Na foto podemos ver Budistas chineses a colocar recipientes de velas em forma de lótus para compor uma cruz suástica. Mas antes que pensem que os budistas chineses adoptaram as ideias de Hitler, convém esclarecer que a suástica é um símbolo de fortuna no budismo e esta cerimónia, no templo Yufo, em Xangai, serve para lembrar o nascimento de Buddha.A suástica ou cruz gamada é um símbolo místico encontrado em muitas culturas em tempos diferentes, dos índios Hopi aos Astecas, dos Celtas aos Budistas, dos Gregos aos Hindus. Alguns autores acreditam que a suástica tem um valor especial por ser encontrada em muitas culturas sem quaisquer contactos conhecidos de umas com as outras. Também podemos observá-la noutras culturas asiáticas, europeias, africanas e indígenas americanas - na maioria das vezes como elemento decorativo ou eventualmente como símbolo religioso.As primeiras formas similares à suástica estão conservadas em vasos cerâmicos datados de cerca de 4000 a.C., em antigas inscrições europeias (escrita "vinca"), e ainda como parte da escrita encontrada na região do Indo, por volta de 3000 a.C., tendo esta última sido adoptada como símbolo pelas religiões posteriores (hinduísmo, budismo). Vasos encontrados em Sintashta, datados de cerca de 2000 a.C. também foram decorados com o símbolo suástico. Símbolos semelhantes foram encontrados em objectos remanescentes das Idades do Bronze e do Ferro no norte do Cáucaso e no Azerbaijão, oriundos das culturas dos "cítios" e "sarmácios". Em todas as demais culturas, com a excepção daquelas do sul asiático, a suástica não parece apresentar alguma significação relevante, mas surge como uma forma no meio de uma série de símbolos similares em complexas variações.A própria grafia da suástica tem variado conforme a sua adopção por cada cultura. Por exemplo são conhecidos vários desenhos de suásticas que usam figuras com três linhas. A adoptada pelo regime nazi tem os braços inclinados para a esquerda e toda a figura roda de modo a um desses braços ficar no topo. Outras nem sequer têm braços e consistem mais em cruzes com linhas curvas. Os símbolos Islâmicos e Malteses parecem mais hélices do que suásticas. A chamada suástica celta dificilmente se assemelha a uma. As suásticas Budistas e Hopi parecem reflexos no espelho do símbolo Nazi. Na China é um símbolo da orientação quádrupla que segue os pontos cardeais e que desde 700 d.C. tem significado o número dez mil. No Japão, a suástica (manji) é usada para representar templos e santuários em mapas.Curiosamente foi a suástica usada como símbolo do Budismo e que significa "bons ventos", que foi utilizada por Adolf Hitler, devido à sua aparência como uma engrenagem, supostamente para simbolizar sua intenção de uma Revolução Industrial na Alemanha. embora este facto não tenha sido comprovado.Mais provável é a explicação de que o uso da suástica tenha sido associado pelos teóricos nazis à teoria da descendência cultural ariana dos alemães. Reproduzindo os passos da invasão ariana da Índia, reivindicavam os nazis que os primeiros arianos naquele país introduziram o símbolo, que foi incorporado nas tradições védicas, sendo a suástica o símbolo protótipo dos invasores brancos. Também acreditavam que o sistema de castas hindu tinha sido um meio criado para se evitar a mistura racial.O conceito de pureza racial, adoptado como central na ideologia Nazi, não utilizou nenhum dos métodos modernamente aceites como científicos. Para Alfred Rosenberg, que procurou emprestar cientificidade às ideias de Hitler, os arianos hindus eram, ao mesmo tempo, um modelo a ser copiado e uma advertência para dos perigos da "confusão" espiritual e racial que, dizia, ocorrera pela proximidade das raças distintas. Com isto, justificou a utilização da suástica como um símbolo da raça ariana. Assim, com o apoio de vários escritores apologistas da ideologia nazi, Hitler adoptou a suástica e fez acreditar que este era um símbolo exclusivamente ariano.A mensagem passou porque, mesmo considerando que o regime nazi foi deposto há mais de 60 anos, em muitos países do mundo, a utilização deste símbolo para fins que sirvam "causas (neo)nazis" é crime punível pela lei.
Luis Miguel