quarta-feira, 20 de agosto de 2008

O profissional de moda e o mercado



Tânia Neiva


Para atuar como designer de moda é preciso ter uma sólida formação profissional e muita cultura. É imprescindível ter conhecimento do contexto histórico da moda, conhecer o mercado a fundo, observar os rumos da economia e do comportamento de consumo dos consumidores nos variados nichos. O estilista não deve se concentrar somente em coletar informações superficiais sobre tendências de formas, detalhes e cores, mas também deve ser capaz de ver e identificar as mudanças sócio-econômicas que interferem no ambiente à sua volta.
Pesquisas, muita leitura e interesse nos mais variados assuntos são necessários. O trabalho intenso está muito mais presente na rotina do estilista do que os devaneios da criação, pois estes são uma pequena parcela do processo criativo. Assim como Sue Jones afirma que os criadores de moda não devem confiar na intuição. Pesquisas atentas e capacidade de ler os sinais das mudanças são o ponto de partida para qualquer criação e para realizar um bom negócio, e colocarão você na dianteira do jogo.
O trabalho de um estilista dentro de uma empresa seja esta pequena, média ou grande, não deve se limitar ao desenho de modelos novos e preenchimento de fichas técnicas. O estudante recebe muito conhecimento durante a sua formação e limitar-se só a essas atividades é subestimar a sua capacidade de realizar um trabalho mais completo de identificação do seu público-alvo, intensificação da comunicação com este e conseqüente fortalecimento e solidificação da marca no mercado.
Segundo estatísticas do SEBRAE Ceará as vendas de roupas no varejo brasileiro somaram cerca de R$ 74 bilhões em 2007, um aumento de 7% em relação ao ano anterior. Com este crescimento a indústria de confecção torna-se cada vez mais segmentada conforme o estilo de roupa ou o perfil do público. Esta segmentação exige um profundo conhecimento do público-alvo em um verdadeiro mergulho em seu universo. Apenas pesquisar tendências de moda massificadas não é mais suficiente neste novo cenário, pois os consumidores sabem muito bem o que querem comprar.
Aqueles profissionais que estão viciados em copiar os modelos dos catálogos de seus concorrentes estão com os dias contados, assim como as empresas que exigem essa prática de seus profissionais. Estas estão subaproveitando um profissional capaz de oferecer muito mais para o crescimento da empresa e os profissionais que se sujeitam a esta prática ficam mal visto em todo o mercado como limitados e medíocres.
Quem possui imaginação sem conhecimentos tem asas, mas não pés. (Joseph Joubert - ensaísta francês – 1754-1824)
Referências:Jones, Sue Jenkyn. Fashion design: manual do estilista. São Paulo:Cosac Naify, 2005.


Iniciou sua atuação como desenhista de moda em 1997।É graduada em Estilismo e Moda pela Universidade Federal do Ceará e especialista em Metodologia do Ensino de Artes (UECE). Atua na área de planejamento de criação de coleções de moda e é professora da faculdade de moda (UFC) desde 2005.

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